sábado, 26 de novembro de 2011

Dnit: escândalos em obras continuam

O superintendente e mais quatro funcionários do Dnit em Rondônia foram afastados por suposto desvio de R$ 30 milhões. O esquema era parecido com o que derrubou ministro e cúpula do órgão este ano.

Dnit: grupo desviou R$30 milhões de obra em RO

Superintendente do órgão no estado e mais quatro funcionários foram afastados; PF apreendeu documentos

Jailton de Carvalho

BRASÍLIA. A Polícia Federal apreendeu documentos ontem em 27 endereços de servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de Rondônia e de três empresas acusadas de fraudes na construção da BR-429, entre Presidente Médici e Costa Marques. O grupo é acusado de desviar R$30 milhões só em um dos cinco lotes da obra, orçada em R$475 milhões. A partir das informações da chamada Operação Anjos do Asfalto, o superintendente e mais quatro funcionários do Dnit foram afastados dos cargos e deverão responder a processo disciplinar.

Para a polícia e o Ministério Público Federal, os indícios recolhidos até o momento coincidem em parte com as denúncias sobre corrupção que resultaram na queda do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento e de toda a cúpula do Dnit entre junho e julho deste ano. Na quarta-feira, numa outra operação em Recife, a Polícia Federal desbaratou uma organização acusada de desviar R$67 milhões em dois lotes da BR-101, nas proximidades de Recife. Em cálculos preliminares, os desfalques dos dois grupos somam aproximadamente R$100 milhões.

- O valor (das fraudes) é bem maior. A investigação ainda não terminou - afirmou o procurador Rudson Coutinho, responsável pelo início das investigações que resultaram na Operação Anjos do Asfalto.

O superintendente do Dnit em Pernambuco, Divaldo Câmara, também deixou o cargo. Segundo a assessoria de imprensa, ele pediu afastamento porque está para fazer tratamento médico.

As investigações da Operação Anjos do Asfalto começaram há sete meses. Um funcionário de uma das empresas responsáveis pelas obras da BR-429 compareceu ao Ministério Público Federal de Ji-Paraná e denunciou o uso de material de baixa qualidade na construção do asfalto, cumplicidade e corrupção de fiscais do Dnit.

Segundo Coutinho, todas as acusações foram confirmadas pelas investigações. A polícia e a Controladoria Geral da União constaram adulteração do asfalto e o pagamento de propina de forma "escancarada". De acordo com o inquérito, dirigentes das empresas pagavam mesadas de R$4 mil a R$6 mil a servidores do Dnit para que eles fizessem vistas grossas às fraudes. A busca de lucros com a pavimentação de asfalto de baixa qualidade fazia parte do plano de metas de uma das empresas.

- Alguém da empresa chegava aqui em Rondônia e dizia: "este mês vamos ter que faturar tanto". Se a meta não fosse cumprida, eles completavam com as fraudes - disse o procurador.

O Ministério Público Federal pediu a prisão de 19 suspeitos, mas os pedidos foram rejeitados pela Justiça Federal. O juiz do caso também proibiu a Polícia Federal e o Ministério Público de divulgarem o nome das empresas e dos investigados. Em Brasília, o Dnit informou que as obras da BR- 429 estão a cargo da Fidens. As operações em Rondônia e Pernambuco esta semana surgiram a partir de dois dos 62 inquéritos da PF sobre supostas fraudes em rodovias.

FONTE: O GLOBO

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