terça-feira, 27 de setembro de 2011

OIT: com crise, países do G-20 podem perder 40 milhões de empregos até 2012

TURBULÊNCIA GLOBAL: Mundo tem um total de 200 milhões de desempregados

Desde 2008, 20 milhões de vagas foram fechadas; número pode dobrar ano que vem

PARIS. As maiores economias do mundo perderam 20 milhões de postos de trabalho desde a crise financeira de 2008, segundo estudo divulgado ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). As maiores economias vão liderar um processo de "déficit maciço de empregos" até o fim de 2012 se os governos não mudarem suas políticas, diz a pesquisa, acrescentando que no planeta há 200 milhões de desempregados.

No relatório, preparado para a reunião de ministros do Trabalho do G-20 (as 20 maiores economias do planeta), ontem e hoje em Paris, as duas instituições indicam que é impossível recuperar as vagas a curto prazo e que há risco de esse número dobrar até o fim do próximo ano, o que faria com que o total de desempregados devido a postos fechados desde 2008 chegasse a 40 milhões.

"Precisamos atuar agora para reverter a desaceleração no crescimento do emprego e compensar a perda de empregos", disse o diretor da OIT, Juan Somavía, segundo o jornal britânico "The Guardian". "A criação de emprego se tornou a maior prioridade macroeconômica".

Se as taxas de crescimento de postos de trabalho se mantiverem nos níveis atuais, de 1%, "não será possível recuperar os 20 milhões de empregos perdidos nos países do G-20 desde o início da crise, em 2008". A OIT estima que o emprego deveria crescer a uma taxa anual de pelo menos 1,3% para chegar, em 2015, a uma taxa igual à que existia antes da crise, com a criação anual de 21 milhões de vagas adicionais, recuperando as perdidas desde 2008 e absorvendo o aumento da população em idade ativa. O estudo indica, no entanto, que a taxa de emprego deve crescer menos de 1% ao ano, cerca de 0,8%, até 2012, criando um buraco de 40 milhões de postos de trabalho no G-20 em 2012 e ainda maior em 2015.

"Esta é a face humana da crise", diz diretor da OIT

Ambos os organismos pediram que as potências concentrem seus esforços em criar postos de trabalho de qualidade e assegurar proteção social. "A crise de emprego está afetando de forma particularmente dura os grupos mais vulneráveis devido ao crescimento do desemprego de longa duração, à alta do desemprego entre jovens e ao aumento da informalidade", disseram em declaração conjunta os diretores da OIT, Somavía, e da OCDE, Angel Gurría. "Esta é a face humana da crise. Os governos não podem ignorá-la".

Somavía e Gurría lembraram que as soluções para o problema são distintas. Para os países com perspectivas de forte crescimento, o objetivo deve ser promover "empregos de qualidade e reduzir a informalidade". Os que têm margem fiscal devem investir em infraestrutura. Os que não dispõem de recursos extras devem se concentrar em medidas mais efetivas em termos de custos e nos mais vulneráveis.

A OCDE e a OIT destacaram também que, num mundo de 200 milhões de desempregados, a proteção social teve "papel significativo", reduzindo a pobreza e as desigualdades, além de alentar "um crescimento econômico includente e sustentável".

FONTE: O GLOBO

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