domingo, 1 de janeiro de 2012

2012: receita caseira:: Valdo Cruz

Lá se foi 2011, sem grande brilhantismo, com crescimento econômico despencando e inflação ainda elevada. Bem feijão com arroz, sem agenda de reformas estruturais e inovadoras.

A despeito desse cenário adverso, a popularidade da presidente Dilma e de seu governo não foi afetada. Pelo contrário, melhorou. Para desgosto de aliados, que, maltratados pelo Palácio do Planalto, preferiam uma comandante mais fraca.

Dilma fechou 2011 bem na foto porque, no imaginário popular, foi a responsável pela faxina que derrubou sete ministros, imposta muito mais pelo noticiário da mídia. E porque evitou o pior na economia, garantindo queda no desemprego.

Entra em 2012 com pinta de que manterá uma administração sem surpresas e ousadias, seguindo a linha de administradora de crises e gerente do dia a dia. Deu certo com Lula, pode dar com ela também.

Está convencida de que precisa apertar alguns parafusos que ficaram bambos por conta das seguidas crises ministeriais e da inapetência de alguns auxiliares. Sinal de que mais cabeças podem estar a prêmio na reforma ministerial.

A tensão com a base aliada tende a subir. Segundo assessores, quer reduzir, e não aumentar, o espaço de indicações políticas no governo. Se terá condições de fazê-lo, é outra história -tomara que tenha.

Deseja viabilizar seu sonho de derrubar a taxa de juros para a casa de um dígito, quem sabe 9,5% ao final do ano. O Banco Central já avisou, porém, que, se a inflação não seguir caindo, para nos 10% ao ano.

Para dar uma mãozinha ao BC, terá de manter forte rigor fiscal. Enfrentará resistências de aliados e equipe, desejosos de aumentar os gastos públicos em ano eleitoral.

Enfim, se 2012 repetir 2011, um assessor tem uma receita caseira pronta para preservar a imagem presidencial. Basta Dilma dar uma olhada na sua equipe, escolher os mais enrolados e trocar sete ministros.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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