sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Imprensa Governista :: Roberto Freire

O partido da imprensa Governista está exultante com a informação do Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios (CEBR, na sigla em inglês) mostrando que o Brasil ultrapassou o Reino Unido e ocupa atualmente a sexta posição no ranking das maiores economias do mundo. Por esses dados, parece que finalmente a velha Europa estaria se curvando diante da nova potencia das Américas e sua pujante economia. No entanto, basta um olhar mais atento para perceber o engodo, pois os dados coligidos pelo referido centro tratam do volume de comércio do país no contexto da economia globalizada.

Na imprensa europeia, o Brasil, conhecido mais por suas mazelas e proverbial desigualdade, está se tornando rapidamente uma das locomotivas da economia global, por conta de seus vastos estoques de recursos naturais e classe média em ascensão. A fantasia do "Brasil grande", que embalou os sonhos e a propaganda da ditadura militar é o mesmo que embala os sonhos edulcorados do governo petista, sempre pródigo no auto-elogio.

Poderíamos abstrair que a renda per capita na Inglaterra é de 40 mil dólares enquanto no Brasil é 12 mil, ou ainda que o salário mínimoinglês é quatro vezes maior que o brasileiro, e comparar somente as condições sociais do Brasil e do Reino Unido para que a verdade se estabeleça no que é mais importante na vida social, a qualidade de vida de seus cidadãos.

A partir do relatório de 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano — IDH, da ONU, combina três dimensões: uma vida longa e saudável, retratado pela expectativa de vida ao nascer; o acesso ao conhecimento, por conta dos anos médios de estudo e anos esperados de escolaridade; e, por fim, um padrão de vida decente: PIB (PPC) per capita.

Seguindo estritamente essa metodologia veremos que, no que respeita a expectativa de vida, enquanto o Reino Unido, segundo dados da ONU, ocupa a vigésima segunda posição,com um percentual geral (homens e mulheres) de 79,4 anos de vida, o Brasil está na nonagésima segunda, com 72,4.

Se compararmos a mortalidade infantil, teremos um quadro mais esclarecedor de nossa condição. Enquanto no Reino Unido o índice de mortalidade infantil (mortes/1.000 nascimentos) é da ordem de 4,8%. Com uma taxa de mortalidade para menores de cinco anos (mortes/1.000 nascimentos) de 6%. No Brasil, tais índices são da ordem de 23,6% para mortalidade infantil (mortes/1.000 nascimentos). E de 29,1% para a taxa de mortalidade para menores de cinco anos (mortes/1.000 nascimentos).

Se nos detivermos na escolaridade dos dois países, veremos o quão longe estamos das potências mundiais: o Reino Unido ocupa a décima nona posição no que respeita a taxa de alfabetização, atingindo99% de seu povo.O Brasil brilha na nonagésima quinta posição, atingindo 90,3 de sua gente.

Esses aspectos salientados nas últimas pesquisas da ONU que tratam da qualidade de vida dos países que a integram nos mostram claramente em que posição estamos das nações civilizadas do planeta: muito longe. Enquanto a propaganda governamental e seus instrumentos de manipulação contentam-se com a farsa do "Brasil grande", esse PIB para inglês ver desnuda a verdadeira face de um país, preso ao patrimonialismo e à partidarização de sua estrutura estatal, em benefício da nova classe dirigente que o PT representa.

Roberto Freire, deputado federal e presidente do PPS

FONTE: BRASIL ECONÔMICO

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