terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Em carta, 12 países pedem prioridade ao crescimento

Alemanha e França ficam de fora de movimento liderado pelo primeiro-ministro italiano, Mario Monti

Os protestos populares em Atenas há dez dias parecem ter servido para reverter a predominância da filosofia da austeridade sobre o estímulo ao crescimento que reinava na União Europeia. Ontem, chefes de Estado e de governo de 12 países entregaram uma carta ao Conselho Europeu e à Comissão Europeia pedindo a reorientação das políticas econômicas do bloco. Para eles, a crise das dívidas também se deve à falta de crescimento.

A recepção da carta foi confirmada por assessores de Herman Van Rompuy, presidente do conselho, e José Manuel Durão Barroso, da comissão. Entre as assinaturas constam a do primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, e a do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron. Completam a lista os líderes políticos da Espanha, Mariano Rajoy, além de Holanda, Irlanda, Suécia, Polônia, República Checa, Eslováquia, Estônia e Letônia.

No texto, os líderes afirmam: "A crise à qual estamos confrontados é igualmente uma crise de crescimento". Para contorná-la, os signatários pedem a adoção de políticas de estímulo à economia e a liberação de mercados e serviços no interior da UE.

O principal porta-voz do grupo é Monti, que visitou líderes políticos de Alemanha, França e Inglaterra nas últimas semanas com o objetivo de convencê-los a inverter a prioridade acordada ao rigor no interior do bloco.

Em recente discurso em Milão, Monti defendeu que a prioridade da Europa na crise grega deveria ser a de relançar o crescimento. "Eu creio que na ocasião da cúpula europeia de 1.º e 2 de março veremos uma União Europeia que concentrará energia no crescimento, visto que a fase mais dramática da crise grega terá passado."

Segundo o ministro das Relações Exteriores da Itália, Enzo Moavero, as discussões nos bastidores da UE estão em andamento, em um trabalho de convencimento e conscientização sobre a situação do bloco. "Nós endereçamos as cartas a muitos governos, inclusive os da Alemanha e França, mas nossa cooperação prosseguiu até aqui com os que mostraram interesse de seguir em frente."

Segundo fontes em Bruxelas, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, não assinaram a carta por não concordarem com as propostas de liberalização dos mercados internos na UE. A França, em particular, é sensível ao tema, em especial neste momento em que Sarkozy enfrenta eleições à sucessão, e está em desvantagem frente ao candidato do Partido Socialista (PS), François Hollande.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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