terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Pimentel já explicou tudo, afirma Planalto

Ideli diz que governo quer derrubar requerimento para que ministro fale no Senado sobre consultorias

Suspeito de tráfico de influência e sem apresentado comprovação dos serviços prestados por sua empresa de consultoria em 2009 e 2010, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, “tem prestado todos os esclarecimentos” necessários, na visão da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Após deixar a reunião da coordenação política do governo, Ideli disse que a estratégia é derrubar o requerimento no Senado, evitando que Pimentel tenha que explicar os serviços que lhe renderam R$ 2 milhões.

Para Planalto, Pimentel deu 'boas explicações'

Dilma conversou por telefone com ministro no domingo; denúncias abortam plano de incorporá-lo à coordenação política

Luiza Damé, Gerson Camarotti

BRASÍLIA. Apesar de ser alvo de denúncias sobre serviços de consultoria que prestou antes de virar ministro de Desenvolvimento, Fernando Pimentel continua com todo o apoio da presidente Dilma Rousseff. A declaração foi feita ontem, logo após reunião de coordenação de governo, pela ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Dilma participou da reunião. Entre 2009 e 2010, a P-21 Consultoria e Projetos Ltda., empresa da qual o ministro foi sócio, recebeu R$2 milhões em consultoria.

- Temos, em primeiro lugar, o apoio da presidente. Ele (Pimentel) acompanhou a presidente na viagem à Argentina. Temos a convicção de que o ministro Pimentel tem prestado todos os esclarecimentos - disse Ideli.

Mas, mesmo com o apoio oficial, auxiliares de Dilma reconhecem que Pimentel saiu arranhado do episódio. Tanto que o governo abortou a estratégia de dar maior visibilidade ao ministro, que seria incorporado à coordenação política do Executivo. Por enquanto, esse plano foi engavetado.

Ministro precisará de nova recuperação de imagem

No Palácio do Planalto, a constatação é a de que, caso não surja nenhum fato novo, o ministro do Desenvolvimento conseguirá sobreviver às denúncias. Mas há o reconhecimento interno de que ele sai desse episódio enfraquecido politicamente para ações de maior visibilidade. Por isso, a orientação do Planalto é para Pimentel mergulhar por algum tempo até enterrar definitivamente o assunto.

Ainda no domingo, a presidente Dilma Rousseff falou por telefone com Pimentel. Fez uma rápida avaliação política do quadro envolvendo o ministro. Segundo relatos, Dilma disse a Pimentel que gostou das entrevistas concedidas e publicadas no fim de semana, e ressaltou que ele "deu boas explicações" sobre suas consultorias.

Auxiliares mais próximos de Dilma lamentaram o desgaste sofrido por Pimentel nos últimos dias. Isso porque, depois de um longo trabalho de recuperação de imagem, ele estava reabilitado politicamente. Em 2010, Pimentel fora acusado de ter montado um núcleo de inteligência na campanha de Dilma, que teria sido responsável por fazer um dossiê contra o ex-candidato tucano José Serra. Pimentel sempre negou essa acusação. Agora, explicou um ministro, ele terá que passar por um novo período de recuperação de imagem.

Ontem, Ideli minimizou as denúncias, alegando que, quando prestou consultoria, Pimentel não ocupava cargo público. A consultoria foi prestada a partir de 2009, quando ele tinha acabado de deixar a prefeitura de Belo Horizonte.

- É sempre importante realçar que ele não estava exercendo nenhum cargo público quando exerceu o seu trabalho de economista, prestando consultoria. Ele não era nem ministro, não era prefeito, não era deputado, nem senador. Estava exercendo a tarefa dele de economista - afirmou a ministra.

Na semana passada, a base governista conseguiu evitar a convocação de Pimentel na Câmara. Nesta semana, o trabalho será para derrubar o requerimento no Senado.

- Semana passada, foram feitas avaliações e foram derrotados alguns requerimentos de ministros. Não era só do Pimentel. A impressão que temos é que os líderes têm feito uma avaliação de que as explicações dadas são satisfatórias, não havendo necessidade de levar o assunto para o Congresso. Agora vamos acompanhar o debate no Senado, onde temos um requerimento - disse Ideli.

FONTE: O GLOBO

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