domingo, 18 de dezembro de 2011

'Meninos superpoderosos', os preferidos de Dilma

Gerson Camarotti, Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. Predomina nos corredores e nos bastidores do governo em Brasília a informação de que é marcada pelo atrito quase constante a relação da presidente Dilma Rousseff com a maioria de seus ministros. Mas há um grupo que se destaca pela proximidade e afinidade que conquistou com Dilma. O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) é um dos expoentes desse grupo. O comportamento da presidente em relação às suspeitas que pesam sobre as consultorias milionárias do ministro, reveladas pelo GLOBO, reforça o tamanho do seu prestígio no Planalto.

Quase um ano após a posse e muitas crises políticas depois, os ministros apontados como os mais influentes no Planalto são os que menos sofrem as consequências do descontentamento da presidente no dia a dia. Porém, mesmo eles, em alguns momentos, costumam receber broncas presidenciais.

Nesses quase 12 meses de governo Dilma, alguns deles são traídos pela vaidade e até vendem uma proximidade e cumplicidade acima da realidade. Mas é fato que conquistaram a confiança de Dilma uma trinca de ministros apelidados de "meninos superpoderosos": além de Pimentel, Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência).

Com Pimentel, conversas sobre o governo

Ministros da Saúde e da Integração Nacional vêm ganhando espaço

Um novato em Brasília, o ministro da Integração Nacional, o pernambucano Fernando Bezerra Coelho (PSB), que até agora tem apresentado um estilo discreto, também vem ganhando pontos no Planalto. Outro que tem agradado é o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Mas os dois não são considerados do grupo dos mais próximos.

De todos, Pimentel já era o mais próximo por ter convivido com Dilma na época da luta contra a ditadura. A primeira crise envolvendo Pimentel - a que tomou conta da campanha de Dilma, quando foi realizado um dossiê contra o candidato tucano José Serra - não a afastou de Pimentel. E na crise atual, pelo menos até agora, a presidente continua fiel ao amigo mineiro.

Pimentel acompanhou a presidente em praticamente todas as viagens e, até antes do caso das consultorias, era consultado por ela em assuntos importantes. Em Nova York, em setembro, por exemplo, Dilma discutiu em vários momentos com Pimentel o tom do discurso que faria nas Nações Unidas.

Ele tinha longas conversas com ela sobre questões políticas e era também conselheiro de problemas cotidianos. Na mesma viagem a Nova York foi Pimentel quem sugeriu o lugar do almoço, num bistrô francês, e um dos poucos que a acompanharam na visita aos museus.

Mercadante é cotado para assumir Educação

Outro ministro que ganhou a confiança de Dilma foi Aloizio Mercadante. Na última viagem à África, em outubro, Dilma sentiu falta de Mercadante e, na última hora, mandou incluí-lo na comitiva, obrigando-o a alterar toda a sua agenda. A afinidade dos dois cresceu também na avaliação sobre a condução da política econômica.

A proximidade com Mercadante cresceu tanto que, durante o processo de substituição do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, Dilma chegou a alertá-lo que ele era uma opção reserva. Logo depois, foi confirmada a nomeação de Celso Amorim. Agora, é citado nas rodas políticas como o preferido para substituir Fernando Haddad no Ministério da Educação.

Também tem conquistado pontos com a presidente o ministro Gilberto Carvalho. Apontado inicialmente como uma espécie de "olhos e ouvidos" do ex-presidente Lula, Gilberto ganhou a confiança da presidente ao longo desses primeiros meses. Tanto que ela o tem escalado cada vez mais para missões especiais.

Durante a crise que culminou com a queda do ex-ministro do Esporte Orlando Silva, Gilberto foi o principal interlocutor do Planalto junto ao PCdoB. Ele também mantém um contato permanente entre Dilma e Lula.

Já o ministro Fernando Bezerra, apesar de não ser do círculo íntimo, ganhou a admiração de Dilma na primeira crise de governo, quando houve a tragédia na Região Serrana do Rio. Segundo aliados, o titular da Integração aprendeu rapidamente a se adaptar ao padrão Dilma e passou a ser mais discreto. O oposto do perfil de sua carreira na política pernambucana, onde sempre teve muita visibilidade.

FONTE: O GLOBO

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