terça-feira, 8 de novembro de 2011

Agnelo, governador do DF, recebeu depósito de lobista

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), recebeu em sua conta pessoal R$ 5.000 de um lobista quando trabalhava como diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2008

Governador do DF admite ter recebido dinheiro de lobista

Agnelo Queiroz afirma que depósito de R$ 5.000 feito em sua conta em 2008 foi pagamento de empréstimo

Petista era diretor de agência e deu certificado a empresa no mesmo dia em que o dinheiro foi depositado

Filipe Coutinho, Felipe Seligman e Andreza Matais

BRASÍLIA - O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), admitiu ontem que recebeu em sua conta pessoal R$ 5.000 de um lobista quando trabalhava como diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em 2008. O dinheiro foi transferido para a conta de Agnelo por Daniel Almeida Tavares, que na época trabalhava para a farmacêutica União Química.

Em julho, Tavares disse à revista "Veja" que pagou propina a Agnelo e outros funcionários em troca de facilidades na concessão de licenças à farmacêutica. O governador negou.

No mesmo dia em que o dinheiro caiu na conta de Agnelo, em 25 de janeiro de 2008, a União Química obteve da Anvisa um certificado sem o qual não poderia participar de licitações nem registrar novos medicamentos. Não foi uma decisão do colegiado da agência. Como diretor da área responsável por conceder o certificado na época, coube a Agnelo decidir sozinho a autorização.

No ano passado, a União Química doou oficialmente R$ 200 mil à campanha de Agnelo ao governo do DF. Em nota divulgada ontem, Agnelo voltou a rejeitar a versão do lobista de que recebeu dinheiro de propina e disse que os R$ 5.000 representavam o pagamento de um empréstimo que ele havia feito para Tavares.

O governador admitiu à Folha que o empréstimo foi feito informalmente, sem documento ou contrato que comprove a transação.
E disse que emprestou o dinheiro ao lobista em espécie, portanto não teria como comprovar sua versão.

Agnelo é investigado por ordem do STJ (Superior Tribunal de Justiça) por causa de irregularidades no Ministério do Esporte. Ele foi ministro de 2003 a 2006, no governo Lula, antes de virar diretor da Anvisa, onde ficou de 2007 a 2010.

O lobista Daniel Tavares procurou a deputada distrital Celina Leão (PSD) há duas semanas afirmando que estava sofrendo ameaças e que precisava de proteção policial. Ele repetiu as acusações contra Agnelo e apresentou documentos, como extratos bancários. Segundo a deputada, o lobista afirmou que os R$ 5.000 transferidos para a conta de Agnelo representam parte de uma propina de R$ 50 mil paga ao petista. Tavares sustenta que os demais R$ 45 mil foram pagos em dinheiro vivo.

"Fui orientada pela Polícia Federal para que ele venha à Câmara Distrital e preste depoimento oficial, inclusive para que possamos solicitar proteção policial", disse ela.

Tavares contou a interlocutores ter um vídeo que comprovaria a entrega de dinheiro a Agnelo, além de extratos de outros cinco depósitos bancários que somariam mais R$ 30 mil.

Em julho, Agnelo disse à revista "Veja" que conhecia Tavares apenas de reuniões oficiais e que iria processá-lo por conta das acusações. Na ocasião, a revista informou que Daniel ameaçava fazer denúncias contra Agnelo.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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