sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Europa prevê PIB de 0,5% e nova recessão em 2012

Relatório vê cenário pessimista para emprego, investimentos e empréstimos

Relatório da União Europeia reviu para baixo as previsões para o bloco em 2012. A perspectiva de crescimento desabou de 1,8% para 0,5%. Não haverá melhora no emprego. Os novos investimentos serão adiados e os empréstimos diminuirão.

O economista-chefe Olli Rehn disse que a economia da zona do euro está estagnada e que há risco de nova recessão. Rehn pede urgência para romper o círculo vicioso formado por "finanças públicas frágeis" e um "setor financeiro vulnerável".

Europa admite riscos de recessão no ano que vem

Relatório da UE traz previsão pessimista para economia, emprego e dívida

Comissão Europeia reduz de 1,8% para 0,5% a projeção de crescimento do PIB dos países do euro em 2012

Vaguinaldo Marinheiro

LONDRES - A UE (União Europeia) admitiu ontem o que a grande maioria dos economistas já dava como certo: a economia dos 17 países que utilizam o euro está estagnada e há risco de nova recessão.

A Comissão Europeia, órgão executivo da UE, reviu para baixo sua previsão de crescimento para o bloco em 2012, de 1,8% para 0,5%.

Neste último trimestre de 2011, deverá haver uma contração de 0,1% sobre o trimestre anterior. Para os três primeiros meses de 2012, a previsão é que não haja nem crescimento nem queda.

O relatório divulgado ontem é todo pessimista. Não haverá melhora no emprego; empresas irão adiar ou cancelar investimentos; o consumo já caiu e continuará assim por algum tempo; bancos reduzirão os empréstimos.

Tudo culpa das incertezas com as contas públicas e as dívidas de alguns países.

"Essas previsões são de fato o último sinal de alerta", afirmou Olli Rehn, economista-chefe da UE.

"O crescimento estagnou na Europa, e existe o risco de uma nova recessão", acrescentou Rehn.

O presidente do Fed (o banco central americano), Ben Bernanke, alertou ontem que os Estados Unidos não escaparão das consequências de uma recessão europeia.

A UE prevê melhora na economia só a partir da segunda metade de 2012.

No caso do emprego, mais adiante. A taxa de desemprego média deve ficar na casa dos 10% ao menos até 2013.

Rehn voltou a dizer que é hora de medidas emergenciais para romper o círculo vicioso das "frágeis finanças públicas" que afetam o "vulnerável setor financeiro", que, por sua vez, é afetado por elas.

A questão é o que fazer. O economista Nouriel Roubini, famoso por prever a crise global de 2008, afirma que a única forma de evitar o desastre é o Banco Central Europeu comprar em grande volume os títulos de países em dificuldade, reduzir a taxa de juros para 0% na zona do euro e desvalorizar a moeda.

Uma maior participação do BCE na compra de títulos é também o que pedem políticos como o presidente francês, Nicolas Sarkozy.

Mas o governo alemão e o próprio banco são contra. Dizem que não cabe ao BCE garantir as dívidas de países-membros do bloco, que isso afetaria os tratados da UE e feriria sua independência.

DIFERENÇAS

Na previsão da UE, continuam as diferenças entre os países europeus.

Para a Alemanha, a expectativa é que cresça 2,9% neste ano e 0,8% em 2012.

Na Itália, que agora está no centro da crise, as apostas são de 0,5% em 2011 e 0,1% no ano que vem.

Em muito pior situação está a Grécia: -5,5% neste ano e -2,8% no próximo.

Ontem, a Alemanha negou que esteja sendo discutida uma reconfiguração da área do euro, com a exclusão dos chamados países periféricos (como Grécia, Itália, Portugal e Espanha). Ficaria um grupo com economias mais fortes e em ordem, formado pela Alemanha e parte de seus vizinhos, com uma maior integração econômica.

O presidente da Comissão Europeia, o português José Manuel Durão Barroso, disse que a divisão seria perigosa.

"Não pode haver paz e prosperidade no norte e no oeste da Europa se não houver no sul e no leste", disse.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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