sábado, 31 de dezembro de 2011

27 anos de democracia :: Fernando Rodrigues

Em 2012, o Brasil completará 27 anos de democracia formal. É um recorde. Nunca se viveu aqui por tanto tempo com plenas li berdades individuais.

A estabilidade se consolidou com a sequência de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, cada um por oito anos na Planalto. Agora, Dilma Rousseff entrará em seu segundo ano de mandato.

Nesta época do ano, um vício mundial nos compele a fazer balanços e análises. Quando se observa em linha reta -FHC, Lula e Dilma-, é difícil achar que os brasileiros pudessem ter escolhido algo melhor para si em anos recentes. Talvez uma compensação pelas péssimas opções e vicissitudes do passado -os 21 anos de ditadura militar (1964-1985) seguidos de Sarney e Collor.

Mas há também a parte meio vazia do copo. Os dois últimos presidentes e a atual ocupante do Planalto parecem todos adeptos da máxima segundo a qual "a política é a arte do possível". São raros os momentos de arrojo de FHC, Lula ou Dilma para ir além dos ditames do império da mediocridade que grassa na burocracia estatal.

O presidente da República é, se assim o desejar, uma força indutora do desenvolvimento e dos rumos do país. FHC, Lula e Dilma podem contra-argumentar que é fácil falar quando se está do lado de fora. É verdade. Mas a missão do lado de cá é essa mesma: cobrar.

Dilma está em início de mandato. Pode se tornar prisioneira da lógica do devagar e sempre. Ou inovar. Jogar o Brasil, de fato, num clube de nações desenvolvidas. Aumentar a velocidade dos avanços. O benefício da dúvida impede que se faça um juízo prematuro. Por enquanto, ela segue na toada de seus antecessores. A democracia se consolida. É bom, mas é pouco.

Saio em férias. Bom Ano-Novo a todos. Que 2012 nos seja leve.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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