quinta-feira, 17 de novembro de 2011

PDT abandona Lupi para manter trabalho

O PDT abandonou a defesa do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e cobrará explicações dele sobre as denúncias de irregularidades em reunião da Executiva partidária hoje, dia que também deve ser ouvido no Senado. A cúpula do partido acredita que é melhor entregá-lo e indicar outro nome a perder a pasta para o PT numa reforma ministerial em 2012.

PDT abandona Lupi e luta para preservar ministério

Partido busca substituto para não perder o controle da pasta para o PT

Planalto avisa que ministro do Trabalho não poderá continuar no cargo se ficar sem apoio do seu partido

Andréia Sadi, Catia Seabra e Valdo Cruz

BRASÍLIA - O PDT abandonou ontem a defesa do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e se mobilizou para evitar que o controle da pasta seja transferido para o PT na reforma ministerial prevista para o ano que vem.

Líderes do PDT concluíram que é melhor entregar a cabeça do ministro agora do que lutar para mantê-lo no cargo e depois perder o ministério na reforma planejada pela presidente Dilma Rousseff.

Acusado de cometer irregularidades em convênios com ONGs, Lupi voltará a se explicar hoje em público, durante audiência convocada pelo Senado, e numa reunião da executiva do seu partido.

Na avaliação do Palácio do Planalto, o ministro ficará sem condições de permanecer no cargo se perder o apoio do seu partido.

Os líderes do PDT sabem que Dilma estuda a possibilidade de tirar do partido o controle do Ministério do Trabalho na reforma que planeja fazer no primeiro escalão.

Mas eles acreditam que poderão evitar isso se Lupi sair agora e o partido indicar outro nome para a vaga, forçando a presidente a nomear para o posto um ministro que será poupado depois.

TÁTICA DO PC DO B

A estratégia seria repetir o que ocorreu no Ministério do Esporte. Dilma estava decidida a retirar a pasta do PC do B, mas ao trocar Orlando Silva por Aldo Rebelo indicou que o atual ministro irá sobreviver à reforma.

Segundo a Folha apurou, Dilma prefere que Lupi resista. "Ela disse: "Se você quer ficar, não vou falar de demissão contigo"", contou o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força, ao reproduzir relato do ministro.

Paulinho disse a Lupi que ele está perdendo apoio na bancada por causa das dificuldades que tem encontrado para explicar sua viagem num avião com o empresário Adair Meira, dono de uma ONG que tem convênios com o Ministério do Trabalho.

O presidente em exercício do PDT, deputado André Figueiredo (CE), passou a defender a saída de Lupi. "Como amigo, preferia que ele saísse", disse. "Mas isso é uma decisão que o PDT vai tomar de forma institucional".

Ontem, Lupi se reuniu com a presidente logo cedo para discutir sua situação. Logo após o encontro, o ministro chamou Figueiredo e Paulinho para uma conversa.

TENSÃO

O clima do encontro ficou tenso quando Figueiredo recomendou a Lupi que se afastasse do cargo, mas ele rejeitou a proposta. A discussão foi contornada com a chegada de Paulinho ao gabinete do ministro. "O André quer que eu saia e diz que é para o meu bem", relatou Lupi mais tarde a aliados.

Dois integrantes da bancada do PDT que haviam defendido enfaticamente o ministro ontem mudaram de tom. "Ele está morrendo pela boca", disse Félix Mendonça (BA). "Se tem documentos, que apresente. Se não tem, deslizou", afirmou Paulo Rubem Santiago (PE).

Lupi disse numa audiência na Câmara dos Deputados na semana passada que não conhecia Meira e atribuiu ao PDT a responsabilidade pelo voo, mas nos últimos dias a divulgação de imagens que mostram o ministro descendo do avião e na companhia de Meira lançaram novas dúvidas sobre ele.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Nenhum comentário:

Postar um comentário