sábado, 12 de novembro de 2011

Lupi diz que vai acabar 'no grito' com ciclo de derrubada de ministros

Homenageado na Alerj por pedetistas e Lindbergh, ministro critica a mídia

Cassio Bruno e Chico de Gois

RIO e BRASÍLIA. Ao ser homenageado ontem à noite, na Assembleia Legislativa do Rio, com os títulos de Cidadão Benemérito e Cidadão do Estado do Rio, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou em discurso que acabará com a derrubada de ministros do governo Dilma "no grito". Lupi disse ainda que pretende aproveitar a crise para debater o papel da imprensa.

- Eu vou mudar esse ciclo de ministro sendo derrubado no grito. Comigo, não. Este PDT é a resistência - disse Lupi, que se comparou a líderes históricos do trabalhismo, como Getulio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola. A homenagem foi proposta pelo deputado estadual Luiz Martins, do mesmo PDT de Lupi.

Lupi tratou a crise que envolve o ministério que comanda como "uma covardia" e disse que ele próprio pediu para que o caso fosse investigado e afastou servidores suspeitos de participar de irregularidades.

- Quem não deve não teme. Nosso corpo é fechado - afirmou o ministro para uma plateia de 600 pessoas.

Lupi recebeu o apoio de sindicatos, prefeitos e parlamentares. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) elogiou o ministro:

- O Lupi, nos governos Lula e Dilma, sempre foi quem puxou o governo para o lado do povo. Se o estão atacando desse jeito, é por suas qualidades. Estamos com ele até o fim desta batalha porque vamos vencer.

Em Brasília, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), disse que Lupi está respondendo a tudo e, portanto, está muito bem, numa situação normal.

- O episódio Lupi, como vocês estão observando, tem as denúncias, ele está respondendo, ele está bem. Para nós, é importante que ele siga trabalhando. Então, para nós, está tudo caminhando como em qualquer outro ministério - afirmou Gilberto após participar do seminário internacional "O marco regulatório das organizações da sociedade civil".

Gilberto afirmou que o governo não vai criminalizar as organizações não governamentais (ONGs). No rastro das denúncias de corrupção nos ministérios, a presidente Dilma assinou dois decretos, em setembro e outubro, para tornar mais rígidos os controles sobre repasses de recursos a essas entidades. Um deles deixou claro que os convênios devem ser assinados pelos ministros e não por outros assessores, e outro suspendeu por 30 dias os pagamentos a ONGs, para que os ministérios façam pente-fino nos contratos.

- De maneira alguma o governo quer se inscrever nessa política de criminalização das entidades sérias. O governo quer combater aquelas formas de apropriação das entidades sérias por pessoas inidôneas que tentaram e que usaram recursos públicos indevidamente - disse Gilberto. - O que se trata aqui é de buscar as formas mais rígidas e ao mesmo tempo mais diretas de fazer esse controle, independentemente de onde vierem as organizações não governamentais. O que interessa é o zelo do recurso público até o último tostão.

Para a presidente da Associação Brasileira das ONGs (Abong), Vera Masargão, os escândalos envolvendo entidades têm causado prejuízos às ONGs sérias:

- Essa onda de escândalos tem causado um prejuízo enorme, não só para o Erário, com esse dinheiro que é desviado ou mal empregado, mas porque prejudica a própria confiança da sociedade.

FONTE: O GLOBO

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