sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Negromonte cai, mas o PP fica nas Cidades

Nono a sair e sétimo ministro do governo Dilma a cair por suspeitas de irregularidades, Mário Negromonte deixou o Ministério das Cidades, mas seu PP continuará comandando a pasta. Assumirá o hoje líder do partido na Câmara, Aguinaldo Ribeiro, da Paraíba, que responde a ações no STF e indicou a cidade administrada por sua mãe para receber verbas.

‘Pirâmide’ rui e Negromonte cai; PP fica

Luiza Damé, Adriana Vasconcelos, Cristiane Jungblut e Gerson Camarotti

BRASILIA. Em 13 meses de governo, a presidente Dilma Rousseff trocou ontem o sétimo ministro de sua equipe envolvido em denúncias de irregularidades. Sem apoio de seu partido, o PP, Mario Negromonte formalizou seu pedido de demissão do Ministério das Cidades numa audiência de 15 minutos com Dilma. Em seguida, Dilma se reuniu com o presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), e convidou o líder do partido na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PB), para assumir o cargo.

Além dos desafios técnicos, sendo o principal destravar o programa Minha Casa, Minha Vida, o novo ministro enfrentava ontem resistência de parte de seus colegas de bancada.

- A recomendação é correr para vencer entraves. No Minha Casa, Minha Vida, precisamos dinamizar as relações com a Caixa Econômica para agilizar o programa - disse Ribeiro, ao sair do Palácio do Planalto.

Escolha de Ribeiro deixa bancada do PP dividida

No meio da tarde, antes da confirmação oficial da escolha do novo ministro, o deputado Nelson Meurer (PP-PR), que perdeu para Ribeiro a liderança do PP no auge da primeira crise enfrentada por Negromonte em agosto passado, não se conteve:

- Não foi uma boa saída. O Negromonte saindo desse jeito, chamuscado. Mas já confirmaram mesmo (o Ribeiro)? Vamos ver como ele vai se sair.

Como a bancada não estava unificada em torno do novo ministro, à noite, Dornelles convocou uma reunião com deputados e senadores do PP; parte da bancada da Câmara preferia o deputado Márcio Reinaldo (MG). Com a presença de Ribeiro, Dornelles disse que a decisão de nomeá-lo foi de Dilma, e que não foi dada ao partido a oportunidade para fazer outra indicação.

- O nome do Márcio unificaria a bancada, se pudéssemos ter indicado. Mas, de qualquer forma, nós sentimos prestigiados pela escolha da presidente afirmou o deputado Jerônimo Goergen (RS), que assumiu interinamente a liderança do PP.

Ribeiro disse que assumirá "um ministério bastante complexo". Disse que ainda não está pensando na composição da pasta, mas disse ter "muito boas referências" da secretária nacional de Habitação, Inês Magalhães, ligada ao PT.

- Aceitamos o convite da presidente, com muita honra. Sabemos que teremos um desafio grande para vencer as dificuldades na operacionalização do próprio ministério. Vamos aproveitar o fim de semana para nos inteirarmos de todas esses temas e apresentar o resultado efetivo dessas ações - afirmou.

Ribeiro disse que Dilma não cobrou explicações sobre a ação de improbidade administrativa de quando ele foi secretário de Agricultura da Paraíba:

- Esse assunto já está vencido, já está julgado pelo Tribunal de Contas da União e pelo Tribunal Regional Federal. É um assunto recorrente, mas os canais da Justiça já haviam se manifestado - disse.

A demissão de Negromonte e o convite a Ribeiro foram anunciados pelo Palácio do Planalto por volta de 16h, em nota. No comunicado, Dilma agradeceu a Negromonte pelos "serviços por ele prestados" e lhe deseja boa sorte em seus novos projetos.

Dos 37 ministros que assumiram o governo com Dilma, oito saíram antes de Negromonte: Antonio Palocci (Casa Civil), Carlos. Lupi (Trabalho), Alfredo Nascimento (Transportes), Pedro Novais (Turismo), Orlando Silva (Esporte), Wagner Rossi (Agricultura), Nelson Jobim (Defesa) e Fernando Haddad (Educação). Só os dois últimos não enfrentavam denúncias de irregularidades. Hoje são 38 ministros.

FONTE: O GLOBO

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