quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Severinos:: Eliane Cantanhêde

Pedro Novais, quinta baixa do governo Dilma em nove meses, é um novo Severino Cavalcanti. Não tinha qualificações mínimas para assumir o Turismo às vésperas da Copa e da Olimpíada, assim como Severino jamais poderia ter sido presidente da Câmara. Ambos assumiram sem assumir e caíram como ladrões de galinha.

Enquanto PF, Ministério Público e imprensa remexem desvios de milhões e até bilhões de reais nos Transportes, na Agricultura, no próprio Turismo, Novais cai por usar a Câmara para pagar a empregada e o motorista da mulher, como divulgou a Folha.
Assim como Severino caiu por receber "mensalinho" de restaurante do Congresso. São crimes compatíveis com a mediocridade dos criminosos.

Como os jabutis, porém, Novais e Severino não sobem em árvore. A maior culpa é dos que os colocaram onde colocaram, sabendo perfeitamente o que estavam fazendo.

Há, porém, uma diferença. Severino foi eleito pela maioria dos colegas deputados num momento lamentável do Congresso, mas Novais chegou aonde chegou por um processo bem mais tortuoso.

O correligionário e conterrâneo José Sarney indicou (embora negue), o PMDB bancou e a presidente Dilma Rousseff assinou a nomeação de próprio punho, apesar da revelação, constrangedora sob vários aspectos, de que ele pagara festinha em motel com verba da Câmara. Só podia dar no que deu.

Novais e Severino não veem nada de errado no que faziam e se sentem perseguidos pela imprensa. É o mesmo sentimento de Sarney, que acha absolutamente normal nomear a parentada e os afilhados para cargos públicos, usar helicóptero da segurança do Estado governado pela filha para passeios à sua ilha particular e deixar um paciente com trauma encefálico esperando.

Dilma ceder ao PMDB e a Sarney para fazer o sucessor é armar a sexta queda. Que não venha se vangloriar de faxina depois.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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