quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Confiança do comércio recua no 4º trimestre

Alessandra Saraiva

RIO - A perda de dinamismo nas vendas do setor automotivo no quarto trimestre de 2011 levou à queda de 6,8% no Índice de Confiança do Comércio (Icom) no período, em relação aos quatro últimos meses de 2010. Foi o pior recuo na comparação para o indicador, elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com o Banco Central (BC).

Na comparação mensal, o desempenho também foi negativo. O Icom desacelerou de 137 pontos em novembro para 128,4 pontos em dezembro do ano passado, o segundo nível mais fraco da série iniciada em maio de 2011.

Somente em veículos e motocicletas, o Icom caiu 13,9%, a maior entre os cinco segmentos pesquisados, derrubada por perda de confiança dos empresários de veículos (18,2%) e de peças e acessórios para veículos automotores (12%).

O mau humor dos empresários deve prosseguir no começo de 2012. Na Sondagem Conjuntural do Comércio, levantamento cujos dados são usados no cálculo do Icom, é possível perceber perspectivas menos otimistas. Das 1.244 empresas pesquisadas, a parcela que aguarda melhora nas vendas nos próximos três meses caiu de 60,7% para 56,2% de novembro para dezembro. Já a fatia dos que esperam piora cresceu de 6,7% para 10,1%.

O setor automotivo deve continuar a contribuir para a piora do cenário. Na prática, as vendas de veículos não pararam de crescer em 2011, mas o ritmo foi menos intenso que o de 2010. Esse comportamento freou o ânimo das montadoras e derrubou os indicadores de confiança relacionados. "Temos evidências de formação de estoque não planejada nos pátios das concessionárias", afirmou o economista da FGV, Silvio Sales.

O menor ímpeto por compras no setor é coerente com os desempenhos dos Índices de Confiança calculados pela FGV, que abrangem comércio, indústria, construção civil e serviços. Em 2011, a maior perda de confiança foi detectada entre os empresários industriais no Índice de Confiança da Indústria (ICI), que mostrou quedas sucessivas de 5,2% no segundo trimestre, de 9,4% no terceiro trimestre e de 11,4% no quarto trimestre do ano passado, ante iguais períodos no ano anterior.

"O setor automobilístico não pesa muito na indústria como um todo, apenas 5%. Mas o efeito indireto que gera é muito expressivo", disse o especialista.

O consumo atravessou um período de maior cautela no ano passado. O consumo das famílias, destaque na composição do Produto Interno Bruto (PIB), caiu 1% no terceiro trimestre de 2011 em relação ao segundo trimestre. Sales não descartou o mesmo cenário para este ano.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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