domingo, 26 de fevereiro de 2012

Kassab: Serra disputará prévia em SP

O prefeito Gilberto Kassab confirmou que José Serra disputará a prévia que escolherá o candidato do PSDB a prefeito de SP. Até amanhã, Serra oficializará a decisão, o que muda também o quadro para 2014

Kassab confirma candidatura de Serra em S. Paulo

Silvia Amorim, Lino Rodrigues

Tucano deve enviar carta ao partido formalizando decisão de disputar prévias para escolha de candidato

SÃO PAULO. O ex-governador José Serra deve oficializar até segunda-feira, à direção do PSDB, sua pré-candidatura à prefeitura de São Paulo. Em uma reunião na sexta-feira à noite entre Serra, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Gilberto Kassab (PSD), o tucano confirmou a decisão de participar da eleição deste ano. Ontem, Kassab anunciou publicamente a decisão de Serra e acrescentou que o tucano não pretende disputar as eleições presidenciais em 2014:

— O importante é que houve uma decisão. José Serra se definiu. Ele quer ser prefeito de São Paulo e isso é muito positivo. Ele abandonou essa opção (de concorrer à Presidência da República), e seu projeto de vida e político passará a ser pelos próximos cinco anos a cidade de São Paulo — disse o prefeito, durante visita a uma praça no bairro da Freguesia do Ó, na Zona Norte da cidade.

Serra se comprometeu a encaminhar ao diretório municipal do PSDB uma carta formalizando a disposição de disputar as prévias que escolherão o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, marcadas, a princípio, para o próximo dia 4. Após cumprir a formalidade, está previsto um pronunciamento do ex-governador.

No encontro de sexta-feira não foi estipulada uma data para que Serra envie a carta ao partido, mas dirigentes tucanos disseram ontem que essa etapa deverá ser concluída até amanhã.
Alckmin e Serra tentarão adiar as prévias

Coube a Alckmin tentar obter o aval dos quatro pré-candidatos inscritos na prévia (Andrea Matarazzo, Bruno Covas, José Aníbal e Ricardo Trípoli) para um adiamento da prévia. A ideia é ganhar um pouco mais de tempo, cerca de 15 dias, para tentar costurar apoio ao ex-governador, para que ele saia vitorioso do processo de escolha. Articuladores envolvidos nas negociações disseram que Alckmin não tratará neste momento com os pré-candidatos a possibilidade de desistência deles das prévias.

Serra também deverá procurar os quatro tucanos para conversar. Há uma expectativa de que, pelo menos, Matarazzo, amigo de Serra, e Covas desistam de suas postulações e declarem apoio ao ex-governador. Até ontem à tarde, nenhuma desistência havia sido confirmada. Aníbal e Trípoli disseram ontem que não cogitam abandonar a disputa interna.

Até ontem, as prévias estavam mantidas para a próxima semana. No caso de não conseguir adiá-las, aliados de Serra e de Alckmin disseram que terão de pôr em prática uma operação política de emergência para, ao longo da próxima semana, buscar votos de filiados a Serra.

Em tom de campanha, Kassab disse não acreditar em uma chapa “puro-sangue”, só de tucanos, como chegou a ser cogitada, e aproveitou para lançar três políticos de partidos distintos que poderiam integrar a chapa com Serra como vices: o secretário municipal de Educação de São Paulo, Alexandre Scheneider, do PSD (partido do prefeito); a atual vice-prefeita, Alda Marcoantonio (PMDB); e o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, do PV.

— Não acredito em chapa puro sangue. Acho que não é o caminho. Uma aliança ampla como está sendo feita pressupõe uma chapa com candidatos de outros partidos — disse Kassab, negando que a sua aproximação com o PT tenha pesado na decisão de Serra se candidatar à prefeitura de São Paulo.

O fato de a confirmação da pré-candidatura de Serra por Kassab vir acompanhada de um discurso de que ele, ao decidir disputar a eleição deste ano, está abrindo mão de uma candidatura em 2014 não é por acaso. Faz parte da estratégia para tentar reduzir os índices de rejeição a Serra e, ao mesmo tempo, neutralizar o discurso do PT de que o tucano abandonaria novamente a prefeitura no meio do mandato para se candidatar à Presidência.

Os tucanos admitem que o ex-governador terá que passar toda a campanha se defendendo das acusações. Em 2006, ele deixou o cargo de prefeito para concorrer à eleição para o governo de São Paulo. Serra é o candidato com maior índice de rejeição pelos eleitores, e o PSDB atribuiu a esse episódio boa parte dessa reprovação.

Aníbal e Trípoli dizem que vão manter candidatura

Se depeder de Aníbal e Trípoli, a candidatura de Serra não será emplacada com facilidade pelos caciques do PSDB. José Aníbal, atual secretário de Energia de Alckimin, reagiu às declarações do prefeito, consideradas “estranhas”. Segundo ele, a entrada de Serra na disputa não muda nada na sua campanha às prévias do partido.

— É estranho o Kassab falar pelo Serra. Mas isso (a entrada de Serra) não muda nada na minha campanha, nem a data das prévias — disse o tucano.

No Twitter, Aníbal postou um link para um vídeo, gravado ontem mesmo, em que diz que fez inúmeras reuniões “entusiasmantes” e que todos os filiados do partido querem participar da escolha e da campanha do partido. Ele termina o vídeo reiterando o pedido de voto para ser o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo.

O deputado federal Ricardo Trípoli também afirmou que não abre mão de sua candidatura em favor de Serra.

— Não existe nenhuma possibilidade de eu desistir de ser candidato. O Serra, se quiser ser candidato, terá que passar pelas prévias — afirmou o deputado tucano.

Procurados, os outros dois pré-candidatos do PSDB à prefeitura paulistana, Bruno Covas e Andrea Matarazzo, não quiseram se manifestar.

FONTE: O GLOBO

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