sábado, 3 de setembro de 2011

Partidos surgidos de dissidências nunca superam a votação da legenda original

Mauricio Puls

Partidos criados a partir de dissidências de outras legendas -caso do atual PSD- nunca conseguiram eleger inicialmente uma bancada maior que a da antiga agremiação antes do racha.

Na grande maioria dos casos, mesmo a soma dos deputados federais eleitos pelos dois partidos oriundos da cisão é menor que a bancada da legenda antes da divisão.

Isso ocorre porque, numa cisão, o partido original sempre perde algumas lideranças importantes, que puxavam votos, enquanto a nova sigla só consegue se organizar nas cidades grandes e médias, o que reduz muito a sua votação no interior.

Em 1988, quando surgiu, o PSDB só lançou candidatos a prefeito em 89 cidades do país. Criado em 1980, em 2002 o PT ainda não tinha diretórios em 2.518 municípios.

A dissidência mais bem sucedida até hoje foi o DEM, que nasceu em 1985 de um racha do antigo PDS (Partido Democrático Social) e agora perdeu boa parte de seus líderes para o novo PSD (Partido Social Democrático).

Chamado inicialmente de PFL(Partido da Frente Liberal), reuniu a princípio 100 deputados federais e 15 senadores que apoiaram Tancredo Neves (PMDB) à Presidência. Integrado ao governo de José Sarney, o partido cresceu e em 1986 já tinha 118 deputados e 18 senadores.

Na eleição de 1986, perdeu quatro cadeiras no Senado, mas manteve os 118 deputados. Isso representava 24,2% da Câmara -bem mais que os 6,8% que o PDS teve nessa eleição, mas bem menos que os 49,1% que o mesmo PDS alcançou na eleição de 1982.

Quatro anos depois, o PMDB sofreria um declínio ainda mais acentuado depois do racha que criou o PSDB, em 1988. A bancada peemedebista na Câmara caiu de 53,3%, em 1986, para 21,5%, em 1990. Mas o resultado do PSDB foi pior: apenas 7,6%.

Na Câmara, o PSDB chegou a ter 60 deputados federais em 1990, mas caiu para apenas 38 após a eleição. No Senado, sua bancada diminuiu de 13 para 9 cadeiras.

Por vezes a divisão implica a perda de Estados inteiros. Em 1947, o senador Vitorino Freire (MA), que havia deixado o antigo PSD, criou o PST -pelo qual concorreu a vice-presidente em 1950.

O PSD, que em 1945 tinha conseguido eleger seis deputados federais no Maranhão, em 1950 teve sua bancada reduzida a zero, enquanto o PST fez cinco deputados.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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