domingo, 5 de fevereiro de 2012

Crise com PT opõe Cabral e Picciani no Rio

Divergências entre governador e presidente regional do PMDB atingem formação de chapas para as próximas eleições

Cássio Bruno

A grave crise com o PT, no Rio, estremeceu o PMDB fluminense.

O partido é palco de uma queda de braço entre o governador Sérgio Cabral e o presidente regional do PMDB, Jorge Picciani. Disposto a afastar a qualquer custo os petistas da aliança no estado, Picciani tentou emplacar o filho Leonardo, deputado federal, como vice na chapa do atual prefeito Eduardo Paes (PMDB), que disputará a reeleição em outubro. O posto, por enquanto, é do vereador do PT, Adilson Pires.

Picciani defende a candidatura de Paes para o governo do estado em 2014. Assim, se reeleito, o prefeito teria de renunciar ao cargo na metade do segundo mandato, abrindo espaço para Leonardo. Aliado da presidente petista, Dilma Rousseff, Cabral quer lançar seu vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB), como candidato ao governo. Picciani está sem mandato. Ex-presidente da Assembleia Legislativa, ele foi derrotado nas eleições de 2010 para o Senado.

— Picciani perdeu poder.

Ele e o Cabral se encontram sempre, almoçam, mas, na prática, tem cotoveladas — conta um peemedebista.

As "cotoveladas" estão ocorrendo nos principais colégios eleitorais do estado. Os dois travam uma batalha ao apoiarem candidatos diferentes a prefeito em cidades com Niterói, São Gonçalo, Macaé, Duque de Caxias, Nova Iguaçu e Itaboraí.

Em Niterói, Picciani fará campanha para o atual prefeito, Jorge Roberto Silveira (PDT). Cabral, por sua vez, prefere caminhar com seus secretários Rodrigo Neves (Assistência Social) ou Sérgio Zveiter (Trabalho e Renda). Picciani já chamou Neves de "puxa-saco".

Em Caxias, Picciani quer eleger Washington Reis (PMDB), e o governador sinaliza para Alexandre Cardoso (PSB), secretário estadual de Ciência e Tecnologia.

Em Nova Iguaçu, o presidente do partido apoia o deputado federal Nelson Bornier (PMDB) à prefeitura.

Cabral não gosta de Bornier.

Em 2006, o parlamentar pediu votos para Geraldo Alckmin (PSDB) à presidência e , em 2010, para o também tucano José Serra.

O governador — que ficou ao lado de Lula e Dilma nas duas campanhas, respectivamente —, ensaiou apoio a Vicente Loureiro, subsecretário estadual de Projetos de Urbanismo. Loureiro foi secretário no município justamente na gestão de Bornier.

O ápice do embate aconteceu com as recentes declarações de Picciani. O presidente regional do PMDB disse que Cabral poderia renunciar ao mandato em 2014 para disputar novamente o Senado. Com isso, abriria brecha para que o filho, Marco Antônio, fosse candidato a deputado federal, e Pezão, ao governo do estado.

Cabral ficou irritadíssimo.

Diante da crise, o PT recorreu ao diretório nacional. Os petistas devem apoiar o PMDB em pelo menos 20 cidades. O partido de Cabral e Picciani selou acordo para caminhar com os petistas em apenas quatro municípios.

Procurado pelo GLOBO, Picciani preferiu o silêncio. Cabral, em nota, evitou polemizar: — O presidente Picciani é amigo e companheiro.

FONTE: O GLOBO

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