sábado, 8 de outubro de 2011

O arrastão do PSD

DANÇA DAS CADEIRAS

HENRIQUE MEIRELLES: filiação ao PSD faz dele possível candidato à prefeitura de SP

Adriana Vasconcelos

Além de obter uma robusta bancada na Câmara, que poderá chegar a 55 deputados e desbancar o PSDB (53) do terceiro lugar, o PSD se empenhou nos últimos dias em ampliar sua estrutura partidária para o máximo de municípios, com o objetivo de assegurar sua sobrevivência, ainda que eventualmente seja aberta, antes de 2014, uma "janela de infidelidade" dando início a novo troca-troca partidário.

Ainda sem o balanço final das filiações, o secretário-geral do PSD, o ex-deputado Saulo Queiroz, estimou que o número de prefeitos filiados ao partido chegará a 600, e o de vereadores poderia ultrapassar seis mil. No próximo ano, a expectativa é que o PSD lance 12 mil candidatos a vereador e entre 1.300 e 1.400 candidatos a prefeito.

Prefeitos e vereadores são a base dos partidos, e sem uma estrutura consolidada em todo o país as legendas têm dificuldade de sobreviver. Adversários do PSD apostam na fragilidade da base da nova legenda para esvaziá-lo se houver uma nova "janela de infidelidade". Alegam que, diante de nova oportunidade de troca de legenda, muitos dos que hoje estão se filiando ao PSD vão procurar partidos mais bem estruturados. A mudança para um partido novo não implica infidelidade partidária.

DEM perdeu muitos nomes para o PSD

Ontem, na reta final do prazo de filiações para os que vão disputar as eleições no ano que vem, a procura pelo PSD ficou bem acima das expectativas iniciais. A coroação desse processo foi a adesão do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles ao novo partido, acompanhada de sua decisão de transferir seu domicílio eleitoral de Goiás, seu estado natal, para São Paulo, onde mora.

- Chegamos ao prazo final das filiações com uma musculatura muito maior do que esperávamos. A correria para vir para o partido, nesta reta final, foi muito grande. E, no último dia, ainda garantimos a filiação de um craque: Meirelles, que já desponta como um candidato fortíssimo à prefeitura de São Paulo e que pode nos ajudar a ampliar ainda mais nossa bancada na Câmara - comemorou Saulo Queiroz.

O PSD cresceu muito em cima justamente do DEM, que minguou no Congresso e também nos estados. O novo partido está mais forte em Santa Catarina e Amazonas, onde conquistou os dois governadores. Em Santa Catarina, por exemplo, todos os prefeitos do DEM, sem exceção, seguiram os passos do governador Raimundo Colombo e do ex-deputado Paulo Bornhausen, e migraram para o PSD. A legenda previa fechar o dia, ontem, com pelo menos 80 prefeitos e cerca de 500 vereadores em SC. No Amazonas, dos 70 prefeitos, a expectativa era que pelo menos 30 se filiariam ao partido.

Embora o DEM tenha sido uma das legendas mais afetadas, o presidente do partido, senador José Agripino (RN), minimizou as perdas do partido, que passou a ter 27 deputados federais (perdeu 17) e só não diminuiu mais no Senado (cinco senadores) graças à posse do suplente do senador João Alberto (PMDB-MA), que se licenciou do mandato e deve disputar as eleições municipais do próximo ano.

- Ainda não fechamos a contabilidade sobre as perdas nos municípios. Mas nossa preocupação não é com o número de prefeitos com que ficamos, mas com os que serão eleitos no próximo ano - disse Agripino.

Em Chapecó, o presidente da República em exercício, Michel Temer, minimizou as perdas do PMDB:

- A democracia permite a formação de novos partidos políticos.

Em São Paulo, nos últimos dez dias, o número de prefeitos filiados ao PSD subiu de quatro para 40. No Rio, a expectativa maior do PSD é em relação às bancadas federal e estadual, já que o DEM já vinha mal das pernas, o que acabou limitando em oito o número de prefeitos filiados ao PSD no estado.

Mesmo assim, o presidente estadual do partido, o ex-deputado Indio da Costa, anunciou que a legenda estará presente nos 92 municípios do Rio nas eleições municipais, seja apoiando aliados ou sendo apoiado. Por enquanto, a estimativa é que sejam lançados pelo menos 14 candidatos próprios a prefeito no estado do Rio.

- O número de adesões nos surpreendeu. Hoje podemos dizer que o PSD nasceu em todos os municípios do Rio, ao contrário do DEM, que, mesmo tendo sido oriundo do PFL, até hoje não atingiu esta meta e está presente apenas em 50 municípios - disse Indio.

O fim do prazo para as filiações de candidatos às eleições municipais levou ontem pelo menos dois deputados tucanos a se filiar ao PSD: Manuel Salviano, que será candidato a prefeito de Juazeiro do Norte (CE); e Hélio dos Santos (MA), que tentará ser prefeito de Açailândia (MA).

No dia 28, termina o prazo de 30 dias, após a criação do novo partido, dado pela Justiça Eleitoral para as trocas sem risco de perda do mandato por infidelidade partidária.

Colaborou: Edu Vial, especial para O GLOBO, de Chapecó (SC)

FONTE: O GLOBO

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