quinta-feira, 10 de novembro de 2011

À última hora, governo proíbe acesso da imprensa a evento sobre ONGs

Seminário, iniciado ontem, discute relação com entidades não governamentais

Luiza Damé

BRASÍLIA. Em meio a denúncias de irregularidades em convênios dos ministérios do Esporte, do Turismo e do Trabalho, com organizações não governamentais (ONGs), o Palácio do Planalto realiza, a portas fechadas, o seminário internacional "Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil", que reúne, até amanhã, representantes de 60 ONGs. A decisão de fechar o encontro à imprensa foi tomada ontem, poucos minutos antes da abertura do seminário, sem explicações, pelo ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que coordena o debate.

A rede oficial de televisão do governo federal, NBr, já estava com os equipamentos preparados, no Salão Leste do Planalto, para transmitir a abertura do evento, mas teve de desmontar a estrutura. A Secretaria Geral enviou anteontem release com informações sobre o seminário aos jornalistas que cobrem as atividades no Palácio, sem indicação de que o evento seria fechado.

Além de Carvalho, estavam no seminário os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Jorge Hage (Controladoria Geral da União) e as ministras Miriam Belchior (Planejamento), Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Izabela Teixeira (Meio Ambiente).

Entre os participantes do evento, estão representantes da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) e do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife). Segundo a Secretaria Geral, o governo bancou passagens e hospedagens de 35 representantes de ONGs, como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Segundo a Secretaria Geral, foram gastos R$60 mil na organização do seminário, incluindo passagens dos três palestrantes estrangeiros: o americano Doug Rutzen e os colombianos Ruben Fernandez e Adriana Ruiz-Restrepo. Na abertura do evento, foi servido um coquetel aos participantes, que custou R$12 mil, patrocinado pela Fundação Banco do Brasil.

Segundo a Secretaria Geral, o seminário "marca o início das atividades" do grupo de trabalho criado pela presidente Dilma Rousseff para elaborar uma proposta de marco regulatório das relações entre o governo e as organizações da sociedade.

Dirigente de ONG critica decreto da presidente

O grupo de trabalho foi criado em setembro e terá a participação de sete ministérios e sete entidades da sociedade. O marco regulatório integra a plataforma das ONGs, apresentada na campanha presidencial do ano passado, à qual Dilma aderiu.

Cerca de 90 pessoas participam do seminário, que terá atividades no auditório do anexo 1 do Planalto e na Escola Nacional de Administração Pública.

Para a educadora Vera Marzagão Ribeiro, integrante da diretoria executiva da Abong, o seminário é uma sinal positivo, num momento em que as ONGs se veem envolvidas em denúncias de desvios de recursos públicos em ministérios. Vera fez ressalvas ao decreto de Dilma que suspendeu os convênios com ONGs.

- Jogar a culpa dos problemas nas ONGs é jogar a culpa no ela mais fraco da corrente.

FONTE: O GLOBO

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