quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Dilma manda ministro dizer a evangélicos que é contra aborto

Simone Iglesias

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff mandou ontem recado à bancada evangélica no Congresso pelo ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral): ela é contra o aborto e ministro não tem posição individual, mas de governo.

Dilma tenta acalmar os ânimos da Frente Parlamentar Evangélica, que questiona a escolha de Eleonora Menicucci para a Secretaria de Política para as Mulheres.

A nova ministra é defensora de mudança na legislação relativa ao aborto. Ela própria afirma já ter passado por dois.

"A presidente pediu que eu reafirmasse para a bancada que a posição do governo sobre aborto é a posição que ela assumiu na campanha eleitoral. (...) As posições que [nós ministros] sustentamos publicamente não são posições individuais, são do governo, e a posição do governo sobre essa questão [aborto] está absolutamente clara e assim vai continuar."

O ministro se reuniu com o segmento evangélico para explicar declarações durante o Fórum Social, em Porto Alegre, no mês passado.

Na ocasião, ele falou da dificuldade do governo de se comunicar com a nova classe média que ascendeu na gestão Lula. Disse que o Estado deve fazer uma disputa ideológica pela nova classe média, que estaria sob hegemonia de alas conservadoras.

"Lembro aqui, sem nenhum preconceito, o papel da hegemonia das igrejas evangélicas, das seitas pentecostais, que são a grande presença para esse público que está emergindo", afirmou ele, durante o fórum.

Ontem, Carvalho disse que foi "mal interpretado" e pediu "perdão" pelo "sentimento" que suas declarações provocaram em alguns deputados e senadores evangélicos.

"Minha fala foi traduzida de maneira equivocada, houve interpretação de que o governo se armava para fazer uma guerra com as igrejas evangélicas", disse.

"Não temos de maneira nenhuma essa intenção, pelo contrário, o governo considera as igrejas evangélicas parceiras e muito importantes."

Carvalho também divulgou uma nota reiterando que não quis ofender o segmento. Segundo o texto, suas declarações no fórum deram margem a versões "inverídicas" disseminadas pela internet.

O deputado João Campos (PSDB-GO), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, disse que o episódio está superado.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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