quinta-feira, 20 de outubro de 2011

PM diz que entregará gravação à PF que será 'um nocaute'

Demétrio Weber

BRASÍLIA - Após quase oito horas de depoimento à Polícia Federal, o soldado da Polícia Militar João Dias Ferreira disse no início da madrugada desta quinta-feira que entregará à PF, na próxima segunda-feira, o áudio de uma conversa que comprovará o esquema de corrupção no Ministério do Esporte denunciado por ele à revista Veja, na semana passada. Segundo Ferreira, que reafirmou as acusações contra o ministro Orlando Silva, essa gravação será um "nocaute".

"Essa vai ser nocaute"

Ferreira afirmou que não fez nem fará acordo de delação premiada. E disse que pediu proteção à PF. Ferreira disse que compareceu espontaneamente à PF e que retomará o depoimento na segunda. Nesta quinta-feira ele irá à Procuradoria-Geral da República.

- Não tem acordo de delação. Nem agora, nem nunca - declarou.

Ferreira disse não ter apresentado à PF nenhuma gravação nesta quarta-feira, mas apenas transcrições de conversas envolvendo a cúpula do Ministério do Esporte, acerca de desvios no programa Segundo Tempo, além de documentos que comprovariam fraudes. Ele não esclareceu se o ministro Orlando aparece ou é mencionado nas transcrições. Ferreira disse ainda que o áudio que entregará na segunda-feira está em São Paulo, motivo pelo qual não pode ser levado nesta quarta-feira à PF. O soldado não explicou por que a gravação está em São Paulo.

Ele afirmou que listou cerca de 15 nomes de servidores e ex-servidores do ministério e donos de ONGs conveniadas ao Segundo Tempo, para que sejam ouvidos pela PF, na condição de testemunhas. Ele teria citado também três empresas que prestavam serviços às ONGs. Segundo Ferreira, o depoimento dessas pessoas comprovará os desvios. O soldado chegou a dizer que haveria políticos nessa lista, mas depois voltou atrás.

Ele negou irregularidades nas entidades que dirige e que foram alvo de operação da Polícia Civil do DF, no ano passado, quando Ferreira chegou a ser preso. O soldado mostrou áudio de um dirigente de empresa que teria negociado delação premiada e alega estar sofrendo pressão de um promotor para denunciar irregularidades.

Ferreira aproveitou para rebater crítica do líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que o acusou de ser desqualificado. Segundo Ferreira, quem não é qualificado é o grupo do deputado.

Indagado se haveria envolvimento do governador do DF, Agnelo Queiroz, que foi ministro do Esporte de 2003 a 2006, Ferreira disse não ter conhecimento disso.

- Se tivesse, eu já teria (me) pronunciado.

Depois, porém, o soldado afirmou que não descarta a participação de ninguém que tenha ocupado cargos de direção no Ministério do Esporte nos últimos oito anos:

- Nem dele (Agnelo) nem de qualquer pessoa que passou pelo ministério nos últimos oito anos.

Ferreira anunciou que denunciará irregularidades supostamente cometidas pelo deputado federal Paulo Tadeu (PT-DF), mas não adiantou o teor das acusações.

FONTE: O GLOBO

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