quarta-feira, 5 de outubro de 2011

FMI não descarta possibilidade de recessão na zona euro

Segundo relatório do Fundo, os efeitos da crise da dívida soberana na zona do euro estão se espalhando para países importantes

Álvaro Campos

BRUXELAS - Os efeitos da crise da dívida soberana na zona do euro estão se espalhando para países importantes, bancos e investidores, e outra recessão econômica não pode ser descartada, disse hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI) em um relatório.

O FMI prevê que a Europa crescerá 2,3% em 2011 e 1,8% em 2012. A inflação deve ficar em 4,2% neste ano e 3,1% no ano que vem, o que justificaria uma política monetária mais acomodatícia. Além disso, a União Europeia deve facilitar uma presença sólida do Banco Central Europeu (BCE) nos mercados, disse o Fundo.

Mas Antonio Borges, diretor do departamento europeu no FMI, disse que a maioria dos países do continente não está em condições de implementar medidas para estimular a economia. "É claro que eles precisam manter uma disciplina muito forte no campo fiscal", comentou. A Grécia, em especial, precisa acelerar a implementação de reformas econômicas, como a privatização de entidades estatais.

Ele destacou que os bancos europeus estão sob forte risco, e repetiu que a posição do FMI é que todos os grandes bancos regionais deveriam ser recapitalizados. Se essa recapitalização não puder ser feita pelo setor privado, os governos devem ajudar, diz Borges.

Mas o diretor afirma que essas decisões precisam abranger toda a Europa. Ele propôs a criação de um fundo de seguros de depósitos. "Tudo isso é viável", disse, mas afirmou que pode ser difícil colocar essas ações em prática em função de obstáculos políticos.

Grécia

Borges afirmou que o tamanho do segundo pacote de resgate para a Grécia, de 109 bilhões de euros, terá de ser revisado. Ele disse que o número está "obsoleto". "Todos os números foram extremamente experimentais", comentou.

Borges acrescentou ainda que o próximo programa terá de enfatizar a geração de crescimento econômico, em vez de se focar somente nas contas públicas da Grécia. O diretor também disse que não há pressa nas negociações entre a troica de inspetores internacionais e o governo grego para a liberação da próxima parcela do primeiro pacote internacional de resgate. "A mensagem essencial é que nós não estamos com pressa", comentou, acrescentando que está confiante que as conversas atingirão um "resultado positivo".

Segundo Borges, uma vez que a ampliação da Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês) for aprovada pelos Parlamentos dos 17 membros da zona do euro, o FMI poderá atuar juntamente com as operações desse mecanismo no mercado secundário. Para isso, o Fundo teria de criar um veículo de propósito específico para intervir nos mercados primário e secundário.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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