segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Igor Gielow: Cachorros grandes

Até aqui Dilma Rousseff foi bem-sucedida em varrer os efeitos resultantes dos problemas éticos de seu governo para debaixo do tapete -para ficar na metáfora cara a seus marqueteiros.

Mas ela entra a semana com um abacaxi bem mais sério: a briga de cachorro grande entre PT e PMDB pelo controle da Caixa Econômica Federal e dos bilhões em fundos que passam pelo bancão.

Não bastasse o apetite petista pela vice-presidência que controla fundos de governo, na mão do PMDB-RJ, a Folha revelou ontem um caso com potencial sísmico grande para o condomínio dilmista.

Trata-se da fraude atribuída a uma corretora, na qual investidores compraram papéis micados como se fossem de boa qualidade. Eles embutem no seu valor adiantamentos feitos pelo governo aos bancos emissores.

Só que durante sua venda, o sistema da Caixa que aponta a desvalorização do papel estava fora do ar, algo sob responsabilidade dessa vice-presidência do PMDB.

Ainda há várias questões a serem respondidas. Mas quem entende da coisa já diz que o caso é bizarro não só pela omissão da Caixa, mas também porque os papéis eram velhos conhecidos do mercado.

Entre os coitadinhos que caíram no conto da corretora e querem que o governo banque o prejuízo, segundo a versão rósea da Caixa, está o Postalis, fundo de pensão comandado pelo mesmo PMDB.

Como no Brasil dos políticos é mais importante saber de onde veio o tiro do que socorrer o ferido, é previsível que PMDB e PT se digladiem com ameaças de coxia. Em tempo: o vice da área está para ser reconduzido ao poderoso Conselho Curador do FGTS.

Tal disputa é boa por abrir bueiros do poder. Mas a inevitável ação dos bombeiros tende a escamotear a apuração da fraude em si, que ao fim pode sair por R$ 1 bilhão para os pagadores de sempre: todos nós.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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