sábado, 23 de abril de 2011

Reflexão do dia – Eduard Bernstein

A meta não é, entretanto, um fato simplesmente determinado de antemão pela teoria cuja realização se espera que ocorra de modo mais ou menos fatalista, se não se trata predominantemente de meta desejada, ou seja, pela qual se luta. É claro que na medida em que se fixa esta imagem futura como meta, e na medida também em que a atuação presente depende da mencionada meta, o socialismo tem necessariamente algo de utopia. Ao dizê-lo não quero significar que aspira a algo impossível ou improvável, mas apenas indicar que leva em si uma certa porção de idealismo especulativo que contém um elemento não demonstrado cientificamente verificável. A ciência aqui em questão, a sociologia, não pode prever com a mesma segurança com que as ciências exatas podem prognosticar determinados fenômenos se inevitavelmente se tornará realidade um dia a forma de sociedade a que aspira o socialismo. A única coisa que pode estabelecer são condições que poderiam levar à sua realização e calcular aproximadamente seu grau de possibilidade.

BERNSTEIN, Eduard (1850-1932). Socialismo evolucionário, págs. 10-11. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1997


Ministério tem 70% do pessoal sem concurso

O número de ocupantes de cargos de confiança continua muito alto no governo federal, apesar da contratação de 115 mil servidores por concurso público no governo Lula. No Ministério do Desenvolvimento Social, por exemplo, 70% do total de funcionários têm cargos comissionados. Em toda a administração, os cargos de confiança já chegam a 89.550.

Há ministério com 70% de cargos comissionados

Número de postos de confiança na administração direta e em autarquias e fundações chegava a 89.550 em março

Regina Alvarez

BRASÍLIA. Mesmo tendo admitido 115 mil servidores públicos por meio de concurso na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo federal ainda trabalha com uma parcela muito elevada de cargos de confiança em alguns ministérios. Levantamento feito com base em informações do Portal da Transparência revela que, em alguns casos, os cargos comissionados correspondem a 70% do quadro de funcionários. Esse é o caso do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), que tem 586 cargos de confiança para um total de 839 funcionários. Em março, o número de cargos e funções de confiança na administração direta e em autarquias e fundações chegava a 89.550.

Pela distribuição atual desses cargos, em seis ministérios e na Presidência da República, o número de comissionados supera 50% do quadro de funcionários. Esse levantamento não considera os terceirizados, que não aparecem em qualquer estatística do governo.

No caso do Ministério do Desenvolvimento Social, a maioria dos cargos de confiança é DAS (Direção de Assessoramento Superior). Pelos números disponíveis no Portal da Transparência, existem na pasta 475 funcionários nessa condição, 81% dos cargos de confiança.

No Esporte, 64% das vagas são ocupadas sem concurso

No Ministério do Esporte, para um quadro de 348 funcionários, 223 são comissionados (64%), sendo que 195 têm DAS, o equivalente a 87% dos cargos de confiança.

Os DAS são os cargos de confiança mais disputados no governo federal por serem de maior valor. A remuneração varia de R$2.115, no caso de DAS-1, a R$11.179, no caso de DAS-6, que equivale ao cargo de secretário na estrutura da Esplanada.

No Ministério da Pesca, são 341 cargos de confiança, que correspondem a 56,6% do total de funcionários (602). Entre os comissionados, 292, ou 85%, recebem DAS. Já no Ministério do Turismo, 56,3% dos cargos são comissionados. Para um total de 430 funcionários, 242 são cargos de confiança, e 90% desses cargos são DAS.

No Ministério do Desenvolvimento Agrário, de um total de 522 funcionários, 330 são cargos comissionados, equivalente a 63% do quadro. No Ministério de Minas e Energia, os cargos comissionados somam 486, contra 711 cargos efetivos (68%).

Na Presidência da República, os cargos de confiança correspondem a 85% do total de funcionários em exercício. São 3.127 comissionados para um total de 3.656 funcionários, mas, neste caso, a situação é especial, já que a Presidência não possui um quadro permanente de pessoal. Todos os funcionários são transferidos de outros órgãos ou apenas comissionados.

No Ministério do Planejamento, porém, 50% dos servidores da pasta têm algum tipo de cargo ou função comissionada: são 1.796 cargos de confiança para um total de 3.589 funcionários.

Segundo o Planejamento - que controla e autoriza as nomeações e distribuição de cargos e funções comissionadas na administração direta -, os cargos e funções gratificadas cumprem várias funções na administração. Servem para reforçar os salários de carreiras defasadas, em alguns casos, e para compor o quadro de ministérios novos que ainda não conseguiram realizar concursos públicos.

O Ministério do Desenvolvimento Social, criado em 2004, informa que ainda está em fase de estruturação do quadro e possui, no total, 1.445 funcionários, pois tem outros 611 terceirizados.

"O MDS considera ainda insuficiente o número de servidores que atuam na pasta tendo em vista que os seus programas, serviços e benefícios funcionam em todos os municípios brasileiros", diz nota da pasta.

Para expandir os seus quadros, informa, realizou dois concursos públicos e fez uma reestruturação dos cargos de direção e assessoramento (DAS). Também precisou terceirizar algumas atividades permitidas pela legislação vigente.

Contratação de concursados foi suspensa no Turismo

O Ministério do Turismo argumenta que "servidores contratados em cargos comissionados têm especialização específica, e as contratações em cargos comissionados são efetivadas com prévia autorização do Planejamento". Segundo a assessoria, o Ministério do Turismo e a Embratur realizaram concursos, e 112 pessoas foram aprovadas, mas as contratações foram suspensas em janeiro, por decisão do Ministério do Planejamento.

O Ministério do Esporte, criado em 2003, informa que tem o quadro de servidores formado basicamente por comissionados e cedidos por outros órgãos. E que, em 2008, foi realizado concurso público para suprir vagas apenas em áreas técnica de nível médio e superior.

O Ministério de Minas e Energia informa que não possui carreira específica para a gestão de suas atividades, "o que o obriga a buscar profissionais fora da administração ou manter os servidores que se aposentam", com gratificações.

O Ministério da Pesca e Aquicultura argumenta que é uma pasta nova, criada em junho de 2009, e neste período teve autorização para realizar apenas um concurso, "com contratação de apenas cem servidores dos 150 selecionados". (...) "É uma pasta em estruturação que necessita de pessoal capacitado para as diversas atividades", diz nota da assessoria.

FONTE: O GLOBO

Custo alto da energia tira indústrias do Brasil

O alto custo da energia elétrica, a invasão de produtos chineses e os incentivos tributários dados por outros países estão deixando o Brasil em segundo plano na rota de investimentos de multinacionais. O movimento é mais forte nos setores eletrointensivos, em que o custo da energia é um dos principais itens do preço final, como alumínio, siderurgia, papel e petroquímico. No caso do alumínio, a situação é a mais crítica. A Novelis fechou sua fábrica em Aratu (BA) e deve migrar para o Paraguai.

Energia cara tira indústrias do Brasil

Multinacionais reclamam também dos tributos e da concorrência chinesa e preferem investir em outros países, como o Uruguai

Karla Mendes

BRASÍLIA - O alto custo da energia elétrica, a invasão de produtos chineses e os incentivos tributários concedidos por outros países estão deixando o Brasil em segundo plano na rota de investimentos de empresas multinacionais.

Estudo feito pelo Estado, com fontes do mercado, mostra que fábricas de setores eletrointensivos - em que o custo da energia é um dos principais componentes no preço final do produto, como alumínio, siderurgia, petroquímico e papel e celulose - estão fechando unidades no País ou migrando para outros locais por causa da perda de competitividade no mercado brasileiro.

Nesse contexto, enquadram-se pelo menos sete companhias. A Rio Tinto Alcan está em negociações "avançadas" para instalar a maior fábrica de alumínio do mundo no Paraguai, com investimentos entre US$ 3,5 bilhões e US$ 4 bilhões para produzir 674 mil toneladas de alumínio por ano. A Braskem vai inaugurar unidade de soda cáustica no México e faz prospecção em outros países, como Peru e Estados Unidos.

A Stora Enso, que abrirá em breve fábrica de celulose no Uruguai, admite que, apesar de a produtividade brasileira ser o dobro, essa vantagem é "desperdiçada" pela incidência de impostos. No caso da produção de papel, o preço do produto fabricado no Paraná é mais alto que os similares feitos no exterior.

A siderúrgica Gerdau Usiba, na região metropolitana de Salvador (BA), esteve paralisada por causa do alto custo da energia. A Valesul Alumínio, em Santa Cruz (RJ), também ficou fechada pelo mesmo motivo.

Nesse setor, aliás, a situação é crítica. A Novelis fechou fábrica em Aratu (BA) e, segundo fontes, pode migrar para o Paraguai. A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), do Grupo Votorantim, está prestes a abrir filial em Trinidad e Tobago.

Importação. Nesse segmento, a avalanche de produtos chineses é outra ameaça. A importação de alumínio chinês, que até 2009 ficou num patamar de 17 mil toneladas, saltou para 77 mil toneladas em 2010, que é o nível mínimo projetado para 2011, de acordo com Eduardo Spalding, coordenador da Comissão de Energia da Associação Brasileira do Alumínio (Abal). "A China, daqui a dez anos, vai ter produção de alumínio igual à do resto do mundo todo somado", adverte.

Outra agravante, segundo ele, é a importação de produtos acabados, sem possibilidade de agregar valor à mercadoria no País. Nesse ritmo, avalia Spalding, o Brasil passará da condição de exportador para importador de alumínio em 2012.

"No Brasil, se nada for feito, o risco é de o setor sumir. Temos vários exemplos de países em que a indústria do alumínio fechou em dois anos. Há mais de 25 anos, nenhuma nova fábrica se instala no Brasil. O que tivemos foi expansão das já existentes e, mesmo assim, parou tudo", diz Spalding.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Leituras enviesadas :: Marco Aurélio Nogueira

Não houve quem não tenha lido, comentado ou tomado posição. Sinal de que havia ali algo incômodo: uma provocação eficiente, uma verdade finalmente revelada ou a confirmação cabal de algo conhecido, mas que parecia esquecido.

O artigo publicado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na revista Interesse Nacional levantou poeira por todos os lados. Pautou o processo político, embora tenha manifestado dificuldade de obter ressonância prática, a começar no terreiro mesmo de seu partido, o PSDB.

A efervescência por ele provocada foi tão intensa que ficou difícil realçar seu núcleo argumentativo. Quem tentou fazer isso foi estigmatizado como apoiador do ex-presidente, tucano enrustido ou antipetista visceral. Alguns foram tachados de prepotentes por quererem ensinar os demais a lerem um texto simples, claro como a luz do sol, que nada mais seria que a confissão do sobejamente conhecido elitismo de FHC.

Isso porque o ex-presidente escreveu que a oposição, se quiser voltar ao centro do palco, precisa dar mais atenção às emergentes classes médias que se descolam do "povão" e parecem estar em busca de quem as represente na política nacional. Foi uma frase contundente, mas muitos leitores, em vez de a interpretarem literalmente - como uma diretriz política e eleitoral -, preferiram desconstruí-la para salientar o propalado "horror de FHC ao povo". Ejetaram o ex-presidente do campo democrático.

Foi desonesto, ainda que politicamente compreensível. Pior foi o que se seguiu. O líder petista Lula, instado a se manifestar, não perdeu a chance de soltar uma sentença que tem tanto de rusticidade quanto de malícia: "O povão é a razão de ser do Brasil". Para emendar, aproximou FHC do ditador João Figueiredo, que "preferia o cheiro de cavalos ao cheiro do povo". Tentou amenizar, observando que não conseguiu "entender o que FHC quis dizer", mas esse acesso de modéstia não diminuiu o peso da grosseria, que evidentemente repercutiu.

A discussão deixou de lado o bê-á-bá. Se um tucano, querendo vencer as próximas eleições, percebe que parte do eleitorado está sob controle do adversário, se percebe que o "povão" está com o PT, por exemplo, a atitude mais inteligente é ir atrás do restante. Essa a tese do artigo. Ao formulá-la, FHC também fez política. Autoelogiou-se, forçou a barra ao atacar a situação, não perdoou sequer seu próprio partido. Com isso atraiu a fúria dos céus. Disse que o PSDB e seus aliados falarão sozinhos se persistirem em disputar com o PT a influência sobre "as massas carentes e pouco informadas", dando margem a que se visse nisso um desprezo por elas. Acrescentou que o PT controla o "povão" porque seus governos "aparelham e cooptam com benesses e recursos", que são mais eficazes do que a palavra dos oposicionistas, permitindo que se o criticasse pela parcialidade, ou seja, por não reconhecer que os governos tucanos também se valem de benesses e cooptação quando gerenciam suas políticas públicas.

Foram frases cortantes, parciais, discutíveis, mas não propriamente falsas. Seu ponto era definir o público-alvo das oposições: todo o vasto segmento social integrado pela classe média, pelas novas classes possuidoras, pelos novos profissionais. Um segmento que, em sua visão, estaria ausente do jogo político-partidário, ainda que viva profundamente conectado nas redes sociais. Se as oposições forem ousadas e buscarem interpelá-lo, encontrarão um eixo e poderão voltar a sorrir. Delineou-se assim um ambicioso "programa" de ação: disputar a hegemonia na política, não somente o controle de recursos de poder. A mensagem deu destaque à retomada da circulação de ideias via rede de palestras, artigos e debates que "mergulhem na vida cotidiana e tenham ligações orgânicas com grupos que expressam as dificuldades e anseios do homem comum". Fixar um público e caprichar na explicitação do conteúdo da mensagem.

Acontece que o público definido pelo ex-presidente é objeto de desejo de todos os políticos: as classes médias, setor sabidamente informe e mal conhecido, cercado de desconfianças políticas e ideológicas, mas predestinado a crescer sempre mais. Inevitável que seja alvo de cobiça e atenção. Tanto que Lula, no vácuo aberto pelo artigo de FHC, não se fez de rogado e propôs aos petistas que façam concessões à direita para minar a prevalência do PSDB em São Paulo. Ir para a direita, nesse dialeto, significaria aliar-se a políticos conservadores e avançar sobre a nova classe média e os "órfãos do malufismo e do quercismo". Linguagem cifrada à parte, Lula copiou FHC.

O diálogo político com a classe média integra toda plataforma democrática e progressista. Promovê-lo não poderia significar "ir para a direita", do mesmo modo que os que estão ao lado do povo não são necessariamente de esquerda. Tanto quanto classe média, "povão" é termo genérico e impreciso. Pode significar o conjunto dos pobres, as massas carentes, os desorganizados ou mesmo aqueles que não têm uma classe definida. Qualquer posição política interessada de fato em construir uma sociedade melhor concebe esse segmento como algo a ser superado, não como objeto a ser conquistado eleitoralmente.

Entre classes, ideologias e votos não existem alinhamentos automáticos. Uma política progressista, de esquerda, que discrimine setores sociais correrá o risco de trair a própria causa, de praticar uma política "social", e não uma política de Estado voltada para a comunidade como um todo. Além do mais, a classe média é um fato da vida e cresce na medida mesma em que se mostram eficazes as políticas sociais destinadas a reduzir a pobreza. O pobre que deixa de ser pobre pode até ser agradecido ao governo que o libertou, mas estará disponível para novas aventuras políticas pelo próprio fato de ter ingressado em outro universo social.

Ao abrir essa discussão, o artigo de Fernando Henrique Cardoso lançou um repto a todos.

Professor titular de Teoria Política da UNESP.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Infidelidades:: Merval Pereira

Mais uma vez, caberá ao Judiciário decidir uma questão eminentemente política e eleitoral que está mexendo com o mundo político: a legalidade da criação do PSD, o partido que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, está formando com políticos originários de vários partidos.

O PPS - um dos que estão sendo afetados com a perda de filiados - entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal questionando resolução do TSE que reconhece a hipótese de criação de novo partido como justa causa para que qualquer político abandone a legenda pela qual foi eleito, sem o risco de perder o mandato.

A Adin do PPS foi distribuída ao ministro Joaquim Barbosa, a quem cabe decidir, nos próximos dias, sobre o pedido liminar de suspensão imediata do inciso daquela resolução do TSE que trata do assunto específico.

O tema é de tal relevância para o quadro partidário que pode ser considerado de "especial significado para a ordem social e a segurança jurídica", permitindo até que o ministro Joaquim Barbosa, em vez de decidir monocraticamente, leve o pedido liminar ao julgamento do Pleno do Supremo.

O partido do prefeito Kassab transformou-se, na prática, na janela do troca-troca de partido que até o momento não foi aberta pela reforma política que está sendo debatida no Congresso. O Senado não abriu essa chance aos que querem mudar de legenda.

A Adin anti-PSD elaborada pelos advogados Renato Galuppo e Fabrício de Alencastro Gaertner argumenta que, quando o STF decidiu que os mandatos eletivos pertencem aos partidos e não aos seus ocupantes, em 2007, definiu que o TSE regulamentaria a questão, mas não lhe deu "um cheque em branco" para legislar sobre as hipóteses de justa causa para que os mandatários possam se desligar de suas legendas de origem.

O presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire, define assim a questão: os políticos podem deixar seus partidos para criar outro, mas não podem levar consigo seus mandatos, já que estes pertencem ao partido pelos quais foram eleitos, por decisão do Supremo Tribunal Federal. Seus suplentes deveriam assumir o mandato.

O advogado Paulo Barreto, especialista em legislação eleitoral, apresenta dois argumentos que a medida do PPS não cogitou:

- Primeiro: a infidelidade partidária, grosso modo, pode ser comparada à infidelidade conjugal. No caso de o marido (ou a esposa) deixar a sociedade marital para constituir novo casamento, evidentemente ele (ou ela) não vai "carregar" todos os seus bens.

Absurdo, então, nessa linha de comparação, que o mandatário saia do "casamento" que o elegeu para construir outro "casamento" levando consigo o único bem existente: o mandato eletivo.

- Segundo: a criação de novo partido como justa causa para abandono da sigla de origem também precisa ser analisada sob o ponto de vista do conteúdo programático da nova legenda.

Se for uma nova agremiação de programa/proposta totalmente díspar, a infidelidade partidária será gritante: o sujeito foi eleito defendendo/representando o programa "X" e agora quer fundar um novo partido com o programa "Y".

Se for para fundar novo partido de programa similar, parecido ou não conflitante com o da sigla de origem, que nesta permaneça, pois nada justifica a mudança.

Por outro lado, a favor do PSD, há duas fortíssimas razões de ordem constitucional: o pluripartidarismo, no qual o nosso sistema político está fundado; e a liberdade de associação, que impede que alguém seja obrigado a se associar ou permanecer associado onde quer que seja, prevista na Constituição.

Outro dia, comentando na CBN os problemas de infraestrutura para a realização da Copa do Mundo de 2014, disse que não havia antecedentes de uma Copa ter sido cancelada por falta de condições do país-sede. Mas estava enganado.

O leitor-ouvinte Célio Silva Santos relembra que a 13ª edição da Copa do Mundo de Futebol, que aconteceu em 1986, foi cercada de dúvidas e apreensão.

A Colômbia passava por sérios problemas econômicos e sociais, e, em 29 de setembro de 1982, quatro anos depois de ter sido escolhida para sede, o presidente Belisario Betancur anunciou que não haveria mais patrocínio para a competição e que a Colômbia iria se preparar melhor para sediar a Copa de 1994.

Como a Copa do Mundo de 1986 seria realizada na América, em junho de 1983, o Comitê Executivo da Fifa escolheu o México, o primeiro país a sediar a Copa do Mundo duas vezes ? já o havia feito em 1970.

De acordo com os pesquisadores do Ipea, a média de prazo de obras de infraestrutura de transporte no país é de 80 meses após o fim da fase de projetos. As obras dos aeroportos de Manaus (AM), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Guarulhos (SP), Salvador (BA), Campinas (SP) e Cuiabá (MT) em 2010 ainda estavam em fase de projeto e só ficarão prontas em 2017, caso os prazos médios de elaboração de projetos, licenciamentos etc. sejam iguais aos da média no país.

Já os de Confins (MG) e Porto Alegre (RS) estão com projetos básicos prontos, mas também correm o risco de não ficarem prontos a tempo da Copa.

O Brasil não tem problemas econômicos nem sociais para realizar a Copa. Tanto na política futebolística quanto na geopolítica internacional, o peso do Brasil é incomparavelmente maior do que o da Colômbia.

Mas, até o momento, muita politicagem e incompetência administrativa impedem que fiquemos tranquilos. E não se trata de "complexo de vira-lata".

FONTE: O GLOBO

Três propostas eleitorais:: Cesar Maia

Segue o debate, e o impasse, sobre a reforma eleitoral.

Seria melhor deter-se sobre o processo eleitoral em si, fazendo uma análise comparada com os demais países.

Três questões se destacam.

A primeira questão é sobre o debate na televisão. Em nenhum país, e em especial nas democracias maduras, o debate pode ser feito na semana da eleição -menos ainda na antevéspera.

Nos EUA e na Europa, o último debate ocorre duas semanas antes. Vários estudos nos EUA mostram que o impacto da coreografia dos debates na TV se dilui em até quatro dias.

O debate deve aprofundar as questões políticas, e não se propor a pegadinhas, a gracinhas e a agressões, ou a dar vantagens aos televisivos.

Com um prazo maior, efeitos desse tipo se diluem e o eleitor volta a decidir sobre as questões da campanha.

A segunda é sobre as pesquisas. Alguns países exigem currículo dos institutos, evitando que criações pré-eleitorais divulguem seus resultados. A grande imprensa faz sua seleção, mas não é geral. E publicidade paga não se nega.

Outro aspecto é o prazo limite de publicação de pesquisas. Alguns países exageram estabelecendo limites amplos.

Mas -por outro lado- a divulgação na véspera e no dia da eleição, é um exagero, sempre reforçado pelas manchetes.

A terceira questão é a mais grave de todas. A compra de votos, a cada ano, se torna mais escandalosa no Brasil. É feita por meio de um eufemismo: "cabos eleitorais".

Milhares são contratados por 90 dias, depois por mais 60 dias, por mais 30 dias e finalmente exponenciados nos últimos três dias.

A legislação, ingenuamente, proíbe a boca de urna, mas permite as bandeiras e outras alegorias até no domingo.

Em 2010, levantamentos em diversos locais do Rio confirmaram que os pagamentos são feitos de forma ascendente, desde três meses antes, até os últimos três dias, quando valem 20% do salário mínimo ou mais. E que 90% dos "cabos eleitorais" vão votar no candidato que os contrata.

Um candidato a deputado bem patrocinado, põe nos últimos três dias 40 mil "cabos eleitorais" pelo Estado. Estima-se que o gasto oculto com "cabos eleitorais" seja maior que todos os gastos de campanha declarados, dos majoritários e dos proporcionais.

Em vários países, aplica-se a lei do silencio a partir da sexta-feira anterior à eleição, no domingo. Isso vale para todo tipo de manifestação, sejam panfletos, colinhas, bandeiras ou carros de som.

Esses três dias são chamados de dias de reflexão, para que o eleitor, depois de ter recebido todas as informações e impulsos na campanha, possa tomar a sua decisão sem pressões e sem dinheiro. Corrigir essas três questões vale uma reforma eleitoral. E é questão apenas de vontade.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Além da segurança :: Cristovam Buarque

O assassinato brutal de 12 crianças em uma escola em Realengo não afetará o PIB de 2011. Por isso, corremos o risco de um fato tão grave ser esquecido dentro de pouco tempo, como aconteceu com o assassinato de seis crianças em Luziânia, Goiás, em 2010. Isso porque ainda estamos presos à economia e ao imediatismo. Quando ocorre um crime como o de Realengo, a busca pela segurança prevalece sobre a ideia da paz. Desde essa tragédia, surgiram várias propostas para evitar a violência nas escolas: muros, detectores de metal. Mas não são solução para formar as futuras gerações que governarão o País. Mesmo para garantir a segurança imediata é preciso ter a perspectiva da paz, no médio e longo prazo. E para isso, devemos entender melhor o problema da violência nas escolas.

A sociedade brasileira é violenta, e é difícil imaginar uma escola em paz cercada pelo tráfico, pelo assassinato de crianças, por lares violentos. Existe ainda a violência da miséria convivendo com a riqueza, ainda mais em uma sociedade permissiva e que não pune a violência que se espalha diariamente.

É preciso lembrar que nos últimos cinco anos foram assassinadas mais de 10 mil crianças, que muitos outros milhares morreram por falta de cuidados. E que há uma violência aceita com naturalidade: o vandalismo na escola, das cadeiras quebradas, dos prédios degradados por atos de alunos ou pela omissão de governantes; o desrespeito ao professor; o bullying generalizado. A construção da paz depende de uma mudança cultural, mas também de leis que estimulem o respeito pela escola e a punição de todos os crimes: dos assassinos em massa aos vândalos.

Um dos passos é criar no MEC um setor educacional dedicado à segurança, sob a ótica da paz. Para construir um pacto dentro da sala de aula, envolvendo professores, alunos, pais e servidores, e proteger os arredores da escola, usando a capacidade e a competência dos policiais. A escola passa a ser pacífica por dentro, e protegida de forma invisível por fora. Projeto nesse sentido está no Senado desde 2008, é o PLS 191.

Isso não basta, pois a violência não existe apenas na escola, afeta milhões de crianças que não têm um setor público federal que tome conta delas: uma Agência (Secretaria Presidencial) Nacional de Proteção à Criança e ao Adolescente. Como já existem para jovens, afro-descendentes, mulheres, índios. Um projeto de lei nesse sentido foi apresentado ao Senado há quase seis anos. Cinco dias depois da tragédia de Realengo, a Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados mandou arquivar, porque ele envolvia algum custo. Foi aprovada a criação de um ministério para cuidar das pequenas e médias empresas, mas falta dinheiro para cuidar dos pequenos e médios brasileiros.

Também está tramitando no Senado o PLS 518/2009, que propõe concentrar a ação do MEC na educação de base. Nem é preciso criar um novo ministério, as universidades podem ser bem cuidadas pelo Ministério de Ciência e Tecnologia.

Ajudaria a trazer paz às escolas o PLS 480/2007, pelo qual seria falta de decoro um político eleito proteger seus filhos em escolas privadas, abandonando as públicas para os filhos dos seus eleitores. Esse também está engavetado na Comissão de Constituição e Justiça.

Cabe lembrar que a paz na escola só virá se tivermos escolas com qualidade. Só temos um caminho: criar uma carreira nacional do magistério básico e um programa federal de qualidade escolar em horário integral. Projeto para ambos tramita no Senado desde 2008.

Finalmente, é preciso implantar o cartão federal de acompanhamento de toda criança, desde o nascimento, ou mesmo antes, desde a gestação, como o MEC iniciou os estudos em 2003.

Depois de assistirmos a tantas mortes, de sabermos que nossas escolas são depredadas e violentadas diariamente, esperemos que a monstruosidade cometida em Realengo desperte a população para a importância de ir além da segurança e construir a paz de que todas as escolas precisam.

Cristovam Buarque é senador (PDT-DF).

FONTE: O GLOBO

Pro trabalhador, bacalhau:: Celso Ming

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, corre certo risco de se tornar conhecido como a rainha Maria Antonieta do governo Dilma.

Na última terça-feira, ele afirmou que há maneiras mais eficientes de combater a inflação. E deu um exemplo: os trabalhadores devem agir mais conscientemente e, em vez de carne, que ficou cara, devem consumir bacalhau.

Não consta que alguém tivesse avisado Maria Antonieta de que os brioches que ela recomendara para consumo dos seus súditos pouco antes da Revolução Francesa eram bem mais caros do que o pão que o povão também já não podia comprar.

Mas ainda há tempo para alguém avisar o ministro Lupi de que o quilo de bacalhau que ele está recomendando apenas episodicamente sai mais barato do que a carne consumida pelo trabalhador brasileiro.

Mas não é propriamente por essa recomendação que o ministro Lupi deve merecer reparo. Deve merecer pelo que ele pensa sobre a inflação e pela ordem de prioridade que seu contra-ataque deve receber do governo de que participa.

Lupi assim se expressou terça-feira: "A inflação não é esse diabo que muita gente fala. Temos de combater a inflação, mas sem sacrificar o crescimento". Assim, o ministro bombardeia a política de juros aplicada como terapia contra a inflação, porque, segundo ele, prejudica o emprego e o interesse do trabalhador.

Infelizmente, muita gente no Brasil pensa como o ministro Lupi e, por pensar assim, deve ter estranhado as frequentes declarações do ex-operário Lula da Silva, que em seu governo sempre julgou a inflação nefasta para a vida do trabalhador. Lula nunca desautorizou seus cães de guarda no Banco Central a atacá-la com a ferocidade dos juros.

Não há nos manuais da Economia Política a antinomia entre combate à inflação e garantia do crescimento econômico. Ou seja, não há sobre isso recomendação excludente, do tipo "ou se faz uma coisa ou se faz outra". Todos os estudos sobre o assunto mostram que a inflação pode, de início, dar a impressão de que estimula o consumo, mas sempre produz duas vítimas: a primeira é o salário do trabalhador e a outra é o próprio crescimento econômico. A escalada de preços derruba o investimento e também a saúde de qualquer economia.

Isso significa que uma das precondições (embora não suficiente) para a obtenção de um crescimento econômico sustentável é o controle da inflação. A ideia de que uma inflaçãozinha a mais não é o diabo e que pode ser tolerada, como pensa o ministro do Trabalho, tende a adiar o contra-ataque e esse adiamento torna as coisas bem mais difíceis depois, especialmente se a inflação engatar a terceira marcha.

Lupi parece até mesmo fora de sintonia com o discurso do governo de que participa. Como seu partido, o PDT, se posicionou contra o governo na questão do reajuste do salário mínimo (a proposta defendida pelo PDT era de um reajuste mais alto), a presidente Dilma Rousseff o ameaçou de demissão.

E a falta de sintonia continua. Desde seu pronunciamento de posse, a presidente Dilma vem repetindo que a prioridade de seu governo é o combate à inflação. Lupi pensa diferente.

CONFIRA

As cotações do ouro não param de subir. Este é o resultado da crescente perda de confiança na capacidade de o Tesouro americano honrar sua dívida. Reflete, também, a desvalorização do dólar ante as outras opções de aplicação: cada vez mais são necessários mais dólares para comprar o mesmo ativo.

O tamanho da alta

A onça-troy de ouro (31,1 gramas) subiu em dólares 5,7% em 2011 e bateu recorde depois de a Standard & Poor"s colocar a classificação dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos em "perspectiva negativa".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

A volta do México:: Míriam Leitão

O economista mexicano chama-se Brasil. Brasil Alberto Acosta Peña. Ele está otimista em relação à economia do seu país acreditando que a recuperação continua. O México no ano passado cresceu 5,5% e deve crescer 5% este ano, mas parte disso é recuperação depois da queda de 2009. O país enfrenta dois problemas graves decorrentes da longa fronteira com os Estados Unidos.

Ter três mil quilômetros de fronteira com a maior economia do mundo acaba provocando uma excessiva dependência econômica. Além disso, é por lá que passa a droga que vai para o mercado americano. Alguns pontos da fronteira com o México, como Ciudad Juárez, hoje viraram símbolo de violência.

Numa recente viagem feita ao país, a repórter Valéria Maniero recolheu impressões sobre um país que tem essa contradição insanável: por ser tão próximo da maior economia do planeta, tem saltos quando ela cresce; por ser tão próximo, despenca quando os Estados Unidos têm crise.

O jornalista Carlos Mota, colunista de negócios do jornal Milênio Diário, lembra que mais de 80% de tudo o que o México exporta vão para os Estados Unidos. Por isso a economia foi tão afetada pela crise americana, chegando a cair 6,1% em 2009.

- As exportações de manufaturas estão de volta, assim como as de produtos primários. Mas o país tem buscado diversificar seus mercados fazendo acordos comerciais. Vai aprofundar um tratado com a Colômbia, fechar um com o Peru e começar a negociação de outro com o Brasil.

Professor de política comercial da PUC-Rio, Carlos Frederico Coelho conta que o México fez nos últimos anos 44 acordos comerciais, ao contrário do Brasil, que ficou preso no Mercosul. O problema é que o México virou refém desse dilema: quanto mais abre, mais exporta para os Estados Unidos, confirmando a dependência excessiva do mercado americano.

A relação comercial entre Brasil e México está claramente subdimensionada. Poderia ser mais intensa. No primeiro trimestre do ano, o comércio bilateral foi de menos de US$2 bilhões. Entre os dias 13 e 15 de junho haverá uma missão brasileira no México. Eles estiveram aqui uma semana antes do carnaval. Mas segundo o professor brasileiro, há mais interesse de empresários brasileiros do que de mexicanos no acordo. Eles temem a competição do nosso agronegócio, muito mais eficiente do que o deles. O professor acha que os mexicanos enfrentam uma "fadiga do livre comércio" e querem mais política industrial.

Mesmo em crise, o comércio internacional parece vigoroso para os padrões brasileiros. A corrente de comércio chega a meio trilhão de dólares. Em 2010, o México exportou US$298,4 bilhões e importou US$301,4 bilhões, segundo o Instituto Nacional de Geografia e Estatística.

- Os bens manufaturados representam 82,4% do total, petróleo e derivados de petróleo, 14%, e bens agropecuários, 2,8% - diz Brasil.

Quem olha os indicadores do México se espanta com o bom número do desemprego. Afinal, o Brasil está num bom momento, mas tem 6,5% de desemprego. Lá, o dado de março ficou em 5,09%. O que o economista mexicano conta é que a informalidade é muito alta. Problema que conhecemos bem.

- Cerca de 14 milhões de pessoas não contam com emprego formal.

Ele fala de outro fenômeno que os especialistas brasileiros também já detectaram por aqui: os jovens "ni ni", que nem estudam, nem trabalham. No Brasil, o fenômeno é chamado de jovens "nem nem". Segundo o economista, há sete milhões de mexicanos "desiludidos da vida capitalista e sem oportunidades".

O perigo é eles se sentirem atraídos pelo tráfico de drogas que com seus cartéis poderosos dividiu o país e se enfrenta na fronteira com o Exército em batalhas que deixam milhares de mortos. Se o México tiver sucesso nessa guerra, haverá um aumento da escalada que já existe hoje na América Central: o deslocamento da guerra das drogas para países como Guatemala, Nicarágua, Honduras. Segundo reportagem de capa da revista "The Economist", o crime organizado está se movendo do México para os países menores da América Central que, desde o fim das guerrilhas de esquerda, foram esquecidos pelos Estados Unidos. E a revista lembra com seu olhar de mercado: "São os consumidores americanos que estão financiando as gangs das drogas e, em larga medida, são os vendedores americanos de armas que as estão armando".

Voltando ao mercado de trabalho no México, o jornalista Carlos Mota, do Milênio Diário, não mostrou muita confiança no indicador de desemprego porque quem trabalha mesmo que seja uma hora por semana entra como pessoa com emprego na estatística. Ele reclama, ao mesmo tempo, do excesso de rigidez das leis trabalhistas que tornam caro demitir e contratar empregado, fortalecendo a informalidade. Nisso, de novo, o México se parece com o Brasil. Ele pareceu diferente quando Valéria conversou com uma manicure de Acapulco que contou que só tem uma semana de férias remuneradas por ano. Ela achou um espanto haver um mês inteiro no Brasil.

Durante muitos anos, Brasil e México disputaram o lugar de maior economia da América Latina. A recessão de 2009 e a violência provocada pela guerra das drogas fizeram o México ser visto como país em pleno retrocesso. Mas agora, a economia está em plena recuperação, ainda que assombrada por um fantasma que anda também nos rondando: a inflação. Lá tem diretamente a ver com os preços do petróleo.

O nome do economista entrevistado aqui não é Brasil por coincidência. A mãe dele, fanática por futebol, fez uma homenagem ao país vencedor da Copa de 70. O filho, hoje do Centro de Investigação e Docência Econômica do México, nasceu no dia da final, na vitória do Brasil sobre a Itália.

FONTE: O GLOBO

PPS expulsa infiéis e avisa que vai brigar por mandatos

Alfredo Junqueira

RIO - Apesar de estar passando por um processo de depuração em seus diretórios regionais com número elevado de expulsões, o PPS não admite perder quadros com mandato para o PSD. Três deputados federais do partido foram ao ato de formalização da legenda liderada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, em Brasília, na semana passada.

A direção nacional do PPS protocolou no Supremo Tribunal Federal uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), questionando dispositivo que flexibiliza a fidelidade partidária para filiados que participem da fundação de nova legenda. O presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), avisa que vai requerer o mandato de qualquer parlamentar que tentar migrar para o PSD antes mesmo da manifestação do STF.

Na semana passada, 22 filiados de Mato Grosso foram expulsos. "Não houve interrupção nesse processo. Nesse caso, a criação desse PSD pode até vir a calhar. Quem está com receio de ser expulso do partido pode conversar com a direção regional e já pedir para sair", argumentou.

Os processos disciplinares ocorrem em São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Sul. Os dirigentes do PPS seguem a determinação da direção nacional do partido e as punições se limitam aos que não colaboraram com os candidatos do partido nas eleições passadas.

Em São Paulo, mais de 60 diretórios municipais foram dissolvidos desde outubro. Pernambuco já expulsou 12 filiados, mas o número pode passar de 40, segundo o presidente do diretório regional, Raul Jungmann. No início do mês, 37 filiados foram expulsos no Paraná.

"Não temos nenhuma cizânia. Não aceitamos traidores. Judas é que vá para outro lugar. A gente não vai ficar contemporizando. O movimento aqui é de manter as diretrizes da fidelidade partidária", explicou Jungmann. "Temos mais 35 processos na Comissão de Ética. Pelo menos 30 deverão ser expulsos na nossa próxima reunião", disse o presidente do diretório.

Em Minas Gerais, as expulsões foram substituídas por convites à desfiliação. "Estamos pedindo para sair. Se não saírem, vamos para o conselho de ética. Já pedimos a seis prefeitos para ir para outros partidos. Eles não trabalharam com a gente", explicou o presidente do PPS mineiro, Paulo Elisário.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Derrotados em 2010 conquistam cargos com ajuda de aliados

Governistas que ficaram sem mandato se mantêm na vida pública graças a indicações

Aloizio, Ideli e Pimentel ganharam ministério, enquanto Ana Júlia e Hélio Costa esperam vaga para voltar à cena

SÃO PAULO - Nomes que transitam pelo cenário político brasileiro há anos, mas não se elegeram em 2010, continuam na vida pública em cargos para os quais foram indicados por correligionários e aliados.

Os petistas Aloizio Mercadante e Ideli Salvatti, que integraram a tropa de choque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Senado, perderam a disputa aos governos de São Paulo e Santa Catarina, respectivamente.

Com a posse de Dilma Rousseff, ganharam os ministérios da Ciência e Tecnologia e da Pesca.

O ex-governador do Amapá Waldez Góes (PDT), que foi preso numa operação da Polícia Federal no ano passado e acabou derrotado na eleição para o Senado, foi nomeado assessor no gabinete do deputado Sebastião Bala Rocha (PDT-AP).

Ser aliado e ter uma ficha de serviços prestados ao governo não é garantia, no entanto, de bons cargos na gestão Dilma. No PT-MG, por exemplo, há casos opostos.

Enquanto Fernando Pimentel, amigo de juventude de Dilma, virou ministro do Desenvolvimento, seu colega Patrus Ananias, ex-ministro responsável pelo Bolsa Família, voltou para uma vaga de concursado como analista legislativo na Assembleia de Minas.

À PROCURA

Alguns ex-candidatos ainda estão em busca de cargos.

Entre eles, estão a ex-governadora do Pará Ana Júlia Carepa (PT), que tenta presidências de Banco da Amazônia e Sudam, e a ex-senadora Fátima Cleide (PT-RO), que disse ter tentado sem sucesso "algum espaço" no governo.

O ex-governador Iris Rezende (PMDB-GO) também está nessa situação. Ele espera ser nomeado para a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste, órgão não implementado.

Outros peemedebistas sem cargo são o ex-senador Hélio Costa (PMDB), derrotado para a disputa pelo governo de Minas, e o ex-governador José Maranhão (PMDB), que perdeu na Paraíba.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

PMDB e PT a grande parceria nas eleições municipais de 2012, afirmou Lula

Lula volta a atacar oposição, defende Dilma e também aliança com PMDB

Tatiana Farah

SÃO PAULO. Enquanto o vice-presidente Michel Temer (PMDB) anuncia a entrada do deputado Gabriel Chalita (PSB) no partido e lança sua pré-candidatura a prefeito de São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirma que o PMDB será o principal aliado do PT nas eleições municipais do ano que vem. Lula anunciou a "dobrada" nacional com os peemedebistas em entrevista ao jornal "ABCD Maior", de São Bernardo do Campo. Ele disse que não há "como esconder" que a presidente Dilma Rousseff será candidata à reeleição e que o PSDB vive uma "crise de fragilidade ideológica", pois não saberia se é PSDB, PMDB ou DEM.

- Posso garantir, antecipadamente, inclusive sem falar antes com o Michel Temer, que o PMDB desta vez terá o PT como aliado principal em todos os municípios. Conversei com o presidente estadual do PMDB, o deputado Baleia Rossi, que me garantiu que a preferência de aliança é com o PT. Participarei da eleição municipal, mas tenho cerca de 8,5 milhões de quilômetros para percorrer - afirmou Lula.

Sobre Dilma, disse que ela "mudará a cara do Brasil" e não se colocou no páreo para 2014:

- Não tem como esconder, embora ela não possa e nem deva falar, mas Dilma será a candidata do PT em 2014. Dilma vai mudar a cara do Brasil para muito melhor. Ela lançará o programa de combate à miséria absoluta, onde fará um pente-fino para descobrir quais são os pobres que ainda não foram atendidos e apresentará novas propostas para formação e geração de emprego - disse ele. - Ela sabe tanto ou até mais que eu do caminho a trilhar para acabar com a pobreza e a miséria absoluta do Brasil - completou.

Já sobre o PSDB, atacou:

- O PSDB está em crise de fragilidade ideológica. O PSDB não sabe se é PSDB, se é PMDB ou se é DEM. É um partido com muitas dúvidas e que não tem um perfil ideológico definido. Não acho que devemos julgar a crise do PSDB apenas com a saída dos vereadores da Câmara de São Paulo. A crise do PSDB é mais profunda. Quando Fernando Henrique Cardoso venceu a eleição de 1994, eles projetaram 20 anos de governança contínua do PSDB, o que não aconteceu. Na verdade, quem deverá ter os 20 anos de governança direta é o PT, pois fizemos muitas coisas nos oito anos do meu governo, e a Dilma vai fazer muito mais nos próximos oito anos - disse.

Lula ainda provocou:

- Eles não se conformam de que é o PT que terá tempo necessário para mudar, para melhor e definitivamente, a cara do Brasil. Estou certo de que a crise do PSDB é de identidade. Ou seja, primeiro tem uma disputa interna entre (José) Serra, (Geraldo) Alckmin e Aécio Neves. Eles têm o PT como adversário, e o PT tem que juntar todos os diferentes para que possamos vencer os antagônicos.

O ex-presidente anunciou seu "retorno" às portas de fábrica:

- As pessoas têm clareza que os trabalhadores do ABC, principalmente os metalúrgicos, tiveram muitas conquistas nos últimos oito anos, com aumento salarial acima da inflação e participação nos lucros. Além disso, imprimimos um ritmo de crescimento em que o ganho de produtividade não resultou em aumento da inflação. E neste momento precisamos estar juntos com a nossa presidenta para evitar que volte a inflação.

FONTE: O GLOBO

Escalada da inflação aumenta o deficit dos Estados e municípios

Em 12 meses, despesas dos governos estaduais e municipais superaram receitas em R$ 47 bi

Dívidas estaduais não podem superar o teto de 200% da receita anual; SP e RJ superaram 150% e MG ultrapassou 180%

Gustavo Patu

BRASÍLIA - Embora deva facilitar o cumprimento das metas fiscais definidas pelo governo Dilma Rousseff, a escalada da inflação fez disparar o deficit das contas dos governos estaduais e municipais.

Mesmo com crescimento da arrecadação tributária, as despesas administradas por governadores e prefeitos superaram as receitas em R$ 47 bilhões no período de 12 meses encerrado em fevereiro. Um ano antes, esse deficit não chegava a R$ 3 bilhões.

Em consequência, houve piora generalizada no ano passado dos indicadores de endividamento criados pela Lei de Responsabilidade Fiscal, segundo levantamento feito pela Folha.

Pela legislação, regulamentada pelo Senado Federal, as dívidas estaduais não podem superar o teto de 200% da receita anual. Para os municípios, o limite é de 120%. Os mais ameaçados pela restrição são os governos mais ricos, que historicamente tiveram maior capacidade de tomar empréstimos.

A última apuração quadrimestral do endividamento mostrou que São Paulo e Rio de Janeiro ultrapassaram 150%, enquanto Minas Gerais, com mais de 180%, se aproximou do teto. O Rio Grande do Sul e a prefeitura paulistana, que já estavam acima do limite, se distanciaram ainda mais.

Os governos que estouram sua margem de endividamento ficam proibidos de fazer novos empréstimos, o que compromete sua capacidade de investir. Se não tomarem as providências obrigatórias para reequilibrar suas contas, também perdem parte dos repasses da União.

EFEITO DA INFLAÇÃO

O deficit de Estados e municípios mostra que a inflação, tradicionalmente tida como uma fonte de receita para os governos, pode produzir resultados desfavoráveis quando se observa a totalidade das contas públicas.

As metas fiscais fixadas pelo governo federal só consideram o superavit primário, ou seja, a diferença entre a receita e as despesas com pessoal, custeio, programas sociais e investimentos -dívidas e os encargos financeiros não entram no cálculo.

Nesse caso, a alta dos preços é uma aliada: a receita dos impostos e contribuições sobe em ritmo semelhante ao do aumento dos bens, serviços, salários e lucros. Já as despesas determinadas pelo Orçamento não precisam ser elevadas quando a inflação supera as expectativas.

Quando se apura o resultado total ou nominal das contas públicas, é preciso considerar também a evolução do endividamento e os encargos com juros devidos aos credores internos e externos.

As dívidas dos Estados e municípios, a maior parte delas com a União, são indexadas ao IGP-DI, índice calculado pela Fundação Getulio Vargas que tem subido acima do IPCA, adotado como baliza para a política monetária.

O governo federal, além de ter dívidas corrigidas por índices de preços, também gasta mais com juros devido à elevação das taxas do Banco Central para conter a inflação. Não por acaso, o deficit nominal do governo subiu no primeiro bimestre, apesar da alta do superavit primário.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

PSB avisa: vai cobrar mandato de parlamentar na Justiça

Chalita, porém, deve se antecipar e apresentar argumentos como falta de espaço para manter vaga na Câmara

Eduardo Bresciani, Christiane Samarco e Julia Duailibi

O PSB vai lutar para tirar o mandato de deputado federal de Gabriel Chalita se ele for para o PMDB. O presidente do PSB em São Paulo, Márcio França, afirmou que o partido vai interpretar a saída como uma renúncia.

Segundo França, que é secretário paulista de Turismo, o PSB tem uma resolução interna sobre o assunto. "Quando houver saída do partido, o partido irá atrás. Se ele fizer isso mesmo, estará abrindo mão do mandato, será como uma renúncia ao cargo de deputado federal", disse.

França atribuiu a provável saída do deputado a sua inexperiência em atividades partidárias e ao fato de seu sucesso como escritor. "As pessoas famosas muitas vezes têm dificuldade com o mundo político", avaliou. Ele destacou que as constantes mudanças de legenda podem atrapalhar Chalita no futuro.

A aliados, Chalita disse que pretende se antecipar e apresentar para a Justiça Eleitoral suas razões para sair do PSB. Assim que trocar o partido pelo PMDB, em maio, o parlamentar vai argumentar que não teve espaço dentro da legenda.

Um dos pontos que serão usados como defesa é o fato de o PSB não ter dado tempo de televisão para Chalita nos programas partidários exibidos neste semestre. Também constará da defesa o fato de o PSB não ter cedido participação ao parlamentar na presidência das comissões na Câmara dos Deputados.

França disse não haver problemas com Chalita quanto a espaço no PSB e afirmou que o deputado poderia ser candidato a prefeito pelo próprio partido. "A garantia de que ele seria candidato ninguém pode dar, mas é muito provável que ele pudesse ser." Segundo França, o plano do PSB é ter candidato e citou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e a deputada Luiza Erundina como opções.

França disse ter alertado Chalita de que a mudança não garantirá sua candidatura pelo PMDB. "O Michel Temer é vice-presidente da República. Será que na hora de uma pressão ele vai escolher o Chalita ou a aliança com o PT? Ele está errado se achar que o Michel vai romper com o PT."

Pesquisa que circula no PSB, há cerca de um mês, mostraria que ele tem apenas 4% das intenções de voto enquanto a petista Marta Suplicy teria 37%.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Supermercado quer pacto contra inflação

Varejo sugere pacto para conter a inflação

Representantes dos supermercados querem discutir a proposta com a indústria e com o governo para evitar aumento exagerado dos preços

Renée Pereira

O setor de supermercados vai discutir com a indústria e com o governo um pacto contra a inflação. Segundo o presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), João Galassi, a proposta será discutida no próximo encontro do setor, no início de maio. "Vamos nos mobilizar a partir do evento para que possamos trabalhar numa forma positiva de redução das perspectivas de inflação."

De acordo com o executivo, que participou do Fórum de Empresários em Comandatuba, essa medida é importante para brecar a perda de poder aquisitivo da população, especialmente das classes mais baixas, que têm sido responsáveis por uma fatia significativa do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

Diante desse cenário, diz Galassi, o setor começou a se questionar de que forma poderia contribuir para conter a evolução dos preços. "Em muitos momentos conseguimos fazer isso", afirmou.

Galassi diz que o esforço para conter a inflação vai se dar por meio de negociações com fornecedores. De um lado haverá um esforço do setor. Do outro, da indústria. Terá de ser um trabalho conjunto, incluindo o governo federal. Só assim será possível colocar um freio na inflação, diz ele. "A inflação é um risco muito grande para todos nós. Temos de tentar de alguma forma conter ou influenciar a sociedade", opinou.

Nesta semana, o mercado financeiro elevou pela sexta vez seguida a projeção de alta para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2011, que passou de 6,26% para 6,29%, de acordo com a pesquisa Focus, divulgada pelo Banco Central. Para 2012, a previsão foi mantida em 5%.

Para o presidente da Apas, uma medida desse tipo tem poder não só dentro do setor, como em outros segmentos, provocando um efeito em cadeia.

"Propomos fazer a nossa parte. Vamos negociar, vamos nos esforçar e encontrar formas de redução de custos internos de todo o negócio."

Preocupação. A preocupação com os índices de preços também foi demonstrada pelo vice-presidente da República, Michel Temer. Para ele, um dos principais problemas que o País tem vivido é que as pessoas começam a aumentar o preço não pelo que está ocorrendo hoje, mas por causa da expectativa do segundo semestre. E isso acaba provocando um círculo vicioso.

Temer destacou que o governo espera que a taxa básica de juros (Selic) atinja 9,5% ou 10% ao ano apenas em 2013 - nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou em 0,25 ponto porcentual a taxa Selic, para 12% ao ano. Ele também comentou que a expectativa é que o PIB avance 5% em 2012 e 5,5% em 2013.

Já no setor de supermercados, a previsão de crescimento é maior. Galassi calcula que as empresas do setor mantenham o desempenho positivo dos últimos anos e avance 8% em 2011. Baseado no faturamento do ano passado, ele estima que o volume de investimento atinja a cifra de R$ 10 bilhões até dezembro. Esse dinheiro será aplicado em novas unidades e modernização.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Ditadura da Síria mata mais de 80 opositores

Um dia após o governo ter decretado o fim do estado de emergência, forças do ditador sírio, Bashar Assad, atiraram em manifestantes e mataram mais de 80, segundo relato de ativistas. Foi o dia mais violento desde o início da onda de protestos, em 15 de março. Vídeos veiculados pela rede Al Jazeera mostram opositores sem armas sendo fuzilados em Homs (oeste).

ONDA DE REVOLTAS

Pior massacre na Síria deixa pelo menos 88 mortos

Governo do ditador Bashar Assad reprime protestos pelo país, poucos dias após fazer acenos à oposição

Para analista, anúncio de fim da legislação de emergência pelo regime foi uma medida que teve caráter "cosmético"

Marcelo Ninio

JERUSALÉM -  No dia mais violento desde o início dos protestos contra o regime do ditador Bashar Assad, forças de segurança da Síria abriram fogo ontem contra manifestantes.

Segundo ativistas, ao menos 88 pessoas foram mortas nas manifestações de ontem, que se espalharam pelo país.

Vídeos amadores veiculados pela rede de TV Al Jazeera mostram manifestantes aparentemente desarmados sendo atingidos por disparos quando participavam de um protesto em Homs (oeste).

Testemunhas com medo de identificar-se contaram a agências de notícias que atiradores posicionados no telhado de prédios estavam atirando contra manifestantes em Hama (centro).

"Vi pelo menos duas pessoas serem mortas pelos atiradores", contou um morador de Hama à Reuters.

Há relatos de combates sangrentos em ao menos 20 cidades do país, incluindo a capital, Damasco.

Na esteira das revoluções na Tunísia, Egito e Líbia, as cinco semanas de crescentes protestos e a repressão policial cada vez mais violenta colocaram contra a parede um dos regimes mais repressores do mundo árabe.

Desde o início dos protestos, contando com o dia sangrento de ontem, a estimativa é de que mais de 300 manifestantes foram mortos pelas forças de segurança.

COSMÉTICA

A estratégia do ditador Bashar Assad diante do maior desafio ao regime ditatorial que herdou de seu pai, Hafez, em 2000, tem sido uma combinação de concessões e coação.

Na véspera dos protestos de ontem, o governo da Síria anunciara o fim da lei de emergência em vigor há 48 anos no país, atendendo a uma das principais reivindicações dos manifestantes.

"A medida é só cosmética", afirmou à Folha o professor Moshe Maoz, considerado o maior especialista israelense em Síria. "Assad não vai abrir mão de reprimir a oposição, pois é assim que ele mantém o controle."

Para Maoz, é improvável que a Síria siga o mesmo roteiro da queda de Hosni Mubarak. A diferença é que no Egito a cúpula do Exército podia colocar Mubarak para fora e continuar no poder.

"Na Síria, os principais comandantes são da minoria alauíta [vertente do xiismo], a mesma do presidente. Se Assad cair, eles caem juntos", diz Maoz.

A maioria da população síria é sunita.

Os EUA e a França condenaram o uso da violência.

Embora não seja rica em petróleo, a Síria é um país-chave na geopolítica regional, pela aliança com o Irã e a influência sobre os movimentos radicais Hizbollah (Líbano) e Hamas (Gaza).

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Portugal: PS ultrapassa PSD a seis semanas das eleições

Francisco Teixeira

PS e PSD estão tecnicamente empatados, com ligeira vantagem para os socialistas, revela a sondagem da Marktest para o Económico e TSF.

O PS e o PSD estão tecnicamente empatados a seis semanas das eleições legislativas de 5 de Junho mas, entre Março e Abril, os socialistas subiram 11 pontos percentuais para os 36% assumindo a liderança das intenções de voto, enquanto os social-democratas caíram 12 pontos para os 35%. A crise política e a dependência financeira de Portugal face ao exterior beneficiaram quem está no poder embora um outro dado mereça ser destacado: o número de indecisos aumentou.

A 45 dias dos portugueses escolherem o XVIII Governo Constitucional, o número de inquiridos que respondeu "não sabe/não responde" está nos 36% (face aos 29% registados em Março), 10% garantem que votarão em brancos e 6% assumem-se abstencionistas.

De acordo com o barómetro da Marktest para o Diário Económico e TSF, a demissão de Sócrates, a dissolução do Parlamento e o pedido de um resgate internacional de cerca de 90 mil milhões de euros beneficiaram Sócrates e o PS e penalizaram o PSD e Passos Coelho que perderam a liderança das intenções de voto, embora dentro da margem de erro tendo em conta que os dois partidos estão tecnicamente empatados. Desde que o líder do PSD foi eleito, em Março de 2010, que os socialistas não lideravam as intenções de voto no histórico da Marktest.

O CDS e a CDU também saíram beneficiados do último mês, enquanto o Bloco de Esquerda segue a tendência do PSD. O partido comunista cresceu um ponto para os 8% e está taco-a-taco com a CDU que teve o mesmo crescimento e obteve o mesmo resultado. Os bloquistas de esquerda passam de 8% para 6% e são o segundo partido mais penalizado.

FICHA TÉCNICA: A sondagem da Marktest para o Diário Económico e TSF realizou-se nos dias 15, 16 e 17 de Abril para analisar as intenções de voto e a popularidade dos principais protagonistas políticos. O universo é a população de Portugal Continental com mais de 18 anos e que habite em residências com telefone fixo. A amostra, constituída por um total de 805 inquiridos, foi estratificada por regiões: 161 Grande Lisboa, 89 Grande Porto, 133 Litoral Centro, 151 Litoral Norte, 182 Interior Norte e 89 no Sul;422 a mulheres e 383 a homens. 255 a indivíduos dos 18 aos 34 anos, 276 dos 35 aos 54 e 274 a mais de 54 anos. A escolha dos lares foi aleatória. Intervalode confiança de 95%, e margem de erro de 3,45%. Indecisos redistribuídos de forma proporcional aos que declararam sentido de voto. Taxa de resposta 18,1%

FONTE: DIÁRIO ECONÔMICO

No Prelo: Nelson Werneck Sodré

O historiador, sociólogo, militar e jornalista Sodré: centenário
Autor de obras fundamentais para a compreensão do país, como “História da literatura brasileira” (1938), “Formação da sociedade brasileira” (1944), “História militar do Brasil” (1990), entre mais de 50 livros publicados, o historiador, sociólogo, militar e jornalista Nelson Werneck Sodré completaria 100 anos no próximo dia 27. Para manter em circulação as importantes idéias do pai que morreu em 1999, a doutora em Filosofia e Psicologia Olga Werneck Sodré está à frente do projeto de reedição que vai devolver às livrarias este ano “Memórias de um escritor”, de 1970, e “História da imprensa no Brasil”, de 1966. O primeiro livro sairá pela Editora Otoni, de Itu, com lançamento dia 6 de maio lá e em julho no Rio de Janeiro, na Academia Brasileira de Letras, numa mesa redonda que integra as comemorações pelo centenário de nascimento. Já “História da imprensa no Brasil” está sendo reeditado pela Intercom, PUC-RS e Superior de Estudos Brasileiros Nelson Werneck Sodré (ISEB-NWS) e será lançado em setembro, no Congresso Nacional da Intercom, em outra homenagem ao pensador marxista , que foi preso em 1964 e teve os direitos políticos cassados pelos militares durante dez anos. Os dois livros sairão, segundo Olga, com estudos especiais que contextualizam as obras ontem e hoje.

FONTE: PROSA & VERSO/ O GLOBO

Cinco Almas, Cinco Rostos:: Graziela Melo

À

cada alma
um rosto


À primeira
por suposto
o rosto triste
do desgosto


À segunda
alegria
o riso fácil
o riso leve
à luz do dia


Bela alma
doce,
calma...


À terceira
o rosto
cínico,
o rosto
frio...


À quarta
inexpressivo,
vazio!!!


À quinta
o mais
mesquinho.
pelos lábios
contraídos
pela inveja
destrutiva


Furtivas
artimanhas
mal urdidas,
pelas teias
da aranha
venenosa...


Alma negra,
escabrosa!!!


Rio de Janeiro, 01/05/2003


MELO, Graziela. Crônicas, contos e poemas, pág. 125. Abaré Editorial/Fundação Astrojildo Pereira, Brasília, 2008