segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Serra ganha tempo para vencer dilema

Paulo de Tarso Lyra

Ex-governador, ex-prefeito e por duas vezes candidato a presidente da República, o tucano José Serra ganhou do PSDB um tempo maior (até março) para decidir se concorre ou não à prefeitura de São Paulo. Até o momento, tem insistido que não é candidato, mas aliados afirmam que é jogo de cena. Ele deve arrastar até o fim o prazo para confirmar que disputará o cargo.

A escolha, no entanto, é complexa: a disputa municipal de 2012 poderá ser a última dele após a expressiva votação no segundo turno da eleição presidencial de 2010. Se não concorrer, aí sim, poderá ficar restrito a palestras e mensagens nas redes sociais.

As chances de Serra ser eleito prefeito são grandes. Ele aparece na frente nas pesquisas de intenção de voto, conta com o apoio da máquina estadual do PSDB, já ocupou o cargo e é bastante conhecido dos paulistanos. O ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), é quase incógnito para a maior parte dos eleitores, e para outra parte é associado ao recorrente vazamento de questões no Enem. Segundo um serrista, será fácil argumentar que alguém que não consegue administrar um exame não pode administrar uma cidade complexa como São Paulo.

Se for vitorioso, contudo, Serra praticamente fica amarrado ao cargo. Em 2004, ele rasgou um compromisso escrito e largou o mandato de prefeito para concorrer ao governo estadual. Os paulistanos já avisaram que não aceitariam a repetição da novela. Tampouco Serra terá margem interna na legenda, já que o PSDB tem dado sinais claros de quais são seus favoritos em 2014. Não existem razões para que Alckmin não concorra à reeleição ao governo estadual. E, no plano nacional, a despeito de alguns setores minoritários, a cúpula tucana emite sinais inequívocos de que chegou o momento do senador Aécio Neves (PSDB-MG). "Ser prefeito de São Paulo é um excelente cargo. Se você tem um cavalo
encilhado passando à sua frente em 2012, por que esperar para ver se passa outro em 2014?", pondera o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP).

Mas Serra pode, é óbvio, perder a eleição para prefeito. Sua taxa de rejeição entre os eleitores é alta. E apesar de ele ter mais experiência que Haddad, existe o fator Lula, que os tucanos parecem ter aprendido a não subestimar. "Veja o que ele fez com a Dilma Rousseff ano passado", recorda-se um articulador tucano. Na avaliação dele, se Lula se curar do câncer de laringe, ganhará maior vitalidade e também aura de santo, que lhe permitirá atropelar quem ele quiser.

Nas últimas semanas, Serra intensificou sua movimentação política, antes restrita a artigos nos jornais, com forte tom oposicionista. O tucano reuniu, há 10 dias, um grupo de economistas renomados na Casa do Saber, nos Jardins, em São Paulo, para discutir economia e política."A intenção da palestra foi municiar nossos candidatos a prefeito no debate político de 2012", explica o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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