sábado, 3 de dezembro de 2011

Dilma diz que não é adolescente nem romântica

Dilma diz que resolverá caso Lupi na 2ª feira

"Não sou adolescente nem romântica", disse ela ao responder se tirará ministro que pediu desculpas dizendo "Eu te amo"

DILMA com Cristina Kirchner: "A gente tem de respeitar as pessoas, mas eu faço análises muito objetivas"

Chico de Gois*, Cristiane Jungblut

CARACAS e BRASÍLIA. Alvo de uma ação popular protocolada ontem pelo deputado federal Francisco Francischini (PSDB-PR) na 5ª Vara Cível da 4ª Região da Justiça Federal, no Paraná, em que é acusada de "omissão no dever de exonerar" o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a presidente Dilma Rousseff reiterou ontem, em Caracas, sua disposição de resolver essa questão só na próxima segunda-feira, após sua volta ao Brasil. Mas sinalizou que, desta vez, Lupi terá de apresentar mais do que uma declaração de amor para permanecer no cargo.

Antes de participar da cúpula da Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos, Dilma reagiu com bom humor ao ser indagada se levaria em conta a declaração de amor que recebeu de Lupi ao analisar a recomendação de demissão do ministro feita pela Comissão de Ética Pública da Presidência.

- Eu tenho 63 anos de idade. Uma filha com 34 anos, um neto com 1 ano e 2 meses. Eu não sou propriamente uma adolescente, eu diria também (que não sou) uma romântica. Acho que a vida ensina a gente. Acho que a gente tem de respeitar as pessoas, mas eu faço análises muito objetivas - afirmou Dilma, sorrindo, e acrescentando: - Qualquer situação referente ao Brasil vocês podem ter certeza que resolvo a partir de segunda-feira.

Diante da insistência dos jornalistas para que prosseguisse com a entrevista, Dilma mais uma vez reagiu com bom humor. Especialmente ao ouvir o pedido para mais encontros bilaterais com a mídia.

- Bilateral com vocês? Eu tenho, assim, um amor perdido por vocês. Daqueles de a gente piscar feito margaridinha. Eu queria acrescentar: essas declarações de amor que não vêm de vocês é que fazem falta para mim - afirmou.

Dilma deve decidir pela demissão de Lupi antes mesmo de receber os esclarecimentos da Comissão de Ética. No Planalto, a convicção é que o ministro não dará esclarecimentos convincentes e que as novas suspeitas que surgem contra ele servirão de pretexto para a decisão da presidente.

Inconformado com a demora da presidente em atender a recomendação da Comissão de Ética, o deputado Francischini ingressou ontem na Justiça com ações contra Dilma e Lupi. O tucano pediu o enquadramento da presidente na lei de improbidade administrativa.

- Para que foi criada a Comissão de Ética, então? Não era para lhe dar respaldo (à Presidência)? Não sei mais o que está segurando a presidente e, diante disso, só pode ter uma medida radical: a Justiça - justificou o deputado.

Na ação contra o ministro, Francischini pede a devolução dos recursos que Lupi teria obtido indevidamente ao acumular dois cargos públicos - na Câmara de Vereadores do Rio e na Câmara dos Deputados.

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), defendeu a postura de Dilma no caso:

- Temos que respeitar a Comissão de Ética Pública. Mas a presidente está corretíssima ao pedir mais explicações. Ela não pode tomar uma decisão dessas só olhando uma folha de papel.

* Enviado especial

FONTE: O GLOBO

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