quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Chalita vai fortalecer discurso, avalia Aécio

Raquel Ulhôa

BRASÍLIA - Com o apoio do prefeito Gilberto Kassab (PSD) à pré-candidatura de José Serra à Prefeitura de São Paulo, após recuo da aproximação com o PT, o senador Aécio Neves (PSDB-SP) avalia que o petista Fernando Haddad terá um "discurso constrangido" de oposição à gestão municipal (Serra/Kassab) e o candidato do PMDB, Gabriel Chalita, é que "estará mais livre para fazer uma oposição vigorosa".

Ao comentar o quadro pré-eleitoral de São Paulo, Aécio elogiou a entrada de Serra na disputa e negou que sua candidatura tenha relação direta com a eleição de 2014. Ou seja, não considera o paulista fora da disputa presidencial. "O homem público é refém das circunstâncias que o cercam", diz. Para ele, 2014 não está decidido.

O senador preferiu direcionar sua análise para o quadro atual. Disse que o PT deu "um tiro nos dois pés", com a tentativa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aceita pela cúpula partidária, de fazer aliança com Kassab. "Por um lado, fez ressurgir a candidatura mais vigorosa do Serra, que nós queríamos, mas estava adormecida. Por outro, desmoraliza o discurso que as bases e a militância do PT fazem de oposição à administração de Serra e Kassab nos últimos oito anos".

Aécio previu que a viabilidade eleitoral de Haddad poderá começar a ser questionada internamente no PT. Fez referência a mensagens postadas ontem pela senadora Marta Suplicy (PT-SP) no Twitter, na qual a petista diz que o PT errou no processo eleitoral em São Paulo (ver matéria nesta página).

Quase no mesmo tom de Marta, o senador tucano afirmou que, no "açodamento de fazer alianças a qualquer custo, o PT cometeu um equívoco e vai pagar um preço por esse equívoco".

Aécio afirmou que Serra "volta a ser ator relevante na política nacional". E terá protagonismo mais importante em 2014, sendo ou não candidato. Ele considerou a decisão do ex-governador um "gesto de grandeza", que vai na direção da expectativa do partido. E afirma que a candidatura de Serra ajuda a "reunificar as oposições" e terá reflexo nas eleições do resto do país, pela dimensão nacional da disputa em São Paulo.

Aécio já está engajado na campanha de Serra em busca de ampliar o leque de alianças. Ontem, reuniu-se com o presidente nacional do Democratas, senador José Agripino (RN), e com o líder do partido na Câmara, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA). Uma parte do partido, em São Paulo, queria ficar com Chalita.

Com relação à disputa de 2014, Aécio diz não ser possível, agora, antever o que vai acontecer, em relação à participação ou não de Serra. Para ele, não é hora de antecipar 2014. "Não temos que antecipar a agenda de 2014 em função disso. Não está resolvido 2014. Não deve estar e não tem por que antecipar. Não interessa à oposição definir algo tão fora do timing assim."

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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