terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Aécio eleva o tom e fala como candidato

Senador do PSDB ataca o "exagero na ocupação de cargos públicos", critica a atual política econômica e diz que a oposição atua com firmeza no caso de denúncias contra ministros

Bertha Maakaroun

BELO HORIZONTE — Um dia depois de o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ter voltado a considerar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) o "candidato óbvio" do partido na próxima eleição presidencial, o parlamentar mineiro elevou o tom e mirou no governo Dilma Rousseff (PT). Discorreu sobre o que chamou de "malfeitos" dentro do governo, a "inépcia" de gestão da administração pública e atacou o que assinalou ser "exagero na ocupação dos cargos públicos", denunciando o aparelhamento da máquina federal.

"Há dificuldade do governo em diferenciar o que é público do que é privado, o que é partidário do que é privado. São sucessivos exemplos, grandes e pequenos, dessa confusão do governo nas nomeações", disse, citando em seguida "a interferência política no Banco do Brasil e na Petrobras". "Essa questão sem esclarecimentos do governo sobre a Casa da Moeda e a Caixa, naquela nebulosa transação com o Banco Panamericano, para não citar outros desatinos", atacou, considerando o governo "frágil" do ponto de vista gerencial. "O tempo é que vai mostrar isso. Com o tempo, vai ficar muito claro que o governo do aparelhamento não é bom para o Brasil", disse, instando o governo a deixar "imunes" às indicações políticas áreas, como a Petrobras e os bancos oficiais.

Divergindo de FHC, que em artigo publicado domingo, criticou as "vozes roucas da oposição" que preferem "sussurrar", Aécio Neves sustentou ontem, na Cidade Administrativa, depois de se reunir com o governador Antonio Anastasia (PSDB) e com o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB): "Em relação ao papel da oposição, vejo essa crítica permanente, de que a oposição é frágil, a oposição não é vigorosa. Tenho divergência em relação a essa visão. Estamos saindo do primeiro ano do mandato dos que foram eleitos. É natural que o protagonismo da cena política seja daqueles que venceram as eleições". Segundo o senador, a oposição tem se manifestado com firmeza em relação a todas as denúncias que atingiram o primeiro escalão do governo Dilma.

"O PT abdicou de um projeto para o Brasil que julgava ter para se dedicar exclusivamente a um projeto de poder. Não há discriminação em relação a aliados, a posturas e assistimos, neste último ano, algo inédito em países democráticos, à demissão tão sucessiva de ministros, porque não havia ali um conjunto de ações que visassem a viabilização de um projeto", criticou. Em questionamento dirigido ao governo Dilma, Aécio indagou, apontando para a paralisia do governo: "Onde estão as grandes reformas? Perdemos o primeiro ano sem que nenhuma reforma estrutural fosse enviada ao Congresso nem sequer para discussão". Depois de citar o fato de as reformas tributária, da Previdência e do estado brasileiro não terem avançado, Aécio vaticinou: "O governo age reativamente. Apenas se defende das acusações que surgem e a agenda é uma agenda pobre".

Continuidade

Embora tenha negado que seja o candidato do PSDB às eleições presidenciais, Aécio adotou o discurso de campanha. Depois de afirmar que o maior mérito do PT tenha sido dar continuidade à política macroeconômica do PSDB, Aécio disse existir um "software pirata em execução no Brasil". Para ele, o "originário", o "verdadeiro", "fundado em convicções claras", foi construído pelo PSDB. O senador também criticou duramente a política de desindustrialização do Brasil. "Há 10 anos, tínhamos 60% de produtos manufaturados em nossa pauta de exportação. Hoje, é o inverso", afirmou.

Mirando também o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT), Aécio disse: "As medidas do governo nesse plano recentemente lançado, se não me engano Avança Brasil ou alguma coisa por aí, são medidas pontuais, paliativas. Não há uma definição de um planejamento de médio e de longo prazo, que permita que não pesem sobre os setores em que somos competitivos problemas tão graves como hoje do ponto de vista de financiamento e da taxa de juros", afirmou.

"Assistimos aos índices de janeiro. É declinante o desempenho da economia, inclusive na geração de empregos. Isso é absolutamente grave. O governo do PT não se preocupou em 10 anos em construir uma política industrial para o Brasil", afirmou, acrescentando em seguida: "Estamos fadados a crescer 3% ao ano porque não temos condições sequer físicas no Brasil de crescer mais do que isso. E essas respostas todas terão de ser dadas pelo PT na próxima eleição presidencial".

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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