quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Manifestantes pedem que G-20 dê prioridade às pessoas, não às finanças

Dois parlamentares americanos vão propor criação de imposto financeiro

Manifestante é cercada pela tropa de choque em Nice

NICE, WASHINGTON e SÃO PAULO. Cerca de 10 mil manifestantes marcharam ontem pelas ruas de Nice, na Riviera Francesa, em protesto contra a cúpula do G-20 (que reúne as principais economias do mundo) amanhã e sexta-feira, em Cannes. O mote da manifestação, chamada de "Fórum do Povo", era "Pessoas primeiro, não as finanças", um reflexo do movimento Ocupem Wall Street. Mas as discussões da cúpula, acreditam analistas, devem ficar centradas na Grécia, depois do anúncio do referendo no país. Fontes do G-20 disseram ontem à agência de notícias Bloomberg que os líderes devem endossar uma proposta do Fundo Monetário Internacional (FMI) para criar linhas de crédito para países endividados.

O valor dessa linha de crédito seria limitado a cinco vezes o montante da contribuição ao FMI do país solicitante do empréstimo, disseram as fontes. No caso da Itália, noticiou a agência Bloomberg, esse montante seria de 44 bilhões, enquanto a dívida do país é de 1,9 trilhão.

Outro ponto a ser discutido no G-20 é a taxação das transações financeiras, proposta defendida pela União Europeia (UE) e que acaba de ganhar adeptos nos Estados Unidos. Dois parlamentares americanos vão apresentar uma proposta de imposto financeiro, informou a Bloomberg News. Mas, enquanto a Europa propôs uma taxa de 0,1% sobre a venda de ações e bônus, o senador Tom Harkin e o deputado Peter DeFazio, ambos democratas, sugerem 0,03%.

Riviera recebe reforço de 12 mil policiais para cúpula

Representantes do grupo Attac, que defende a taxação internacional das transações financeiras, estavam presentes nos protestos, com uma faixa que dizia "Paraísos fiscais, vamos fechá-los". Os manifestantes transformaram um antigo abatedouro em centro de encontro e palestras. Um grupo foi a Mônaco, conhecido por seus baixos impostos, pedir o fim dos paraísos fiscais.

- Por causa do tamanho da crise financeira, as pessoas comuns estão sendo afetadas. Há cada vez mais desempregados e pessoas que perderam suas casas - disse à rádio France 24 Soren Ambrose, coordenador da ONG ActionAid.

Nice recebeu o reforço de 2.500 policiais, e o governo francês destacou para a Riviera cerca de 12 mil agentes, incluindo atiradores de elite. Segundo o jornal francês "Le Monde", três espanhóis foram detidos ontem. O Ministério do Interior afirmou que, como eles vestiam preto, foram tomados por membros do black bloc, um violento grupo anarquista que participa de vários protestos na Europa.

Dilma rejeita "receita de recessão e desemprego"

O Brasil vai dizer no G-20 que o grupo deve propor medidas financeiras urgentes e um plano de sustentação do crescimento e do emprego, afirmou na noite de segunda-feira, em evento em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff. Ela também criticou a demora das autoridades europeias em oferecer soluções para a sua crise da dívida.

Dilma acrescentou que deixará claro que o país não acredita que a crise será efetivamente superada com guerra cambial ou com "a velha receita pura e simples da recessão e do desemprego". E disse que o Brasil está sendo menos atingido pela atual turbulência externa graças a seu mercado consumidor e à solidez das contas públicas e do setor financeiro.

FONTE: O GLOBO

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