quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Desemprego volta a aumentar na Europa e atinge mais de 23 milhões

Maior greve em 30 anos paralisa Reino Unido contra medidas de austeridade

BRUXELAS, LONDRES, MADRI e LOS ANGELES. Apesar da euforia das bolsas globais ontem, os indicadores negativos persistem na economia europeia e as medidas de austeridade continuam gerando protestos, como a maior greve em 30 anos no Reino Unido. O desemprego voltou a subir em outubro na zona do euro, atingindo 10,3%. Na União Europeia (UE), chegou a 9,8%. Nos dois casos, a alta foi de 0,1 ponto percentual em relação a setembro - o resultado mais elevado no ano. Segundo o Eurostat, órgão de estatísticas do bloco, 23,6 milhões de pessoas estão desempregadas na UE, sendo 16,3 milhões na zona do euro.

- O alto desemprego e a inflação (3% em novembro) juntos fazem forte pressão negativa sobre o poder de compra, assim como as medidas de austeridade - disse Jennifer McKeow, da Capital Economics. - Isso deveria, pelo menos, convencer o Banco Central Europeu (BCE) que mais apoio político é necessário. Prevemos que o banco reduzirá os juros na próxima semana e, talvez, anuncie novas medidas não convencionais.

E o cenário sombrio já fez algumas companhias simularem o fim do euro. Os executivos estão lidando com a eventual possibilidade de ter que vender seus produtos em outra moeda, caso haja uma ruptura da moeda única. Pesquisa da Reuters mostra que 14 de 20 economistas entrevistados disseram que a moeda não sobreviverá em sua forma atual e as empresas se preparam para a mudança.

Entre os mais ativos em seus planos de contingência estão os países europeus de fora da zona do euro, mas com fortes vínculos comerciais com a moeda única, como Dinamarca e Reino Unido. Das 33 empresas de fora do euro com maior exposição à moeda em termos de vendas, cinco são britânicas. Saúde, energia e consumo estão entre as as indústrias mais expostas.

No Reino Unido, onde há dois milhões de funcionários públicos, servidores realizaram ontem a maior greve em 30 anos, contra as reformas previdenciárias que, segundo os sindicatos, obrigarão os britânicos a trabalharem mais para se aposentar e pagar mais por benefícios que valerão menos. A insatisfação foi alimentada pelo anúncio de novas restrições salariais e cortes de empregos feitos na terça-feira, quando o governo reduziu as previsões de crescimento econômico, pois o aperto fiscal durará até 2017.

Trinta sindicatos participaram da paralisação, que em alguns setores contou com a participação de 90% dos trabalhadores. A greve fechou mais de 75% das escolas inglesas - até a do filho do premier David Cameron -, tribunais, museus e bibliotecas. A maior greve desde 1979 também afetou os transportes e órgãos governamentais.

Policiais desocupam acampamentos nos EUA

Mais de cem manifestações foram realizadas em todo o Reino Unido, entre elas uma no Centro de Londres que reuniu dezenas de milhares de trabalhadores.

Já os alertas sobre grandes atrasos no aeroporto de Heathrow não se concretizaram. Os passageiros disseram, inclusive, que os controles de fronteira estavam "melhores que o normal". Segundo sindicalistas, o governo teria utilizado pessoal não treinado para cobrir a greve.

Até mesmo funcionários de Downing Street, 10 - endereço do premier - entraram em greve. O governo considerou a paralisação "inapropriada, fora de momento e irresponsável". Também afirmou que as alegações de que não há negociações em curso são falsas e que há discussões com os sindicatos.

Além disso, cerca de 60 de 300 manifestantes do movimento Ocupem Londres que estão acampados no quintal da Catedral de St. Paul invadiram um escritório no bairro de West End. O alvo era Mick Davis, diretor-executivo da Xstrata. Segundo os manifestantes, ele é o executivo mais bem pago entre as cem companhias do índice FTSE da Bolsa de Londres. A polícia cercou a área e deteve 20 pessoas.

Nos Estados Unidos, a polícia deu fim a dois grandes acampamentos do Ocupem Wall Street - em Los Angeles e na Filadélfia - na madrugada de ontem. Centenas de pessoas, acampadas há mais de dois meses, foram detidas.

Em Los Angeles, cerca de 1.400 policiais chegaram ao acampamento em um parque próximo à Prefeitura por volta de meia-noite. O confronto com os manifestantes durou várias horas e 300 pessoas foram detidas, por se negarem a se dispersar.

Na Filadélfia, os policiais chegaram à Dilworth Plaza à 1h. A tomada do local foi feita dois dias após o fim do prazo de retirada dado pelo governo local. Ao menos 50 pessoas foram presa.

Com "El País", "The Independent", "New York Times" e agências internacionais

FONTE: O GLOBO

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