quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Esvaziados, protestos anticorrupção reúnem cinco mil em dez capitais

Pancadas de chuva e feriado prolongado teriam reduzido adesão às marchas

Cássio Bruno, Donizete Costa, Thiago Herdy e Marcus Vinicius Gomes, com G1

SÃO PAULO, RIO, BELO HORIZONTE e CURITIBA. Os brasileiros voltaram às ruas ontem, dia da Proclamação da República, para protestar contra a corrupção. Mas só cerca de cinco mil pessoas participaram das marchas realizadas em, pelo menos, dez capitais, número bem menor do que o registrado nas manifestações de setembro e outubro, que reuniram, respectivamente, 30 mil e 28 mil pessoas. Em parte, dizem organizadores, culpa do feriado prolongado e da chuva.

Em São Paulo, aproximadamente 200 pessoas se reuniram no vão livre do Masp e saíram em passeata pela Avenida Paulista, no início da tarde, segurando cartazes e guarda-chuvas.

- O número até me surpreende, sobretudo em razão do caos que está a cidade - disse Renato Felisoni Júnior, fundador do movimento Mudança Já.

Antes da marcha, os participantes assinaram um abaixo-assinado pedindo a reforma política e a tipificação da corrupção como crime hediondo.

- Acho justo e legítimo nos engajarmos nessa manifestação, pois os desvios que ela provoca sacrificam a população, na medida em que tiram dinheiro de serviços básicos, como Saúde e Educação - observou o empresário Cláudio Pinaffo.

No Rio, em torno de 150 pessoas, segundo a Guarda Municipal, participaram do protesto na Cinelândia, organizado por cinco entidades da sociedade civil por meio de redes sociais.

- Precisamos conscientizar os jovens. Eles não terão futuro se este país não tomar vergonha na cara. Essa luta é para os próximos dez, 15 anos - discursou Beatriz Lyra, de 78 anos.

O ato na Cinelândia ficou concentrado nas escadarias da Câmara dos Vereadores. Um boneco do Pinóquio, ladeado por dois vasos sanitários, simbolizava o prédio do Congresso Nacional. Os manifestantes organizaram ainda um varal com reportagens sobre corrupção. Na Favela do Mandela, em Manguinhos, no subúrbio, moradores também foram às ruas. Em Copacabana, porém, a manifestação foi cancelada por causa da chuva.

O protesto em Brasília também foi suspenso, mas, ainda assim, 30 manifestantes se reuniram nas proximidades do Museu da República, usando camisetas e adesivos com a frase "Fora Agnelo", em referência ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), alvo de denúncias. Na cidade, que se destacou nas duas primeiras marchas por reunir o maior número de pessoas (mais de 20 mil), o ato foi cancelado porque a "cidade fica vazia no feriado", disseram os organizadores.

Em Curitiba, 80 pessoas saíram da Universidade Federal do Paraná até a Boca Maldita, tradicional ponto de protestos.

- Queremos arrebanhar mais pessoas, mas estão nos pressionando para que aceitemos a participação de partidos políticos, e isso não nos interessa - afirmou um dos organizadores, que se identificou com o pseudônimo de Keyhole.

Em Belo Horizonte, onde também choveu, cerca de 300 pessoas foram à Praça da Liberdade protestar contra a corrupção. E, em Vitória, segundo a Guarda Municipal, 300 pessoas saíram em passeata até a Assembleia Legislativa. A bandeira do estado foi lavada em ato simbólico.

- É a nossa indignação contra o que os políticos têm feito com a nossa população - disse a estudante Lorhana Ferreira.

Em Fortaleza, segundo a PM, mil pessoas marcharam pela orla, pedindo fim do voto secreto nas casas legislativas, validade da Lei da Ficha Limpa para a próxima eleição e tipificação da corrupção como crime hediondo. Os organizadores do evento prometem protestos em todos os feriados nacionais, como vem ocorrendo em várias capitais.

Em Recife, cerca de 1.500 pessoas participaram de ato na orla de Boa Viagem. Já em Salvador, 400 marcharam até o Centro Histórico. E, em Goiânia, mil pessoas levaram uma pizza gigante às ruas.

FONTE: O GLOBO

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