sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Governo interfere e racha greve nos aeroportos

Sindicatos ligados à CUT se desentendem após mediação da Secretaria Geral da Presidência e movimento perde força

Gustavo Machado

O movimento sindicalista a favor da greve dos aeronautas e aeroviários se desmobilizou durante o dia de ontem. Após a mediação entre a Secretaria Geral e Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, parte dos sindicatos ligados à Central Única dos Trabalhadores aceitou reajuste salarial de 6,5%. A disputa pela representação dos trabalhadores, contemplada por sindicatos da CUT e da Força Sindical, e a liminar expedida na quarta-feira pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) foram fatores determinantes para que a movimentação grevista se desestabilizasse. Até o fechamento deste edição, apenas o Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA), ligado à CUT, prometia paralisação. Durante a manhã, em Congonhas, na capital paulista, funcionários da TAM filiados ao Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo (Saesp), relacionado à Força Sindical, realizaram manifestação que resultou no atraso de 50% dos voos até às 10h. Discutiu-se entre os
representantes dos trabalhadores e das empresas aéreas um reajuste superior ao sugerido pelo governo. Os aeroviários, agentes responsáveis pelos serviços nos aeroportos, querem 7%, porém os patrões não cederam, pois entendem como injusto que os paulistas recebam um incremento superior do oferecido ao resto do país.

O SNA foi outro que também não aceitou a proposta. De acordo com Selma Balbino, presidente d o s indicato, os trabalhadores filiados à SNA querem 10%. Durante a noite, iniciou-se uma manifestação à frente do Aeroporto Internacional Tom Jobim, na capital fluminense. Outros aeroportos com representação da SNA — Belo Horizonte, Brasília e Fortaleza também prometiam paralisação. “Nossa greve já começou”, disse Balbino às 18h no Rio. A sindicalista ignora a determinação do TST, que na quarta-feira impôs que a greve não poderia contemplar mais que 20% da classe trabalhadora. “Se 100% aderir, haverá greve”, ameaçou Selma Balbino.

O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) acusa SNA de representar ilegalmente a cidade do Rio de Janeiro. Na terça-feira, a Federação Nacional dos Trabalhadores de Transporte Aéreo (FNTTA), da Força Sindical, confirmou que os sindicatos dos aeroviários do Amazonas e do Rio de Janeiro aceitariam um reajuste de 6,17%, proposto na segunda-feira. Durante a tarde de ontem, a Federação Nacional das Trabalhadores de Aviação Civil (Fentac) aceitou os termos negociados entre as três partes: patrões, trabalhadores e governo. Após a desmobilização dos aeronautas — pilotos e comissários —, que gostaram da proposta de 6,5%, a categoria mostrouse favorável pela assinatura. Celso Klafke, presidente da Fentac, indica que a assembleia realizada em Porto Alegre terminou em acordo, porém, com ressalvas. “Aprovamos a proposta com uma insatisfação muito grande”, afirma Klafke. A determinação do TST, segundo o presidente da Fentac, foi fator preponderante para que a categoria se flexibilizasse e aceitasse termos inferiores aos pedidos anteriormente.

Segundo Klafke, a imposição do tribunal configurou um impeditivo para a greve. “Com essa liminar do TST ficou inviável realizar uma greve”, diz. O presidente da Fentac ainda relutou a representatividade do sindicato dos aeroviários do Rio de Janeiro, que segundo ele, não ouviu trabalhadores para assinar com o sindicato patronal. “Uma coisa é representação e outra é representatividade. Formalmente, realmente eles representam o Rio. Mas é algo apenas no papel”, reclama.

Ainda sem a assinatura definitiva dos sindicatos, o Snea indica que está recebendo confirmações por correio eletrônico de que as diversas representações espalhadas pelo país estão aceitando a proposição governamental. “Alguns virão para cá já nesta sexta-feira para assinar o acordo. Agora parece que os únicos trabalhadores que não ac ei taram são os destes aeroportos controlados pelo SNA e o de Congonhas”, disse a assessoria de imprensa do Snea. Os órgãos governamentais — Agência Nacional de Aviação Civil (Anac); Infraero; Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República; e Secretaria Geral da Presidência da República — preferiram não se pronunciar antes da definição de todas as assembleias. Como nos dias anteriores, os departamentos dizem esperar que o bom senso prevaleça. Quanto à legalidade da manifestação realizada no Aeroporto Tom Jobim, Anac e Infraero afirmaram que a situação contempla a esfera jurídica.

FONTE: BRASIL ECONÔMICO

Nenhum comentário:

Postar um comentário