quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Indústria brasileira tem maior queda desde abril

A concorrência com os importados e o freio no consumo interno provocaram um duro golpe na indústria brasileira. A produção recuou 2% em setembro na comparação com agosto, segundo o IBGE. Foi o maior tombo desde abril. O mau desempenho do setor fez com que bancos e consultorias revisassem para baixo as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano.

Indústria tem a maior queda desde abril

O resultado abaixo do esperado fez com que consultorias e bancos começassem a revisar as previsões para o PIB

Bruno Rosa

RIO e SÃO PAULO. A maior concorrência com os produtos importados e a desaceleração do consumo no mercado interno fizeram a produção industrial recuar 2% em setembro ante agosto. Foi a maior queda desde abril, quando caíra 2,3%. Em relação ao mesmo mês de 2010, a produção industrial ficou 1,6% menor. O resultado veio abaixo das projeções do mercado, que esperavam baixas entre 0,6% e 1,5%. Com esse resultado, consultorias e bancos começam a revisar a projeção do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços) deste ano.

De acordo com o IBGE e economistas, a queda se intensificou em setembro. No mês, 16 dos 27 setores produziram menos. O destaque ficou no setor automotivo. Estoques em alta e vendas em baixa derrubaram a produção de carros e caminhões em 11% em relação a agosto.

Segundo André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE, a queda nas exportações, fruto das incertezas nos países desenvolvidos, também contribuiu para reduzir a produção. Macedo afirmou que a queda no setor automotivo foi o principal responsável pelo recuo de 5,5% entre os bens de capital (máquinas e equipamentos) e de 2,9% entre os de consumo:

- A produção de eletrodomésticos também foi responsável pela queda de 4,1% no grupo máquinas e equipamentos. Os celulares derrubaram em 13,6% o grupo de equipamentos de comunicações.

Com o resultado, o HSBC já está revisando o PIB para 2011. A projeção, que era de 3,5%, pode ser reduzida para algo entre 3,1% e 3,2%.

- Apesar de outubro já apresentar uma melhora, ainda há um esforço de redução de estoques por parte da indústria, pois se criou uma expectativa maior do que efetivamente aconteceu - afirmou Constantin Jancso, economista do HSBC.

Economistas também citaram a concorrência com os importados, que ganharam espaço com a queda do dólar. Calçados e artigos de couro tiveram produção 2,8% menor em setembro ante agosto, assim como vestuário e acessórios (-2,8%).

Rafael Bacciotti, economista da Tendências, diz que a projeção de crescimento da indústria foi refeita: passou de uma alta de 2% para crescimento de 1% neste ano. Thovan Tucakov, economista da LCA, afirmou que a queda na produção está se espalhando. Assim, a expansão do PIB, inicialmente prevista para 3,3% deve cair, diz o economista.

- A produção industrial está se mostrando pior do que es esperava - disse Tucakov.

Diante do resultado, o diretor da Fiesp, Paulo Francini, prevê que produção vai crescer entre 1,5% e 2%.

Comércio exterior tem o melhor resultado da história

A alta dos preços das commodities inflou o resultado da balança comercial brasileira, que teve saldo de US$2,35 bilhões no mês passado, o maior em quatro anos. O superávit foi impulsionado pelos maiores níveis mensais de exportações (US$22,14 bilhões) e importações (US$19,8 bilhões) desde o início da série histórica de 1950. O saldo comercial de 2011 está em US$25,4 bilhões, o maior desde 2007.

Mas já surgem sinais da crise. O crescimento das vendas para China e União Europeia perdeu fôlego. A importação de máquinas e equipamentos (o que sinaliza menos investimentos aqui) também cresceu menos

Colaboraram Lino Rodrigues e Gabriela Valente

FONTE: O GLOBO

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