sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Entidade ligada a assessor de ministro recebeu R$ 9,4 milhões

O Ministério do Esporte repassou R$ 9,4 milhões a ONG mineira cujos dirigentes são ligados ao secretário de Esporte Educacional, Wadson Ribeiro, do PC do B. Em São Paulo, outra ONG envolvida com o partido subcontratou uma empresa criada pelo hoje chefe de gabinete de Ribeiro. O ministério e as entidades negam ilegalidade. (Págs. 1 e Poder A10) Dilma determinou uma auditoria informal no Esporte.

Esporte deu R$ 9,4 mi a ONG ligada a assessor de ministro

Entidade pertence a ex-cabos eleitorais de integrante da cúpula do ministério

Empresa do atual chefe de gabinete de Wadson Ribeiro também recebeu verba; ministério nega ter favorecido partido

Maria Clara Cabral, Dimmi Amora, Filipe Coutinho, Andreza Matais e Breno Costa

BRASÍLIA - O Ministério do Esporte repassou nos últimos anos R$ 9,4 milhões a uma organização não governamental dirigida por dois ex-cabos eleitorais de um integrante da cúpula da pasta, o secretário de Esporte Educacional, Wadson Ribeiro.

Ribeiro é assessor direto do ministro Orlando Silva, que nesta semana foi acusado por um policial militar do Distrito Federal de desviar recursos do ministério para os cofres do seu partido político, o PC do B.

A entidade ligada a Ribeiro, o Instituto Cidade, recebeu o dinheiro do ministério para distribuir material esportivo a jovens carentes e executar outras atividades em Juiz de Fora (MG).

A ONG é dirigida por dois militantes do PC do B, José Augusto da Silva e Jefferson Monteiro, que trabalharam para Ribeiro na campanha eleitoral do ano passado, quando ele concorreu a uma vaga de deputado federal e não conseguiu se eleger.

Ribeiro prestigiou eventos públicos organizados pela entidade e autorizou pessoalmente os convênios firmados com ela entre 2007 e 2010, período em que ocupou o cargo de secretário-executivo do ministério. Ele planeja se lançar candidato à Prefeitura de Juiz de Fora no próximo ano.

A ONG existe desde 2003, começou a receber verbas do Ministério do Esporte em 2006 e firmou seis convênios com o governo desde então, entre eles quatro do programa Segundo Tempo, que repassa recursos públicos para desenvolver atividades esportivas em áreas carentes.

Os responsáveis pelo Instituto Cidade afirmam que todas as atividades previstas em seus convênios com o governo foram executadas. O ministério nega que o objetivo dos convênios seja favorecer militantes partidários.

GRAVAÇÕES

A crise no Ministério do Esporte teve início no fim de semana, quando a revista "Veja" publicou uma entrevista com o acusador do ministro Orlando Silva, o policial militar João Dias Ferreira.

Segundo Ferreira, durante uma reunião realizada em 2008 na sede do ministério, o secretário Wadson Ribeiro e outros assessores de Orlando tentaram impedi-lo de ir a público denunciar irregularidades no ministério.

O policial promete apresentar em breve gravações que teria feito na reunião. O ministério confirma que o encontro ocorreu, mas diz que Ribeiro não participou da conversa e nega que seu objetivo tenha sido o apontado pelo policial.

Uma empresa ligada a Ribeiro também recebeu dinheiro do Esporte recentemente, a Contra Regras, que funciona em São Paulo e foi criada pelo atual chefe de gabinete do secretário no ministério, Antônio Máximo.

A Contra Regras recebeu R$ 83 mil de outra ONG contratada pelo ministério, a Via BR, que conseguiu R$ 772 mil para organizar eventos. O fundador da Via BR é sócio de Máximo na Contra Regras.

A ONG funcionou até maio numa casa de São Paulo que também foi sede da produtora da atriz Ana Petta, mulher do ministro Orlando Silva.

Em 2009, a mesma entidade que contratou a Contra Regras foi autorizada pelo Ministério do Esporte a captar R$ 2 milhões em patrocínios de empresas privadas para um evento esportivo em Campinas, o berço político do ministro Orlando.

O evento, batizado de Virada Esportiva, foi idealizado pelo cunhado de Orlando, o secretário municipal do Esporte, Gustavo Petta. A Via BR conseguiu captar R$ 500 mil para financiar a iniciativa.

Um dos dirigentes da entidade, Adecir Fonseca, trabalha no gabinete do secretário Petta em Campinas.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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