sábado, 5 de novembro de 2011

Agnelo, do DF, exonera mais 17 delegados

Acusado de desvio de verbas para ONGs ligadas ao PCdoB quando era ministro do Esporte, o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), exonerou ontem mais 17 delegados. Em dois dias, foram afastados 67.

No DF, Agnelo exonera mais 17 delegados

Desde o vazamento da conversa do governador com João Dias, 67 policiais civis já perderam seus cargos

Roberto Maltchik

BRASÍLIA. Ao exonerar 67 delegados de funções de confiança nos últimos dois dias, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), pretende se livrar do que chama de polícia partidária e impedir que a Polícia Civil seja uma trincheira de enfraquecimento contra sua gestão. Ontem, o Diário Oficial publicou mais 17 exonerações, que se somaram às 50 de quinta-feira, junto com a nomeação de 30 delegados para chefias e diretorias da corporação.

Alguns nomeados compunham a equipe antiga, mas foram remanejados para funções diferentes. Outras 25 nomeações devem ser publicadas no Diário Oficial de segunda-feira.

Agnelo e o novo diretor da Polícia Civil do DF, Onofre José de Morais, negaram que as exonerações tenham relação com a revelação de trechos de conversas gravadas pela Polícia Civil, em 2010, entre o governador e o PM João Dias Ferreira, acusado de desviar dinheiro do Ministério do Esporte. Ontem, Agnelo se esforçou para convencer que esse é um "processo normal".

- O diretor-geral é responsável por nomear todos os delegados e diretores. Esse é um procedimento que resgata a hierarquia, a autoridade e faz parte de um processo normal. É um procedimento que fortalece a própria instituição - disse Agnelo, em meio a greve dos policiais civis que deve se prolongar, pelo menos, até quinta-feira.

Mas Onofre disse ao GLOBO que só foi convidado no dia em que o áudio da gravação foi exibido no "DFTV", da Rede Globo. E admitiu que sua missão vai além de um ajuste natural, como insiste Agnelo.

- Aceitei o convite para mudar práticas que não concordo. Para que a polícia seja uma polícia de Estado, que investiga quem quer que seja. Não concordo com polícia partidária, usada como instrumento para perseguir adversários, para perseguir pessoas - disse Onofre, ao garantir que o governador nunca o consultou sobre o vazamento das gravações nas quais Agnelo se dispõe a ajudar João Dias no processo em que o PM é acusado de desviar dinheiro público.

O governo do Distrito Federal decidiu não abrir sindicância para apurar o vazamento das gravações feitas pela Polícia Civil, hoje sob tutela do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os diálogos comprovam a intimidade de João Dias com Agnelo.

- Cabe à Justiça Federal analisar se deve ou não investigar o vazamento das gravações. Essa é uma competência do Superior Tribunal de Justiça - disse o diretor da Polícia Civil.

O DEM, que conta com apenas um deputado na Câmara Legislativa do Distrito Federal, anunciou que entrará segunda-feira com pedido de impeachment de Agnelo. A oposição no Legislativo local é formada por rês parlamentares, entre 24.

Delegados dizem que existe crise no DF

Para a cúpula da Segurança, Agnelo virou refém de facções partidárias, responsáveis por indicações de delegados para cargos de chefia. O presidente do Sindicato dos Delegados, Benito Tiezze, disse que não haverá trégua, enquanto o governo não cumprir compromissos firmados no começo do governo.

- Existe crise, sim senhor. Aguardamos o cumprimento do acordo para que o governo melhore as condições de trabalho e pague um passivo trabalhista. Os delegados ficaram indignados (com as demissões) - disse Tiezze.

FONTE: O GLOBO

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