sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Indústria brasileira põe o pé no freio

Números do IBGE divulgados ontem mostram que a indústria brasileira tomou um tombo e trocou um crescimento de 11,8%, no acumulado de 12 meses em novembro de 2010, por apenas 0,6% no período encerrado em novembro de 2011

Indústria quase parada

Produção cresce menos que o esperado em novembro e mostra estagnação do setor

Henrique Gomes Batista

Depois de três meses cortando produção, a indústria voltou a crescer em novembro. Mas a alta, de 0,3% sobre outubro, foi menor que o esperado pelos analistas do mercado financeiro e insuficiente para compensar a perda de 2,6% na produção durante os três meses anteriores. Os números mostram que o setor ficou perto da estagnação, puxando para baixo o comportamento de toda a economia brasileira no ano passado. No acumulado em 12 meses, que em novembro de 2010 chegou a 11,8%, recuou em novembro de 2001 para apenas 0,6%. De janeiro a novembro, a produção industrial acumula alta de apenas 0,4% se comparada ao mesmo período do ano passado.

A O IBGE divulgou outros dados que comprovam a fragilidade do setor: em novembro a produção foi 2,5% menor que no mesmo mês de 2010 - pior resultado desde outubro de 2009, quando a redução nessa comparação foi de 3,1%.

- Parte dessa alta de novembro sobre outubro se deve à base de comparação muito baixa, pois os três meses anteriores a novembro foram de queda. Houve uma certa melhora nos níveis de estoques e uma certa redução da importação de alguns produtos, principalmente de bens intermediários - afirmou André Macedo, gerente de Análise e Estatísticas Derivadas do IBGE. - Em linhas gerais, ainda que se tenha uma recuperação em novembro, ainda há um comportamento bastante moderado da produção industrial.

O gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Guilherme Mercês, confirma que a indústria está quase parada:

- Apenas a partir do segundo trimestre, por conta dos efeitos defasados da redução de juros, a indústria vai se recuperar com mais vigor.

Na comparação de novembro com outubro, 18 dos 27 setores acompanhados pelo IBGE cresceram, com destaque para vestuário e acessórios (alta de 9,4%) e máquinas e equipamentos (4,0%). Entre as quedas de produção, o destaque ficou com máquinas para escritório e equipamentos de informática (redução de 8,3%). Quando se olha os grandes grupos da indústria, somente a produção de bens duráveis caiu frente a outubro, 0,9%.

- O acumulado em 12 meses segue apontando expansão, mas com clara redução no ritmo de crescimento desde outubro de 2010, quando a alta foi de 11,8% - disse Macedo.

PIB de 2011 pode ser reduzido para 2,8%

André Perfeito, economista da Gradual Investimentos, afirmou que o resultado de novembro veio aquém do que ele esperava - alta de 0,5% na comparação com outubro. Esse resultado fez com que Perfeito reduzisse sua previsão de alta do Produto Interno Bruto (PIB, bens e serviços produzidos no Brasil) de 2011 de 2,92% para 2,84%:

- Isso dá força para medidas de compensação, como redução tributária para produtos nacionais ou elevação de taxas para conter a entrada de importados - disse ele, que espera uma evolução da produção industrial em 0,68% no ano passado e de 3% em 2012.

Eduardo Velho, da Prosper Corretora, acredita que esse resultado dá mais argumentos para as reduções de juros. Ele diz que a tendência para o setor é melhorar um pouco, por causa da valorização do dólar, que passou de R$1,70 para R$1,85, o que diminuiu a competitividade dos importados:

- A indústria brasileira já sentiu o impacto da crise na Europa.

O GLOBO

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