domingo, 13 de novembro de 2011

Isolado pelo próprio partido, Lupi agoniza

Depois de defendê-lo, integrantes do PDT já pretendem abandonar o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, temendo prejuízo à imagem da sigla. Novas suspeitas surgidas ontem agravam a situação do pedetista.

Lupi ainda mais isolado

Com as novas denúncias de que o ministro teria viajado em avião particular, integrantes do PDT desistem de defendê-lo publicamente e falam em abertura de CPI

Josie Jeronimo

As novas denúncias que atingiram o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, deixaram o PDT temeroso de que a imagem do partido fique prejudicada com o escândalo na pasta comandada pelo presidente de honra da sigla. Diferentemente da manifestação de apoio público que as bancadas e a direção do partido deram na semana passada, agora o PDT pretende deixar Lupi sozinho.

A gota d"água para o isolamento partidário do ministro foi a denúncia publicada pela revista Veja que relatou viagens feitas por Lupi em avião alugado por Adair Meira, representante de ONGs que ganharam contratos com o Trabalho. De acordo com a reportagem, Ezequiel Nascimento, ex-secretário de Políticas Públicas de Emprego, confirma a utilização do avião para viagens no interior do Maranhão. O ministério divulgou nota na tarde de ontem afirmando que o diretório regional do PDT foi o responsável pelo aluguel de "aviões de pequeno porte" para cumprir "agendas oficiais e partidárias" em 11,12 e 13 de dezembro de 2009, datas da viagem.

Irregularidades no Ministério do Trabalho vêm sendo publicadas pelo Correio desde fevereiro, quando o jornal mostrou desvios de recursos nos contratos da pasta com ONGs de capacitação, como a Fenamoto, entidade sediada em Goiânia que recebeu recursos públicos sem realizar o serviço contratado. As denúncias deram origem a uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).

Mesmo com a enxurrada de irregularidades detectadas na pasta, o partido havia decidido se unir para fortalecer Lupi, mas agora os correligionários abaixaram o tom do discurso, já falam em instalação de CPI e dizem que o assunto é entre o ministro e a presidente Dilma Rousseff. "A minha discussão não é pela permanência, depende do ministro que pode renunciar e a presidente que pode demitir. Essa discussão está no âmbito de duas pessoas", resumiu o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), acrescentando que o partido não deve convocar reunião de mobilização pela permanência do ministro, pois o encontro sem provas "acaba virando um bate-boca."

Investigação

O deputado Reguffe (PDT-DF) afirmou que as denúncias contra Lupi são "gravíssimas" e têm que ser investigadas "doa em quem doer". O presidente em exercício do partido, deputado André Figueiredo (PDT-CE), defendeu apuração das acusações, mas disse que os escândalos afetam a legenda. "Qualquer notícia que envolva o nome do ministro do PDT abala. Tanto abala o ministro como o nome do partido. Nós teremos uma reunião do diretório no próximo sábado, vamos avaliando. Tem essa obrigação de esclarecer, porque um partido que tem uma história como o PDT não pode ser envolvido."

A oposição no Congresso promete começar a semana com um "plantão pela saída imediata" do ministro do Trabalho. O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), afirmou que pretende encaminhar representação à Comissão de Ética da Presidência pedindo o afastamento de Lupi. De acordo com o deputado, o ministro feriu o artigo 7 do código de conduta da administração federal, que proíbe favores que possam gerar dúvida sobre probidade do gestor.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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