quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Negociação fracassa na BA e mortes passam de 120

Após 16 horas de negociação, as associações de policiais e o governo da Bahia chegaram a um impasse e não fecharam acordo para pôr fim à greve, que completou oito dias. A anistia para os sindicalistas e o prazo para pagar gratificações travaram as conversas. "Não há espaço no orçamento para que o pagamento seja realizado agora", disse o governador Jaques Wagner (PT). "Ô, ô, ô, o carnaval acabou", gritavam os acampados na Assembleia Legislativa. Desde o início da greve, ocorreram na Região Metropolitana de Salvador pelo menos 120 homicídios - uma média de 15 por dia, mais que a dobra do registrado normalmente. Grevistas são investigados por homicídios e saques. Em meio ao temor de que o movimento se espalhe, o governo Dilma Rousseff desengavetou projeto de lei que disciplina o direito de greve de servidores

Perdão a grevistas trava negociações e Bahia tem oitavo dia de violência

Outro motivo do impasse foi o prazo para pagamento de gratificação; mais um líder da paralisação foi preso ontem por roubo de viatura

Tiago Décimo

SALVADOR - Após 16 horas de negociação na casa do arcebispo de Salvador, d. Murilo Krieger, associações de policiais e governo da Bahia estão em um impasse. A anistia geral para sindicalistas e o prazo para pagar gratificações travaram as negociações e a greve chegou ontem ao oitavo dia, com registro de pelo menos 120 homicídios na Região Metropolitana de Salvador no período, além de saques, arrastões e tiroteios.

O governo até aceita pagar a Gratificação de Atividade Policial (GAP), parte em novembro e o restante em 2014. Os policiais, porém, reivindicam acréscimos já em março, além de pressionar para que o governo dê anistia geral para PMs. "Não há espaço no orçamento", justifica o governador Jaques Wagner (PT). Ele também descartou a possibilidade de anistia para policiais envolvidos em crimes.

Na tarde de ontem, foi cumprido o segundo mandado de prisão contra líderes do movimento. O sargento Elias Alves de Santana, dirigente da Associação dos Profissionais de Polícia e Bombeiros Militares do Estado (Aspol), foi detido em Jauá, na Região Metropolitana de Salvador, sob acusação de roubo de patrimônio público (viaturas policiais) e formação de quadrilha.

Os cerca de 300 amotinados que seguem acampados na Assembleia Legislativa garantem que vão manter a paralisação. "Ô, ô, ô, o carnaval acabou", gritavam ontem, ao saber à tarde do fracasso nas negociações. O movimento ganhou força com a adesão de oficiais da PM. Por volta da 0h, 15 oficiais foram à Assembleia integrar a greve.

Toda a área está cercada por mil integrantes das Forças Armadas desde anteontem e se mantém um cordão de isolamento que impede a passagem de outros 500 grevistas. Ontem, como gesto de "boa vontade", o Exército permitiu a entrada de alimentos para os amotinados e chegou a restabelecer a energia na Assembleia, mas só por duas horas.

Sem confrontos, outra novidade do dia foi a chegada de representantes da Associação Nacional de Praças (Anaspra), vindos do Maranhão, que cobram não só a anistia como a reintegração do líder do movimento, Márcio Prisco, à PM - da qual foi exonerado em 2002.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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