quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

PMDB e DEM discutem acordo eleitoral

Negociação entre principal aliado do PT na coalizão governista e sigla da oposição é vista com bons olhos pelo Planalto

O vice-presidente Michel Temer (PMDB) comanda os entendimentos, que podem abrir caminho para a fusão das legendas

Catia Seabra, Maria Clara Cabral

BRASÍLIA - Sob o comando do vice-presidente Michel Temer, o PMDB -maior aliado do PT na coalizão governista- tenta atrair o oposicionista DEM para dobradinhas nas eleições municipais de outubro, ação que se bem-sucedida pode gerar uma futura fusão.

Apesar de não atuar diretamente, o Planalto vê com bons olhos a movimentação. Além de ampliar sua base de apoio no Congresso, ela também abafaria algumas das principais vozes críticas à gestão de Dilma Rousseff.

O próprio Temer participa da costura das alianças municipais, especialmente dedicado à viabilização da candidatura do deputado federal Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo.

Depois de encontros com integrantes do comando nacional do DEM, como o presidente nacional, José Agripino (RN), e o líder da bancada na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), Temer convidou no último dia 21 o presidente estadual da sigla, Jorge Tadeu Mudalen (SP), para uma conversa sobre a eleição na capital.

Até então resistente a um acordo, Mudalen deixou o Palácio do Jaburu (residência oficial do vice-presidente) aberto a um acordo.

"Vejo com simpatia essa conversa com o PMDB", disse Mudalen, que, dois dias antes, jantara com o ministro peemedebista Moreira Franco (Secretaria de Assuntos Estratégicos).

Temer e Moreira não são os únicos do PMDB a flertar com o DEM. Também no mês passado, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, recebeu o secretário-geral do DEM, Onyx Lorenzoni (RS).

Na conversa, os dois se comprometeram a fazer um levantamento das cidades gaúchas onde há compatibilidade entre os dois partidos.

Mendes propôs objetivamente uma fusão. "O PMDB e o DEM precisam olhar para o Brasil com uma expectativa clara do que pode fazer uma aproximação cada vez maior entre os dois partidos: a eleição municipal como prévia de 2014."

Lorenzoni admite uma afinidade com o PMDB do Rio Grande do Sul. Mas diz que uma fusão não será necessária porque, apesar de debilitado com a criação do PSD, o "DEM dará a volta por cima" para 2014.

DEM e PMDB ensaiam também aproximação na Bahia e no Rio Grande do Norte, entre outros Estados. "No Maranhão, o DEM e o PMDB sempre caminharam juntos", disse o ministro do Turismo, Gastão Vieira (PMDB-MA).

A articulação preocupa a cúpula do PSDB. Preocupado com o risco de isolamento na oposição, o comando do partido pediu que seus governadores ampliem as negociações com o partido.

Segundo tucanos, o DEM já avisou que, caso constate que não é capaz de eleger 30 deputados federais nas próximas eleições (em 2010, elegeu 43, mas hoje só possui 27), terá que optar por uma fusão. Só não sabe se com o PMDB ou o PSDB.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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