domingo, 4 de dezembro de 2011

Quem avisou amigo foi :: Eliane Cantanhêde

O embaixador Marcílio Marques Moreira, que largou a presidência da Comissão de Ética depois que o então presidente Lula e o já ministro Carlos Lupi deram de ombros para uma determinação do órgão, critica: "Há uma incompreensão sobre o que significam a comissão e o conceito de ética para o setor público".

Incompreensão de quem? "Da presidente Dilma. É a mesma incompreensão do presidente Lula."

Durante a crise da sua saída da comissão, no final de 2007 e início de 2008, Marques Moreira alertou que o fato de Lupi acumular a presidência do PDT com a função de ministro poderia parecer uma questão menor, mas era proibido e acendia uma luz amarela. A autoridade tem de dar o exemplo, ser impecável.

Lula, porém, não deu bola, como Dilma não quis dar agora.

Relato do embaixador, fazendo a conexão do erro de origem de Lupi com os escândalos atuais: "Avisei que era necessário olhar com muita atenção o conflito de interesse, porque daí derivam coisas muito mais sérias. Foi exatamente o que aconteceu. É a velha história do "não me deixes cair em tentação"".

Segundo ele, a recomendação da Comissão de Ética para Dilma exonerar Lupi em nada atinge a autoridade da presidente: "Ao contrário, pois é a sugestão de um órgão de assessoramento da Presidência, feita por gente séria, que se debruçou responsavelmente sobre a questão".

O que ele não disse, mas muitos acham, é que a reação de Dilma, ao manter Lupi e questionar a comissão, tem a ver com a personalidade dela e com a avaliação palaciana de que o governo "não pode ser pautado pela imprensa". Como se tudo fosse mera queda de braço. Não é.

Com Lupi "sangrando", Dilma sob críticas e a comissão desmoralizada, só uma pessoa se deu bem: alguém tem ouvido falar do ministro das Cidades, Mário Negromonte?

PS - Enfim, férias! Bom Natal!

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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