Ex-policial foragido de presídio da PM receberia R$ 400 mil para matar deputado que presidiu CPI das Milícias
Sérgio Ramalho
RIO - Ex-cabo da Polícia Militar que fugiu do Batalhão Especial Prisional (BEP), em setembro passado, estaria articulando um plano para executar o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Ligado a um grupo paramilitar de Campo Grande, na Zona Oeste, Carlos Ary Ribeiro, o Carlão, receberia R$ 400 mil para matar o parlamentar, que presidiu a CPI das Milícias. De acordo com documento reservado da Coordenadoria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, o ex-PM já teria feito levantamento da rotina do político, inclusive dos horários em que ele dispensa a segurança da Assembleia Legislativa do Rio.
Procurado pelo GLOBO, Marcelo Freixo confirmou ter sido informado sobre a existência do plano pelo presidente da Alerj, deputado Paulo Melo (PMDB), que aumentou o aparato de segurança do parlamentar:
- Após a morte da juíza Patrícia Acioli as ameaças feitas a mim triplicaram. Isso pode ser um sinal de que o crime organizado no Rio pretende avançar nas suas fronteiras, não aceito que esse problema seja exclusivamente meu. As milícias continuam com seus negócios e territórios em expansão, somente as prisões não vão deter esses grupos. É preciso retirar deles as fontes de lucro. Convivo com o medo, a vontade de viver e de continuar fazendo o que acredito - afirma Marcelo Freixo.
" As milícias continuam com seus negócios e territórios em expansão, somente as prisões não vão deter esses grupos. É preciso retirar deles as fontes de lucro. Convivo com o medo, a vontade de viver e de continuar fazendo o que acredito "
Fuga pelo buraco do ar-condicionado
Carlão é ligado a grupos paramilitares de Campo Grande, agora, chefiados pelo ex-PM Tony Ângelo de Aguiar. Segundo investigações da Coordenadoria de Inteligência, Tony seria o financiador do suposto plano de atentado ao parlamentar.
Carlão fugiu do BEP menos de 24 horas após a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança desencadearem uma operação contra a milícia da Zona Oeste . Na ocasião, 19 pessoas foram presas. O nome de Carlão figurava entre os que tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça. No caso do ex-PM, a determinação era para que fosse transferido do BEP para Bangu 8. Carlão, entretanto, fugiu da unidade prisional da PM antes de a mudança ser concretizada.
RELEMBRE: Mesmo presos, chefes de milícias comandam quadrilhas na Zona Oeste do Rio, no estilo do tráfico
Na ocasião, o então corregedor da PM, Ronaldo Menezes, disse que o ex-cabo escapou de sua cela pelo buraco do ar-condicionado, mas não explicou como o aparelho foi recolocado no local. A versão acabou questionada por promotores da Auditoria de Justiça Militar. No BEP, o ex-PM tinha transformado sua cela em suíte, com direito a cama de casal, ar-condicionado, TV, videogame e frigobar. Quatro meses antes da fuga, policiais da corregedoria e promotores encontraram um celular e um notebook na cela do ex-PM.
Suspeita de favorecimento dentro de unidade prisional
Um levantamento da Promotoria da Auditoria Militar revela que as fugas de quatro ex-PMs - entre eles, Carlão -- presos no BEP aconteceram às vésperas de transferências deles para presídios comuns. Para a promotora Isabella Pena Lucas, isso evidencia a prática de favorecimento na unidade:
- Não estou falando de um caso isolado, mas de quatro fugas que aconteceram quando esses ex-PMs seriam transferidos para o sistema prisional - ressaltou Isabella.
Comissão indiciou 225 pessoas
A CPI das Milícias, presidida por Marcelo Freixo, indiciou 225 pessoas, entre elas políticos, policiais civis e militares, além de bombeiros. O trabalho da comissão trouxe à tona o domínio territorial de vários desses grupos paramilitares. Principalmente em Campo Grande, onde os irmãos Natalino e Jerônimo Guimarães, respectivamente, ex-deputado estadual e ex-vereador, chefiavam a maior milícia da região. As investigações da comissão, associadas a inquéritos da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), resultaram nas prisões dos políticos e de vários integrantes da milícia.
Apesar de enfraquecido, o grupo paramilitar de Campo Grande continua atuando. O ex-PM Tony Ângelo de Aguiar estaria por trás do crime que era planejado contra o parlamentar, atendendo a ordens de Natalino, Jerominho e Ricardo da Cruz Teixeira, o Batman. Todos condenados e presos em penitenciárias federais fora do estado.
FONTE: O GLOBO
Companheir@s,
ResponderExcluirComo dizem meus alunos "a chapa está quente Professor"...A "máfia" não teve seu "tiro mortal" pois ainda há os fatores socioeconômicos que lhe deram a origem.
Por isso, a candidatura de Marcelo Freixo está além dos limites "sectários" do PSOL. A aproximação dos "marineiros" e dos "voluntários de Gabeira", a filiação de Carlos Lessa (nacional-desenvolvimentista ao estilo Revolução Democrática Burguesa) e Vereador Paulo Pinheiro (setor da saúde - tradicionalmente sob controle do PT e PCdoB mas angustiados pelo apoio desses partidos ao Sergio Cabral Filho - vide o caso da OSS que o PPS/Bancada de Deputados apoia sem DEBATER internamente), artistas Wagner Moura e outros...Um exemplo, que não podemos fazer o movimento de "sectarismo invertido". Devemos levar nossa visão de oposição e ver onde há pontos comuns.
Vagner Gomes - PPS/Campo Grande (RJ)