terça-feira, 1 de novembro de 2011

BNDES revê para baixo sua previsão de investimentos

A desaceleração da economia levou o BNDES a revisar sua previsão de aumento dos investimentos. Dados do banco estatal apontam para uma taxa de crescimento anual de 7,6% para o período 2012-2015. A previsão anterior, para 2011-2014, era de alta anual de cerca de 10%. O banco deve terminar 2011 com retração em torno de l5% no volume de liberações

BNDES reduz previsão de investimento

Dados apresentados ontem indicam taxa de crescimento anual de 7,6% de 2012 a 2015, ante 10% na previsão anterior, para 2011/2014

Alexandre Rodrigues

RIO - A desaceleração da economia levou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a revisar a sua previsão de aumento dos investimentos. Dados preliminares do mapeamento feito pelo banco, apresentados ontem pelo presidente da instituição, Luciano Coutinho, apontam para uma taxa de crescimento anual de 7,6% para o período de 2012 a 2015. O trabalho anterior, para o período 2011-2014, tinha previsão de alta anual de cerca de 10%.

O banco utilizou, para a atualização do estudo, um rol de projetos industriais e de infraestrutura que somam pouco mais de R$ 1 trilhão. "É uma taxa de crescimento um pouco mais moderada, mas ainda mostra a resiliência dos planos de investimento", disse Coutinho, indicando que a desaceleração pretendida pelo governo pode ter ido além do esperado, no que diz respeito aos investimentos, por causa do agravamento do cenário negativo na Europa e Estados Unidos.

"Ultrapassada essa crise internacional, ao longo de 2012, essa expectativa pode se inverter e os investimentos prospectivos podem voltar a ter uma taxa de crescimento mais alta", afirmou.

Três grandes empresas - Vale, Grupo Oi e Fibria - já reconheceram não ter como cumprir os orçamentos previstos para este ano. A TAM também revisou para baixo seu plano de frota para 2012. Em vez de 163 aeronaves, a previsão é fechar o próximo ano com 159. As explicações para a pisada no freio vão desde dificuldades nas licenças ambientais até problemas com fornecedores, passando pelo cenário de incertezas na economia global.

Para o economista Paulo Levy, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as revisões de investimentos para este ano - apresentadas por algumas empresas na divulgação dos resultados do terceiro trimestre - não terão grande impacto no resultado deste ano, que deve registrar taxa de investimento de 19%, ligeiramente acima do resultado de 18,4% de 2010.

"É um resultado relativamente modesto e insuficiente para manter crescimento da economia a taxas mais elevadas, em torno de 5%, como quer o governo", diz Levy, alegando que a grande preocupação ainda é em relação a 2012. Ele lembra, porém, que a solução divulgada na semana passada para a crise europeia pode fazer com que as empresas retomem seus investimentos.

Em entrevista no BNDES, Coutinho apresentou dados do Boletim Focus, do Banco Central, que apontam queda acentuada do consumo de máquinas e equipamentos. O indicador, que expressa a soma da produção e da importação de bens de capital descontada a exportação, chegou a cair mais de 20% na crise em 2009 e experimentou forte recuperação em 2010.

Apesar da desaceleração, Coutinho ressaltou que os investimentos continuam crescendo acima do PIB e o horizonte de longo prazo mudou pouco.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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