sábado, 10 de setembro de 2011

País não atinge meta de emprego, diz Lupi

Ministro diz que meta do governo para este ano não será atingida por causa da crise

Glauber Gonçalves

RIO - Em meio às incertezas sobre os efeitos da crise econômica mundial, o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, afirmou ontem que a criação de postos de trabalho formais vai ficar abaixo dos 3 milhões que o governo estava prevendo para este ano. Ele estimou que cerca de 200 mil vagas foram criadas em agosto, patamar superior ao registrado em julho, mas ainda abaixo do nível do mesmo mês do ano passado.

"Este resultado não é tão bom quanto o de 2010. Mas, no ano passado, não tínhamos este cenário de crise internacional", disse, após participar de evento cultural no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Em julho, a criação de vagas com carteira assinada já mostrava desaceleração, com 140.563 postos formais, ante 234 mil do mês anterior. Na época, Lupi atribuiu ao impacto do mercado de trabalho industrial, por causa da concorrência internacional. Mas previu que em agosto o emprego voltaria a ganhar fôlego, "com certeza absoluta".

Ontem, o ministro ressaltou que, apesar da queda que deve ocorrer em agosto, ainda considera os números bastante positivos. Segundo ele, não foi feita uma revisão oficial da estimativa do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) para este ano, mas o ministério deve divulgar uma nova projeção após fechar os dados de agosto, na semana que vem.

Um dos piores desempenhos na criação de vagas em agosto continuou sendo o da indústria. Por outro lado, construção civil, educação e comércio já começam a contratar para o fim do ano, além de outros segmentos de serviços. "O que menos está crescendo é a indústria", disse, culpando a concorrência dos importados.

Incentivos. Para enfrentar os produtos vindos de fora, ele defende incentivos fiscais, medidas mais severas contra a "competição desleal" de outros países e novas quedas na taxa básica de juros (Selic). Na semana passada, o Banco Central fez um corte de meio ponto porcentual, o que surpreendeu o mercado, mas agradou a diversos setores da indústria nacional.

"Isso vai ajudar a reaquecer a economia. É a demonstração clara de que o Brasil está apostando no mercado interno", declarou. "Tenho certeza de que (os cortes) vão continuar, de que vai ser uma sequência."

Além de enfrentar a enxurrada de importados, setores da indústria já começam a se deparar com a desaceleração do consumo. Nas últimas semanas, montadoras como Volkswagen, Fiat e GM deram férias coletivas aos trabalhadores para reduzir os estoques, que estão em níveis elevados. Lupi classificou a decisão das empresas como "saudável", pois ele as vê como uma alternativa para evitar demissões.

A expectativa do ministro é de que setembro e outubro sejam melhores do que agosto em geração de novas vagas. O aumento das contratações para atender a demanda no fim do ano, especialmente no comércio, a ampliação da produção de alimentos e a colheita no Nordeste devem puxar o resultado do próximo mês, prevê o ministro.

Insuficiente
200 mil é a estimativa para o número de vagas criadas em agosto
140.563 vagas foram criadas em julho

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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