terça-feira, 20 de setembro de 2011

"O PSD não é uma aventura", diz Kassab:: Raymundo Costa

"O papel da Justiça é ajudar", diz o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, na expectativa da decisão a ser tomada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o processo de criação do PSD. Independentemente do mérito das questões levantadas na Justiça, é certo que está em curso um processo protelatório para impedir não a criação do novo partido, o que parece ser inevitável, agora ou depois, mas impedir que a sigla seja regularizada a tempo de disputar as próximas eleições municipais, em outubro de 2012.

A chegada do PSD no cenário político deve alterar substancialmente a relação de forças congressuais, e o provável é que o governo saia mais fortalecido, ao final da reacomodação das forças partidárias. O partido de Kassab é resultado da insatisfação de grande parte do Democratas com a oposição sistemática que o partido passou a fazer ao governo Dilma Rousseff, após as eleições do ano passado. O partido, na realidade, já entrou rachado nas eleições e era inevitável que o grupo derrotado na disputa presidencial procurasse um outro caminho.

Há muito da circunstância na velocidade com que Kassab conseguiu reunir governadores, deputados e senadores em torno de seu projeto partidário: o PSD se tornou, de fato, numa janela para todos os insatisfeitos contornarem a lei de fidelidade partidária. Mas a extensão dos danos que o prefeito de São Paulo causa no DEM e também no PSDB é o que deixa alarmados os presidentes dessas siglas de oposição ao governo federal. Se o TSE liberar o registro provisório do PSD, os estragos certamente serão ainda maiores e podem se estender a outras agremiações de pequeno e médio portes.

Para Gilberto Kassab, "é lógico" que a lista de filiações ao PSD foi "infiltrada". Se as pessoas chegam na sede do partido e pedem para assinar, "você pega". A lista também não é imune a erros, sobretudo quando se está falando de 630 mil assinaturas. O que não há, segundo Kassab, é má fé ou supor que cartórios de todo o país erraram em cadeia. "Para isso tem a Justiça Eleitoral", afirma Kassab.

O prefeito registra que foi "ridícula" a reação dos adversários. Foi triste, para eles", diz. "Para nós, perderam um pouco de respeito". Kassab evita nominar, mas está falando de Geraldo Alckmin e de dirigentes do PTB e do DEM paulistas, que desencadearam verdadeira guerra de guerrilha para evitar a criação do PSD. O novo partido contabiliza 15 deputados que se entusiasmaram com o projeto PSD, chegaram a entrar mas depois saíram, inseguros com a batalha judicial em torno do partido.

O secretário-executivo da legenda em processo de criação, Saulo Queiróz, acredita que nesta quinta-feira, no máximo no início da próxima semana, o TSE libera o registro provisório do PSD. Atualmente a sigla conta com a adesão de 51 deputados federais, dois senadores e dois governadores de Estado. Hoje acaba o prazo dado para a manifestação do ministério público. "Nós conseguimos cumprir todos os requisitos que a lei exige", diz Saulo Queiróz.

A troca de chumbo grosso em São Paulo não é gratuita. Tanto há espaço para uma sigla como PSD que, na última eleição municipal, o DEM foi o mais votado na capital, onde Kassab capturou 2,1 milhões de votos (33,61%), no primeiro turno, Marta Suplicy (PT) teve 2,08 milhões (32,79%) de o tucano Geraldo Alckmin, 1,4 milhão de votos (22,48%). Em número de prefeitos, no Estado, o PSDB foi o partido mais votado, mas o DEM ficou entre os quatro maiores, em terceiro, na frente do PT, atrás do PMDB.

"Esse espaço do DEM é o espaço do PSD aqui em São Paulo", afirma Kassab. "Eu sei porque eu era presidente do DEM e fui eleito prefeito, o Afif [Guilherme Afif Domingos] foi eleito vice-governador [de Geraldo Alckmin] e o Cláudio Lembo também foi vice e assumiu o governo. Estão todos no PSD".

Kassab acredita que o país fecha o ano com quatro grandes partidos: PT, PMDB, PSDB e o PSD. os demais estarão mais ou menos nivelados como partidos médios e pequenos, todos com tendência de queda como PR, o PTB e o PP. "O surgimento do PSD foi um freio de arrumação das forças partidárias", diz o prefeito. "[Reúne] todas aquelas pessoas com dimensão política que não estavam ou não estão confortáveis nesses três grandes partidos. Então eu acho que no final desse processo vai ficar consolidado um quadro de quatro partidos. O PSD não é uma aventura".

Segundo Gilberto Kassab, PSB e o PSD vão caminhar juntos. "São complementares". O prefeito descarta qualquer possibilidade de uma futura incorporação do PSD pelo PSB. "Serão quase 100 deputados federais e uma aproximação crescente, séria, leal". Má notícia para o PMDB, que hoje comanda a segunda maior bancada da Câmara, com 79 deputados. "São dois partidos que estão se preparando, não são dois partidos pra fazer negócios", diz Kassab.

O governo da Holanda, país onde uma a cada três pessoas possui uma ou mais bicicletas, vai doar duas rotas ciclistas à cidade de Brasília, na quinta-feira, 22, Dia Mundial sem Carro. A "Rota Monumental" é um passeio pelo coração do poder - Biblioteca Nacional, Museu da República, Catedral Metropolitana, Esplanada dos Ministérios, Palácio do Planalto. Outra será a "Rota do Lazer", destinada a ciclistas "que preferem fazer um passeio relaxante e tranquilo de apreciação da natureza, tendo como destino final o Parque da Cidade", segundo a assessoria da embaixada holandesa. No dia 22 haverá também um seminário promovido pelo Ministério das Cidades, que contará com dois especialistas holandeses para falar sobre a cultura da bicicleta como meio de transporte em Amsterdã. Este (2011) é o Ano da Holanda no Brasil. Uma ONG especializada contribuiu para a confecção dos roteiros.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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