sexta-feira, 25 de novembro de 2011

PT cobra de Dilma afastamento de afilhados de Lupi

Presidente do partido acusa PDT de dominar a pasta nos Estados; ministro afirma que cargos são de livre escolha

Rui Falcão reclama da distribuição de cargos; Força Sindical diz que os petistas só querem mais espaço para a CUT

Bernardo Mello Franco

SÃO PAULO - Com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), enfraquecido no cargo, o PT mudou de estratégia e decidiu cobrar abertamente que a presidente Dilma Rousseff ordene uma faxina para varrer pedetistas de postos do segundo escalão da pasta.

A medida esvaziaria o poder de Lupi, que ainda luta para permanecer no cargo após acusações de favorecimento a seus aliados.

O presidente do PT, Rui Falcão, disse ontem à Folha que o governo deveria rever o domínio do PDT sobre as superintendências regionais do ministério, as antigas delegacias do trabalho.

"O que estamos assinalando em relação ao Ministério do Trabalho é que a política de porteira fechada não é mais correta. As delegacias regionais deviam ser mais plurais", afirmou Falcão.

Filiados ao PDT chefiam hoje 20 das 27 superintendências regionais do Trabalho, segundo levantamento publicado na segunda-feira pelo jornal "Valor Econômico".

De acordo com Falcão, o PT não se mobilizará para defender a saída ou a permanência do ministro pedetista até a reforma ministerial que Dilma planeja promover no início do ano que vem.

"O PT não está propondo nem a manutenção nem a derrubada do ministro. Isso é uma avaliação que cabe à presidente fazer", disse.

Ele ainda contestou a versão de que seu partido faz lobby para voltar ao ministério, que foi comandado pelos petistas Ricardo Berzoini e Luiz Marinho no primeiro mandato do ex-presidente Lula.

"Nós ocupamos ministérios importantes no governo. Não estamos fazendo pleito nesse sentido", afirmou.

MUDANÇA DE TOM

Até aqui, a direção do PT evitava criticar abertamente o loteamento de cargos do ministério na gestão Lupi.

Nos bastidores, dirigentes da CUT (Central Única dos Trabalhadores), ligada ao PT, já faziam pressão para que Dilma reduzisse o espaço da Força Sindical na pasta.

A Força é presidida pelo deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), do partido de Lupi.

O Ministério do Trabalho informou que não comentaria as declarações de Falcão.

De acordo com a assessoria da pasta, o ministro entende que as superintendências regionais do Trabalho são cargos de livre escolha, a serem preenchidos conforme a vontade do ministro.

O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, disse que o PT está tentando obter mais cargos para a CUT e reclamou da pressão contra Lupi.

"O PDT indicou pessoas que são ligadas ao partido. A crítica deles, na verdade, é de que os cargos não estão com o PT. Aí não vale", afirmou o sindicalista.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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