terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Bancos públicos devem obter reforço de caixa

Governo quer garantir crédito para destravar economia em 2012; a Caixa Econômica Federal pediu entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões à Fazenda

Adriana Fernandes, Fernando Nakagawa

BRASÍLIA - O governo prepara um reforço de caixa dos bancos públicos. Com a preocupação de aumentar os investimentos e o consumo em 2012, a ideia é garantir recursos suficientes para que as instituições possam continuar oferecendo crédito. Além do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com revelou o "Estado" há três semanas, a Caixa Econômica Federal e outros bancos públicos poderão ser beneficiados com a ajuda em dinheiro da União.

Nos últimos anos, além de emprestar cada vez mais para as famílias, a Caixa também ganhou espaço no crédito para as empresas. Essa expansão, porém, não foi acompanhada igualmente por um reforço de capital no banco. Por isso, pioraram os indicadores da casa. Em setembro de 2008, no início da crise passada, o banco estatal tinha R$ 19,09 em caixa para cada R$ 100 emprestados. Hoje, são R$ 13,45 para o mesmo volume de empréstimos, muito próximo do mínimo requerido de R$ 11,00 - o chamado Índice de Basileia. Quanto mais alto o indicador, mais espaço o banco tem para emprestar.

Como o índice da Caixa se aproxima do mínimo de 11%, a direção do banco pediu ao Ministério da Fazenda um reforço de caixa entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões. O pedido foi feito na semana passada ao secretário de Acompanhamento Econômico da Fazenda, Antônio Henrique Pinheiro Silveira. Os dados da instituição ainda serão analisados. Já há dentro da Fazenda quem avalie que o valor está exagerado. "Uma coisa é pedir, outra coisa é levar", disse a fonte.

Sem reforço. O aumento de capital é uma hipótese no radar do Banco do Brasil, mas a instituição avalia que não há urgência em realizar a operação. Fonte próxima à gestão da casa afirmou que a direção do BB entende que será possível passar os próximos meses, provavelmente todo o ano de 2012, sem reforço de capital. Apenas uma mudança radical das condições do mercado de crédito exigiriam mais dinheiro no banco federal.

O argumento do BB é que índice de Basileia do banco está em 14,5%. O número está acima do mínimo e bem próximo dos principais concorrentes. Dados do Banco Central mostram que o indicador do Itaú está em 15,1% e do Bradesco, em 14,9%. Apesar desse tom ameno, a hipótese de agravamento da crise e de uma ação mais forte do BB na oferta de crédito mantêm a chance de que seja necessário aumentar o capital para que a casa possa financiar os clientes. Se esse quadro se confirmar, o BB tem algumas alternativas de trabalho e a hipótese de ajuda do Tesouro segue na mesa da direção do BB.

Já o BNDES deve receber até o fim do ano entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões dos R$ 25 bilhões que faltam da linha de financiamento aberta pelo Tesouro no início do ano.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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