sábado, 3 de setembro de 2011

Bresser-Pereira elogia decisão do BC de cortar juro

Evandro Fadel

CURITIBA - O ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, que ocupou cargos federais nos governos de José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, elogiou ontem, em Curitiba, a atitude do Banco Central de baixar os juros e acentuou que é uma resposta à desaceleração da economia.

"A informação sobre o Produto Interno Bruto (PIB) confirma a tese do governo de que havia um desaquecimento e, portanto, havia espaço para começar a baixar a taxa de juros", salientou. O aumento do PIB registrado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi de 0,8% no segundo trimestre em comparação com o trimestre anterior.

O Banco Central foi muito criticado pelo mercado e diz que a instituição monetária colocou sua credibilidade e autonomia em xeque.

Para Bresser-Pereira, a baixa de juros não representa que o governo tenha desistido da meta de inflação e nem que o Banco Central tenha cedido a pressões do governo: "O Banco Central faz parte do governo e o governo faz parte da sociedade.".

"Existe uma pressão da sociedade desde 2002 para que se baixe o juro." Segundo Bresser-Pereira, o BC estaria aplicando a "tese da convergência" que ele defende há alguns anos. "Na hora em que a economia desaquecesse, tinha que aproveitar para baixar forte e chegar aos níveis internacionais", disse. "Quando a economia retomasse já estava no ponto."

O ex-ministro da Fazenda de Sarney disse que essa atitude demonstra "maturidade". No entanto, ponderou que não poderia afirmar que "vai dar certo". "A ciência econômica é uma ciência modesta, a ciência econômica é muito imprecisa e a gente não sabe", ressaltou. "A probabilidade de que dê certo é muito grande."

Segundo ele, os juros altos impedem os investimentos dos industriais, representam um gasto público brutal e atraem capitais estrangeiros. "Nós definitivamente não precisamos de capital estrangeiro", reforçou. "Das multinacionais só precisamos da tecnologia que transferem, senão não precisamos."

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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