quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Protesto pede que corrupção vire crime hediondo

Artistas, bombeiros e alguns políticos se juntaram à manifestação na Cinelândia, convocada pelas redes sociais

Cássio Bruno e Juliana Castro

Com palavras de ordem como "não basta demissão, tem que ter prisão" - numa referência às recentes demissões no governo Dilma Rousseff -, pelo menos 2,5 mil pessoas participaram ontem, segundo a Polícia Militar, do ato "Todos Juntos Contra a Corrupção", na Cinelãndia, no Rio. Os organizadores, no entanto, contabilizaram cerca de cinco mil manifestantes, embora a expectativa fossede que 30 mil comparecessem ao evento, divulgado nas redes sociais na internet. No feriado de Sete de Setembro, a marcha levou 25 mil às ruas de Brasília.

O ato começou por volta das 18h, em frente à Câmara dos Vereadores. Havia faixas pedindo o fim da corrupção e do nepotismo. Muitas pessoas que saíam do trabalho no Centro pararam para apoiar a causa. Os discursos ocorreram em cima de um carro de som, onde foi lido um manifesto. Entre as reinvidicações, estavam o fim do voto secreto no Congresso e do foro privilegiado para parlamentares. Artistas como Roberto Frejat, Fernanda Abreu e Tico Santa Cruz deram depoimentos indignados pedindo o fim da impunidade e foram aplaudidos.

- Não vim aqui para fazer discurso. Quero mostrar apenas a minha indgnação. Todo dia eu abro o jornal e leio essa sujeira toda. Não vamos engolir isso. Não podemos ser inertes - afirmou Frejat.

Luiz Carlos Lima, do Movimento 31 de Julho, cobrou maior participação dos jovens em atos como o de ontem. A União Nacional dos Estudantes (UNE) não apoiou oficialmente a manifestação.

- Garotada, cadê vocês? Vocês são a maior riqueza deste país. É preciso ter orgulho de ser jovem e não cruzar os braços - cobrou Lima.

Durante o protesto, foram recolhidas assinaturas para que o PL 204/11, em tramitação, seja votado com urgência pelo Congresso. O projeto de lei torna a corrupção crime hediondo.

- Acho fundamental essa manifestação convocada nas redes sociais. Os políticos ficam em Brasília naquele clima corporativista e vão ver que existe uma mobilização. O país vem crescendo, e o que se vê é o dinheiro do povo indo por água abaixo -- disse Fernanda Abreu.

Um dos manifestantes era André Luiz dos Santos, de 50 anos. De braços abertos diante de uma cruz posicionada bem em frente à Câmara, André veio de Monte Nova, em Minas Gerais, especialmente para protestar. Em 2010, ele fez uma greve de fome por três dias no Supremo Tribunal Federal por conta da aprovação da Lei da Ficha Limpa.

- Onde está a união do povo brasileiro? Basta de corrupção - disse o manifestante.

Sob alegação de que estavam no ato como cidadãos, políticos como o deputado Marcelo Freixo (PSOL), pré-candidato à Prefeitura do Rio nas eleições de 2012, e o ex-deputado federal Fernando Gabeira (PV), ficaram no meio do público. Aliado do deputado federal e ex-governador Anthony Garotinho (PR), o candidato derrotado ao governo do Rio em 2010, Fernando Peregrino, também compareceu à manifestação.

Embora o ato contra a corrupção fosse apartidário, partidos políticos, entre eles o PSTU e o PSOL, além de sindicatos, aproveitaram a ocasição para distribuir folhetos institucionais. Os bombeiros do Rio se juntaram ao protesto e criticaram o governador Sérgio Cabral (PMDB). Segundo a PM, o policiamento foi reforçado com o Batalhão de Choque, mas não houve registro de confusão no local.

A manifestação foi encerrada às 19h50m ao som do Hino Nacional. A próxima está marcado para 12 de outubro, em Copacabana, no mesmo dia em que serão realizadas marchas contra corrupção em Brasília e São Paulo.

- Foi perfeito, uma receptividade linda. Tudo feito na paz. Valeu o alerta contra esses políticos corruptos - disse Cristine Maza, uma das organizadoras do evento no Facebook.

FONTE: O GLOBO

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