Nova legenda de Kassab consegue angariar mais prefeitos nos estados comandados por aliados no governo estadual
Denise Rothenburg
Um levantamento preliminar sobre os prefeitos recentemente filiados ao PSD mostra que o partido cresceu mais onde teve um empurrãozinho do governo estadual. Na Bahia, por exemplo, o vice-governador, Otto Alencar — um dos primeiros a assinar o manifesto de criação do partido —, teve uma colheita das mais proveitosas. O PMDB, por exemplo, calcula que ficará com apenas 60 dos 117 prefeitos que detinha antes do arrastão promovido por Alencar. "Perdemos muita gente para o PSD. O vice-governador oferecia o que fosse preciso para que os prefeitos trocassem de partido. O PSD já nasceu usando a máquina", reclama o ex-deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).
Ao dizer que o PSD nasce como "partido de aluguel" dos governadores em quase todos os estados, Geddel torna público o que muitos políticos de outras legendas avaliam nos bastidores. O próprio secretário-geral do PSD não nega que houve um crescimento maior onde o PSD é aliado dos comandantes estaduais: "Não somos de aluguel, mas temos uma boa convivência com os governadores. Geddel nos fez um favor ao brigar com o governador Jaques Wagner (PT). O máximo que íamos conseguir na Bahia era dividir o DEM. No momento em que Geddel brigou com Wagner, os insatisfeitos vieram para nós. Isso é da política", comenta Saulo Queiroz, secretário-geral do PSD.
Ter o governador ou vice ajudou o PSD em estados como Santa Catarina, Amazonas, Mato Grosso. O quadro final de todo o país só estará pronto na próxima sexta-feira, quando deve sair a listagem final de cada partido. Mas em alguns estados já é possível fazer essa relação. Em Santa Catarina, por exemplo, o governador Raimundo Colombo, um dos primeiros a embarcar no PSD, angariou 70 dos 293 prefeitos catarinenses. No Amazonas, até a sexta-feira comentava-se que 16 prefeitos já haviam seguindo o govenador Omar Aziz, que migrou do PMN para o PSD. O estrago não foi maior porque, ali, ainda prevalece a liderança do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), ex-governador e padrinho da candidatura de Aziz ao governo.
Em Mato Grosso, o vice-governador, Chico Daltro, levou seis deputados estaduais e 16 dos 62 prefeitos. Em Pernambuco, o governador Eduardo Campos, do PSB, embora seja apresentado nacionalmente como um dos maiores aliados do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, tratou de tentar calibrar o poder de fogo da nova sigla no plano estadual. O PSD lá obteve apenas 19 dos 184 prefeitos. Ou seja, não houve um arrastão nos partidos aliados ao governador. Ainda assim, o PSD considera positiva a sua atuação por lá.
Performance
A contabilidade inicial dos pessedistas mostra que eles só não tiveram sucesso — ou pelo menos acham que poderia a performance poderia ter sido melhor — no Rio Grande do Sul, no Acre e em São Paulo. Coincidência ou não, nos três eles não obtiveram a ajuda nem a neutralidade do governo estadual na busca de filiados com vista à eleição municipal do ano que vem. No caso do Rio Grande do Sul, o governador Tarso Genro, do PT, e quase todos os seus aliados apostaram contra o partido de Kassab. Nem no DEM, a colheita foi das melhores.
Um dos poucos gaúchos que se mostrou disposto a mergulhar no projeto de Gilberto Kassab é o deputado Danrlei de Deus, do PTB, que cumpre seu primeiro mandato na Câmara e chega ao PSD como presidente estadual. Talvez por isso, entre os 496 municípios gaúchos, ele só conseguiu levar dois prefeitos para o novo partido. No Acre, Sérgio Petecão, que também não contou com o apoio do governo de Binho Marques, do PT, nem mesmo sua neutralidade, não obteve sucesso na conquista de prefeitos. O levantamento preliminar apontada apenas a prefeita de Tarauacá, Marilete Vitorino, como integrante do PSD e candidata à reeleição.
Em São Paulo, onde o prefeito Gilberto Kassab comandou pessoalmente as filiações do PSD ao lado do vice-governador, Guilherme Afif Domingos, o saldo também foi inferior ao que o partido esperava. A aposta ontem era a de que até a sexta-feira apenas 40 prefeitos de um total de 645 tinham trocado suas legendas pelo PSD, segundo o levantamento preliminar. O número, se confirmado, não é nada desprezível, considerando a força dos tucanos no estado e o trabalho de Geraldo Alckmin para evitar um crescimento do novo partido. Alckmin sabe que entre os projetos de Kassab está conquistar o governo do estado em 2014. E, nos bastidores, há quem diga que o PSDB não pretende ajudar o PSD a concretizar esse plano.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
E no Rio de Janeiro
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